Dominó Futebol Clube: confiança, amizade e amor ao esporte

2 de maio de 2016 18:44 2627

O Jornal VOZ está publicando entrevistas com os representantes das equipes de futebol que estão participando do 9º Campeonato de Futebol Amador de Perdões. É uma iniciativa do VOZ e nessa edição conversamos com representes do Dominó Futebol Clube.
A entrevista foi realizada na casa do Sr. Sidnei Modesto, mais conhecido como Samu e após a entrevista reportagem e entrevistados dirigiram-se para o Bar do Dedei para fotografar mais troféus.
Cinco representantes do Dominó participaram dessa entrevista: José Tarlei Arriel é um dos fundadores do Dominó (1988) e atualmente é Conselheiro do time; Sidnei Modesto/Samu já foi jogador e hoje é diretor geral (está no Dominó desde o ano de 2000); Deyvid José Fidelis, mais conhecido como Dedei, presidente; Everton Sebastião de Souza, vice-presidente e Fernando Carvalho que atua na Tesouraria, marketing e organização de torcida.
A entrevista mostrou o respeito que há entre todos e como eles mesmo nos confirmaram, pode até ter muitas discussões, mas o que prevalece é a amizade entre todos e o amor ao time, o amor ao esporte.
José Tarlei relembra com alegria o tempo que já passou, mas faz questão de destacar o trabalho e compromisso dos jovens que estão hoje à frente da equipe.


 

