Como evitar outro 7 a 1 durante as Olimpíadas

14 de junho de 2016 12:17 2015

País ainda tem tempo de se preparar para evitar grandes crises

Esquemas de segurança rígidos e cuidadosamente elaborados; simulados antiterrorismo nas cidades-sede e diversos estudos para garantir que nada dê errado durante os Jogos Olímpicos têm sido propostos por diversos setores no Brasil. A expectativa é de que 85 mil agentes ajam contra o terrorismo e garantam a tranquilidade dos atletas e dos cerca de 600 mil turistas (número estimado pelo comitê organizador) que estarão no Rio de Janeiro para o evento. Mas, para evitar outro 7×1 nessas Olimpíadas, é preciso prever também como atuar, caso, ainda assim, algo saia diferente do planejado.
“Um aspecto a ser considerado é o nível de hemocomponentes em estoque nos bancos de sangue brasileiros. Caso várias pessoas necessitem de transfusão, não haverá sangue suficiente para todos”, alerta o cardiologista Antônio Alceu dos Santos, criador do Bloodless, projeto que discute alternativas às transfusões de sangue. Ele ressalta a importância de disseminar técnicas que possam ser mais eficazes para tratar pacientes, sem precisar de transfusões.
O médico ainda conta que existem aparelhos que recuperam, filtram e devolvem o sangue do próprio paciente durante uma cirurgia, ou seja, uma verdadeira reciclagem do sangue. “Essa estratégia de autotransfusão conserva o DNA da pessoa e evita com que o corpo considere o sangue alógeno (doado), como corpo estranho”, conta o médico.
O site Bloodless, desenvolvido por uma equipe de médicos de Minas Gerais e São Paulo, reúne material científico completo com estudos e evidências sobre alternativas e opções as transfusões de sangue, que além de resolver o problema da escassez de sangue nos hemocentros, é também mais saudável para os pacientes.
“Um artigo publicado recentemente pelo Dr Gavin J. Murphy na revista Circulation (American Heart Association), por exemplo, mostra que pacientes que receberam transfusões de sangue demoravam mais tempo para ter alta dos hospitais; tiveram índices mais altos de mortalidade e estavam mais suscetíveis a infecções e doenças pós-operatórias isquêmicas. Também temos observado isso nos hospitais aqui no Brasil”, ressalta Santos.
E os ganhos ainda se refletem nos custos das transfusões, que têm valores elevados durante uma internação. O Hospital Stanford, da Califórnia/EUA, por exemplo, ao reduzir em 24% o número de transfusões realizadas e conseguiu economizar, cerca de U$1,6 milhão por ano. Além disso, eles perceberam que a quantidade de dias de internação dos pacientes caiu de 10,1 dias para 6,2, assim como a taxa de mortalidade, que teve uma queda de 5,5% para 3,3%.
Conheça algumas alternativas à transfusão que podem ser adotadas, segundo o cardiologista Antônio Alceu dos Santos:
1) Equipamentos que evitam a transfusão: como citado acima, trata-se de máquinas capazes de reaproveitar o sangue do próprio paciente, evitando perdas desnecessárias. Elas trazem o benefício de devolver sangue com o próprio DNA do paciente, evitando assim reações imunológicas e inflamatórias, por não ser considerado um corpo estranho (homotoxina).
2) Evitar coletas excessivas de sangue: quando o paciente está internado, costuma-se retirar sangue diversas vezes ao dia, às vezes, só para seguir um protocolo. Esse hábito poderá acabar resultando numa anemia, que, posteriormente, fará com que o paciente precise repor o sangue perdido através de uma transfusão. Da mesma forma, outra alternativa simples, e que ajuda a evitar a perda de sangue, é utilizar tubos pediátricos (que são menores) para as coletas durante os exames laboratoriais. Isso também vai ajudar a evitar uma perda desnecessária do material;
3) Medicamentos de uso endovenoso e tópicos para parar sangramento: existem medicamentos disponíveis nas duas versões, que auxiliam no combate a uma possível hemorragia, que poderia demandar uma transfusão;
4) Casos de anemia: estudos comprovam que as pessoas têm resistência à anemia, mas, infelizmente, alguns médicos ainda não têm esse conhecimento. Nesses casos, a transfusão pode ser evitada. Na África Subsaariana pessoas brincam ou trabalham com níveis extremamente baixos de anemia (5,0 g/dl de hemoglobina – normal acima de 12 g/dl). Uma boa notícia é que já existem diversos medicamentos para tratar esta disfunção, sem recorrer ao tratamento padrão com hemotransfusão. Outro fator que pode aumentar a tolerância à anemia é a ventilação mecânica com 100% de oxigênio, o que assegura a oxigenação dos tecidos, mesmo em casos de anemia mais graves;
5) Outras técnicas cirúrgicas: como a hemostasia meticulosa e a anestesia hipotensiva, que permitem que o paciente fique com a pressão um pouco mais baixa, que vai resultar em uma menor perda de sangue, já que a pressão do vazamento de sangue para fora do corpo, durante uma hemorragia, será mais baixa;

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