10 anos sem Abadia – mãe e fotógrafa

15 de maio de 2017 10:31 4997

Nesta edição tão especial do dias das Mães, tenho o enorme prazer em contar um pouco da história da minha Mãe, que tanto colaborou, registrando a vida de muitos perdoenses, desde 2nascimentos, batizados, formaturas de escolas e colégio a casamentos e várias datas comemorativas e festividades em famílias de nossa querida Perdões.
Pra quem não conheceu a Abadia não é muito difícil explicar quem ela era, e pra quem conheceu e conviveu com ela, pode-se dizer que era uma pessoa à frente de seu tempo.
Desde pequena já conviveu com a dura realidade da vida, sendo criada sem a presença do pai, algo difícil para a época.
Aos 9 anos já trabalhava amassando ervas medicinais para um dos mais famosos curandeiros de Perdões, senhor Otávio. Em sua adolescência trabalhou muitas vezes na lida da roça, e após a morte precoce de sua mãe, ela assumiu a responsabilidade em criar a irmã mais nova e sua avó materna.
Foi umas das primeiras mulheres a possuir habilitação para dirigir automóvel na cidade, exercendo a função de taxista por um determinado tempo.
Porém, após comprar uma máquina fotográfica, sua vida tomou um novo rumo, e então inicia-se a profissão de fotógrafa.
Seu primeiro trabalho, em meados dos anos 60, segundo relatos que ela mesma contava, foi na ponte da Rodovia Fernão Dias, BR-381. Lá os caminhoneiros paravam para serem fotografados, e voltavam uma semana depois para pegar a foto já revelada.
Algum tempo depois, ela montou o Foto Nossa Senhora Aparecida, nome pela devoção à padroeira do Brasil, aonde trabalhou durante 40 anos, registrando também as festas da cidade, carnavais, os antigos festivais de música, e tantos outros eventos.
Quem não se lembra da espera pelas fotos de carnaval tiradas na noite anterior? Das fotos fintadas (eram as fotos que as pessoas pediam para ela tirar e depois não buscavam)?
Com os chinelos havaianas, que não saiam dos pés, e com a pernalidade forte, Abadia foi conhecida não só como fotógrafa, mas também por sua inteligência e facilidade nos negócios; teve a loja de disco de vinil, a máquina de sorvete, as primeiras plotagens em carros, além do comércio de troca onde de destacava pelo ‘slogan’: “Compro o que você quer vender, e vendo o que você quer comprar”.
Não poderia deixar de citar o “Porto da Carmélia”, no qual começou a ser povoado mediante a venda de terrenos que ela possuía, daí então, aquele local foi carinhosamente apelidado de “Porto da Badia”.
E foi na véspera dos dia das mães, que ela fez sua passagem, dia 12-05-2007. Um exemplo de mãe que sempre demonstrou garra, sabedoria e acima de tudo humildade. Sempre será lembrada com muito carinho e amor, até que, por uma obra de Deus, iremos nos encontrar novamente.
No último dia 28 de março, Deus me permitiu ser pai, nasceu sua neta, Letícia Maria, dessa forma pude compreender o que é o amor de filho para com seus pais. E todos os valores, passados dela pra mim, serão passados para sua neta, não deixando morrer essa inspiração de vida e superação.
Saudades eternas!
Jesus Kimaid

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