Jornal VOZ: Por que o nome Dominó? Quem deu esse nome?
Tarlei: Foi um primo do Samu, que se chamava Adalton. Quando formamos o time, chamava Grêmio Recreativo Placedinos.
Aí quando surgiu o conjunto musical Dominó – e como o nosso time era muito jovem, muito bom o time, todo mundo falando ‘Dominó, Dominó’ aí pegou. Assim trocamos o nome – no próximo Campeonato da cidade já entramos com esse nome.
Jornal VOZ: Sr. Samu, entrou no Dominó em 2000. De lá para cá o que vem observando na equipe?
Samu: O Dominó teve um crescimento bom, teve um período em que ‘caiu’, mas depois teve um crescimento bom e vem mantendo esse crescimento.
Dedei: Estou há um bom tempo no Dominó, mas na presidência desde 2008 e estamos firmes com a turma.
Everton: Nós trabalhamos em conjunto. Num período ele (Dedei) é o presidente e eu o vice-presidente e vice-versa – mas não fazemos diferença nisso.
Dedei: A gente trabalha junto, não importa o cargo.
Everton: Estou atuando um pouco há mais tempo porque eu era jogador. Em 2006 e 2007 eu era goleiro. Em 2007 comecei a ajudar a fazer o time, chamar os jogadores, o técnico era o Eli/Roxo e por estar ajudando-os, no ano seguinte, eles nos pediram para assumir a diretoria e estamos na luta.
Jornal VOZ: Fernando, você atua na Tesouraria e também junto à torcida?
Fernando: Sim. Levando torcida, fazendo camisas, sempre incentivando, chamando o pessoal para ir para o campo, porque a torcida é muito importante.
Everton: É o chefe de torcida…
Jornal VOZ: Como é essa questão financeira, vocês têm patrocinador?
Fernando: A gente luta atrás de patrocínios, tem a ajuda de alguns vereadores, tem ajuda do IP Alimentos, o Sr. Agnaldo, que ajuda a gente na montagem do time, incentiva, colabora para trazer jogadores.
Jornal VOZ: Vocês que estão desde 2008 como está a questão de títulos em Campeonatos?
Dedei: Em 2014 chegamos à final e perdemos para o Palestina e em 2015 fomos os campeões no Campeonato de Perdões.. Em 2014 ganhamos também no Campeonato Regional de Cana Verde.
Jornal VOZ: Vocês fundaram o Dominó e durante o tempo de suas atuações quais foram as maiores dificuldades que encontraram?
Tarlei: A questão financeira. Era muito difícil. Nós não tínhamos renda para manter os jogadores.
Era caminhão para ir jogador bola nas roças. A gente já rodou muito de caminhão. Tenho saudade.
Jornal voz: Uma situação, um fato marcante.
Tarlei: Lembro de um jogo no cidade de Nepomuceno, chegamos lá bem cedo e eles estavam ‘desfazendo’ do nosso time que era muito jovem e aí nos ganhamos o jogo. Isso em 1988.
Samu: Marcante para mim, foi onde o Tarlei acabou de falar, em Belato, pegamos o Operário, time muito bom, ai eu marquei o gol, foi muito emocionante, e depois o último pênalti, o Tarlei me escolheu para bater e fiz mais um.
Tarlei: Quero destacar aqui o Elias/Roxo, ele era presidente o time quando fomos vice campeão na Liga de Lavras.
Foi ele que viu a possibilidade do nosso time disputar na Liga de Lavras e nos convidou, nos incentivou.
Assim eu e o Nil aceitamos a ideia na hora. Aí corremos atrás de apoio e na época o Chico Rato nos apoiou e trouxemos esse troféu.
Jornal VOZ: Como presidente ao lado da sua diretoria, vocês fazem reuniões, discutem e isso influencia no aproveitamento da equipe?
Dedei: Sim. Muito. A gente sempre se reúne uma semana antes do nosso jogo, discutimos, brigamos, batemos o pé.
Everton: Discutimos as opções do técnico, trabalhamos o grupo inteiro; os técnicos são o Paulinho professor e o Agnaldo do IP Alimentos, mas fazem parte da diretoria e ajudam no geral.
Jornal VOZ: E como está a documentação do time?
Everton: Está tudo organizado com registro Algumas reuniões temos que fazer a Ata.
Jornal VOZ: Vocês participam de campeonatos fora de Perdões?
Everton: Participamos. No ano passado não participamos, mas o último que disputamos, nós ganhamos – o regional de Cana Verde, organizado pelo Amarildo, aliás uma bela organização.
Jornal VOZ: Como vocês analisam o apoio no esporte de uma maneira geral e também local?
Tarlei: Já esteve melhor. Hoje deixa a desejar.
Samu: Ah, é muito difícil, você tem que insistir demais, ‘prometem’ e não vem.
Dedei: No ano passado teve o apoio da Prefeitura que ajudou todos com o valor da inscrição, esse ano não teve apoio da Prefeitura, tivemos que correr atrás de patrocínio.
É preciso esse incentivo porque hoje diante de tanta violência, tentamos manter o foco do jogador, trazer as crianças, a torcida. É importante os meninos estar ali junto e esquecer dessas coisas.
Everton: A minha opinião é que hoje somos totalmente dependentes do Independente porque a cidade não tem um campo municipal. Diante disso o Independente não faz um time. Antes o Independente já foi rival do Dominó, hoje o Independente é rival do Olé Society. O Independente não tem time. É um clube que faz campeonatos.
Onde o Tarlei era técnico do Dominó e chegou em uma final na Liga de Lavras contra o Independente .Foi uma das histórias aqui em Perdões, onde houve a maior lotação do campo – duas torcidas apaixonadas. Isso foi em 1992.
