103 anos de Perdões – “Quantas Histórias, meu Deus!”

6 de março de 2016 11:59 2165

Foi assim que expressou Padre Fábio de Melo, ao ver a multidão que o cercava, quando proferia no dia 1º de maio de 2011, em Canção Nova, a palestra “Ser filho da Misericórdia de Deus”.
Ele falava das dificuldades que famílias e mais famílias encontram na vida, desde a infância, na adolescência, na fase dos estudos, no matrimônio e até na vida religiosa.
“Quantas Histórias, meu Deus!”
Imagino que ele ao dizer isso, frente àquela multidão, calculada em 30.000 (trinta mil) pessoas, quantas alegrias, ele viu, pesquisando o semblante de alguns, quanta tristeza e dor, manifestada no olhar de outros; quantas dificuldades, meu Deus.
Quanto de Amor a Deus é necessário para superar tudo e continuar vivendo. Cada um com sua História!
Devoção grande e verdadeira, traduzida na expressão “Jesus, eu confio em Vós”.
A Igreja atenta às mudanças que a sociedade e até mesmo entre pessoas realiza no mundo atual.
Cuidam mais de futilidades, deixando o essencial para depois. E qual é o essencial? Deus! Para mim, o único essencial é Deus.
Não precisa muita coisa, não!
Se elegermos um pobre, para ser nosso eleito e cuidarmos dele, no que ele necessita, talvez roupas, ou comida, talvez uma escola, remédios, mais e mais. Educação é muito importante quando vamos ser misericordiosos com uma criança ou adolescente.
Educação social, moral, religiosa.
Três (3) preceitos usados nas escolas antigamente, eu sou dessa escola. D. Lígia, D. Afonsina, D. Adelaide, D. Elvira, D. Chiquita, D. Lecy (Dr. Caetano) somos.
Preceitos esquecidos, pelos governantes e retirados do Currículo Escolar.
Graças a Deus, estamos vivendo o Ano Santo da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco, nosso Amado Francisco.
Perdões não percebeu e nem nós percebemos que vivemos a Misericórdia, há muitos anos.
Santa Casa da Misericórdia (até no nome). Asilo, Latemp, Apae, Creches.
Imaginemos Perdões sem essas entidades de caridade.
Imaginemos, não! Imaginem vocês porque eu presenciei muitas cenas tristes, antes desses benditos melhoramentos.
Santa Casa é de minha idade e já falei dela algumas vezes.O Asilo foi uma bênção vinda do céu, pelas mãos de Chico Norberto e companheiros, que como ele, era os beneméritos de Perdões.
Quem estava na idade de trabalhar, trabalhava. Quando os anos e a doença pesavam, sem aposentadorias (não usava) homens e mulheres, saiam de porta em porta, implorando a caridade humana.
Não vou falar, de como, outras famílias, praticavam essa caridade, porque não sei.
Vou falar de nossa, praticada aqui em casa. Sexta feira, quando o Zé, meu marido voltava à tarde, já trazia de lá, da roça, o material a ser doado.
No sábado – todos os sábado – pela manhã, organizava tudo. Colocava um banco grande, atrás da porta da sala e colocava em cima, os sacos com fubá, feijão, café limpo, toucinho retalhado em quilos.
Dali, eu ou meus filhos, retirávamos e colocávamos em saquinhos que eles já traziam separados para receber a oferta.
Alguns era tão idosos ou doentes que pediam as crianças para pegar para eles em casa da Dona Chiquita, Dona Iris, Dona Iolanda, o que as crianças faziam com prazer. Subir o barranco era sacrifício grande, para eles, os idosos.
Muitos eram tão doentes que, o recurso era levar em casa, o que precisavam.
Era difícil, muito difícil mesmo, a vida dessas pessoas. Mesmo assim, aceitavam a vontade de Deus, com ternura, amor e agradecidos.
Muitas vezes uma única palavra é um ato de misericórdia, um consolo.
Receber um abraço, um beijo, um aperto de mão, ou apenas um sorriso é remédio para a alma.
Vamos usar de misericórdia nesta Quaresma; vamos usar de Misericórdia, neste Ano Santo; melhor ainda, vamos usar de Misericórdia pelo restos de nossas vidas, porque será um pouco do caminho que nos levará ao céu, para junto da família de José (Jesus e Maria) e poder dizer: como é bom ”ser filho da misericórdia de Deus.”
Jesus – eu confio em vós.
Amém! Amém! Amém!


por Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)

 

Compartilhe este artigo