‘‘Nossas perdas’’

5 de novembro de 2018 14:03 1060

Amigos do Jornal Voz: Saudações! Fico feliz pela boa acolhida do texto sobre “Elaborando o luto”. Espero na simplicidade trazer horizontes e apontar caminhos para a vivência desse processo. Processo esse que se faz presença em nossa vida.Certamente, a perda de uma pessoa que amamos é uma das maiores dores, no entanto, a perda faz parte da caminhada de todos nós. Logo que nascemos, perdemos o calor do útero da mãe, perdemos nossa infância e juventude com o passar dos anos, perdemos quando somos reprovados em uma prova, perdemos quando somos demitidos de um emprego, perdemos também quando somos deixados em um relacionamento que acreditávamos ser o melhor. Então, a perda é real! Cada um, de acordo com sua história, lida de modo diferente com as suas perdas. Com elas formamos nossos lutos, onde voltamos as energias para nós, buscando nos reconfortar e descobrir outras motivações, curando a ferida deixada.A perda grita e precisa ser atendida, o processo do luto passa por algumas etapas, não necessariamente por todas: A primeira é a negação: Isto não pode estar acontecendo comigo! Isso é mentira! A negação confronta o primeiro impacto de uma realidade difícil de ser aceita e compreendida. Normalmente as perdas escapam de nossas mãos e em muitas vezes são imprevisíveis. A segunda etapa é o sentimento de raiva: Por que isto aconteceu justo comigo?! É momento de revolta, questionamento, a pessoa enlutada se sente traída e o sentimento de tristeza se mistura com raiva. É momento de acolher a etapa que a pessoa vive, ouvir com carinho, sem tanto julgamento. Expressar essa raiva e acolhê-la faz parte do processo. Outra etapa é a depressão: A pessoa se recolhe, se sente impotente perante a situação, pensa que não vai conseguir sobreviver a triste realidade.
A última etapa é a aceitação: Nesta etapa brota um sentimento nobre que chamo de serenidade. Termina o desespero e enfrenta a realidade como ela é, conseguindo levantar a cabeça, elaborando o acontecimento com maturidade e fé. Não há uma receita que nos ajude a lidar com as perdas, é momento único e pessoal, imprevisível com nossa humanidade. A sabedoria está em resignificar, saber olhar para frente, como disse na edição passada, acolher ajuda dos familiares e amigos diante de todas as perdas.
Com o tempo, poderemos aprender a sermos compreensivos, elaborando melhor todas nossas perdas, confiando em Deus e entregando a pessoa ou o projeto que amávamos.


Por Pe.Rogério Victor Azevedo (psicanalista)

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