Tarlei: Primeiro jogo 1×1 para o Independente, nós abrimos o placar de 1×0, eles empataram. Aí no jogo final, inclusive foi um dia que pegou fogo naqueles bambus atrás do Independente, entrou um “fumação” dentro do campo – nós perdemos de 3×0.
Três gols do Nadinho… ô tristeza!!
Jornal VOZ: Fernando, por que chefe de torcida?
Fernando: Acabei de ganhar esse apelido agora, nem eu sabia, mas é porque a gente fica mais fazendo camisas, o marketing das camisas, vendendo-as para ver se a gente consegue uma renda para manter o time.
E tem gasto – pagar para levar as camisas, comprá-las.
Jornal VOZ: O time é formado por jogadores de Perdões ou tem de outras cidades?
Everton: Hoje é o seguinte – como já mudou muita coisa na evolução do time, há preconceito por ter jogador de fora, mas isso é normal. Hoje tem transporte com fácil acesso de uma cidade a outra. Assim temos um vínculo de amizade que se estende ao sul de Minas, ao Centro-Oeste.
Esse ano reunimos jogadores de oito cidades: Perdões, Lagoa da Prata, Arcos, Pains, Formiga, Campo Belo, Lavras e Campo do Meio.
Fernando: Mas a base é sempre a mesma.
Everton: Nós trabalhamos assim: tentamos trazer os melhores de Perdões, e tenta se possível fazer o time 100% da cidade, aí os jogadores que não tiveram rendendo, eles mesmo entendem, a gente vai e completa, mas é sempre num vínculo de amizade. A gente busca o que precisa.
Dedei: Hoje, iniciamos no campeonato com 2 jogadores de fora, e os outros de Perdões.
Com o andamento de Campeonato, a gente foi trocando alguns jogadores.
Hoje está praticamente meio a meio.
São 6 de outras cidades e 5 de Perdões que são titulares. Tem mais de Perdões, a maioria é da nossa cidade.
Tarlei: Hoje eles também não tem a facilidade que tínhamos com a meninada.
Nós treinávamos às terças e quintas.
Todos obedeciam, taticamente, tudo o que pedíamos eles faziam.
Everton: Atualmente o que acontece muito com a meninada é muito mais difícil como falou Tarlei porque a internet acabou com o esporte. O menino prefere ficar mexendo no computador ou no celular do que pegar um campinho e sair jogando.
Na minha época qualquer lote vazio era para jogar. Tinha um “golzinho” só de um lado, mas tinha uma “peladinha” toda tarde. Era movimentado.
Com a internet, as crianças tem outro entretenimento e por isso o Brasil já não é o país do futebol.
E a tendência é piorar se não tiver o incentivo que começa dentro de casa e sai para fora.
Jornal VOZ: Vocês tem algum projeto para o Dominó?
Everton: Já conversamos com o Nil para fazermos uma base, conseguir alguns apoios, temos conversado, não está ainda no papel.
Uma base para entrar em Campeonatos juvenis, marcando jogo todo domingo. Esses jogadores para serem depois no time adulto.
Jornal VOZ: O que vocês gostariam de ressaltar em relação ao esporte, especificamente o futebol?
Samu: Antigamente era mais fácil ‘mexer’ com jogador. Se ia sair a 1 hora da tarde, ele chegava ao meio dia. Hoje, você tem que ter um carro bom, tapete vermelho para buscar o jogador em casa, chamar o jogador umas dez vezes para ele sair e depois perguntar à esposa dele, se ele vai (falando isso de um modo geral, ressaltando que há exceções). Futebol tem dessas coisas.
Dedei: A gente jogou no juvenil do Dominó quando era mais novo, na época nossa, a gente ficava doido para chegar o domingo para ir às roças, ia no Machado jogar.
Everton: A gente não disputava campeonato. Era uma tradição todo domingo, o time Dominó marcava jogo, onde o Tarlei e o Nil eram técnicos – os dois fundadores nunca se desligaram do time.
Dedei: Tem jogador que hoje está no time e jogava com a gente, quando era mais novo.
Antigamente era o “primeirinho” e “segundinho” – hoje já não tem isso. Agora é um time só.
Jornal VOZ: E para concluir:
Fernando: Queremos agradecer o apoio da torcida que está sempre incentivando, vindo ao campo. Sabemos que para muitos o valor é caro. Tem que cobrar porque têm gastos, mas poderia ser um valor mais acessível.
A torcida é o combustível do time.
Samu: Eu acho que mudou muito o futebol de hoje em relação ao de antigamente.
Dominó era um clima, hoje é outro clima. A torcida sempre foi animada e deu apoio. Hoje tem mais crítica, antes não tinha assim. A gente tem que superar isso, mas praticamente está beleza pura.
Everton: Você perguntou sobre coisas marcantes no Dominó, tem muitas, para mim, foi a final de Cana Verde, até recente (2014), a gente estava comandando o jogo. Aí no começo do jogo, um zagueiro nosso foi expulso e fez o pênalti, onde eles reverteram o pênalti, ficou 1×0 para o time deles.
Foi o jogo inteiro com um jogador a menos, virou a partida, ganhamos de 2×1 e sagramos campeão do Campeonato.
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Podemos concluir que a torcida do Dominó tem uma paixão, uma amizade pelo time que se expressam nas palavras de Dedei, Everton, Fernando, Tarlei e Samu.

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