Volta ao Passado
D.Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)
De escrever algumas semanas, falando, apenas, de nossos dias, do presente, vou dar uma voltinha ao passado de Perdões.
Abri uma apostila onde falo de Perdões, sem escolher páginas e fotos.
Involuntariamente, caiu na década de trinta. Nessa década, será que tivemos muitas novidades em Perdões? Vamos ver.
Três foram os prefeitos que comandaram Perdões. Dr. Antônio Pereira dos Santos(1930 a 1936), mais conhecido como Sr. Pereira da Farmácia, residia e possuía a Farmácia Pereira, nesse mesmo prédio, ao lado da Igreja Matriz. Casa enorme reformada a pouco… Na esquina da Praça da Matriz, com a rua Maximiliano Modesto Pereira. Pertence a Sandra Alvarenga Carvalho. Político habilidoso, puxou pelo pai, Cristino Pereira dos Santos, que sabia conquistar eleitores.
Os correligionários do Sr. Pereira se reuniam, à tarde, na Farmácia, assentados em tamboretes de couro, para ouvir do Sr. Pereira as notícias de Belo Horizonte, Minas e Brasil, com 2 dias de atraso.
O Jornal, só chegava de BH pelo trem de ferro, da Rede Mineira de Viação. Motivo da demora.
Era casado com D. Suzana e tiveram uma filha, Marília.
O outro prefeito da década, foi o Dr. José Filgueiras Sobrinho, conhecido como Sr. Filgueiras.
Engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (ESAL) hoje UFLA.
Nasceu em Pará de Minas e por estudar em Lavras, pertinho de Perdões, namorou uma bela e simpática jovem perdoense e com ela se casou. Lilian Teixeira.
D. Lilian por parte dos pais, era tia de Nialva e Maria Cristina.
Trabalhador, Sr. Filgueiras, “ajudava” em todas as assistências sociais.
Santa Casa, na construção da Vila Vicentina, Latemp, fundou a Campanha do Agasalho e muito mais.
Inaugurou a estrada Perdões – Bom Sucesso. Pela sua inteligência e o desejo de elevar Perdões, fundou escolas e jornais.
Como prefeito de Perdões seu mandato foi pequeno (janeiro a agosto de 1936), porém grande na capacidade de produzir bons frutos.
Mais um jovem tomou a direção da comunidade de Perdões, de 1936 a 1946. Dr. Samuel Alvarenga, tia de Mauri da D. Lena, foi um prefeito diferente.
Em vez de sério, era brincalhão. Tudo que fazia, se saísse bom ou não, ele mesmo comentava.
Seus discursos eram talentosos e maravilhosos. Cheios de surpresas.
Na tribuna, parecia um professor. Enquanto houvesse um pio ele não começava sua aula. Discurso.
Tempo de economia. Não fez grandes melhoramentos, porque o dinheiro da Prefeitura era escasso.
Mas… as ruas eram sempre limpas, o Jardim da Praça da Matriz era motivo de elogios de visitantes.
Com o cipreste existente o jardineiro moldava qualquer animal. Era um luxo, um show de originalidade.
A praça do Rosário era um pastinho, ele a transformou em um belo jardim.
Vou contar uma história entre ele, meus professores e eu.
-Muito brincalhão. Quando em 1938, me diplomei, 2 professores meus, de passagem de Belo Horizonte para Três Corações, pararam aqui para me visitar (que chique) e eu os levei para conhecer o Padre (Pedro), o farmacêutico (Pedro Capitalucci), o médico (Dr. Carlos) e o prefeito (Dr. Samuel).
Quando os professores Dr. José Spartaco Pompeu e Dr. Antonio Oliveira, disseram que já estavam de partida, Dr. Samuel disse que demorasse mais para conhecer mais os perdoenses.
Um dos professores disse que pela Alba, eles já conheciam e admiravam os perdoenses.
Dr. Samuel responde – Ah! Ah! Um “retainho deste tamaizinho não dá nem pra amostra!”
Aí ele dobrou o dedo indicador por cima do polegar, para mostrar o meu tamanho.
Vamos a outros acontecimentos de 1930.
O Cacique Clube fundado em 1937 quase, que, pela insistência e teimosia das jovens que haviam diplomado para professoras, no ano anterior, Marina, Conceição Bezamat, Ana Rezende, Marta Vilela e outras amigas, Silvia, Conceição do Maximiliano, Natália e outras jovens daquele tempo.
E do Cacique, então? Muitas saudades! Quantas lembranças!
O Colégio Dom Bosco, campeão em excelência de ensino. Na arte de instruir era ímpar.
Os jovens que concluíam o seu currículo e partiam para outras escolas comentavam solenemente que não precisavam estudar porque haviam aprendido tudo no Bom Bosco de Perdões.
Demos graças aos que lá trabalharam: Padre Pedro, D. Elvira, D. Marina, D. Ana Rezende, D. Mariquita, D. Geninha, D. Maria Carmém, D. Jandira, D. Conceição Bezamat e eu.
Getúlio Vargas passa de trem (que diferença dos políticos de agora) e a população de Perdões, vai a estação para aplaudí-lo.
D. Geninha, em 1935, diploma e funda a escola “Imaculada Conceição”.
O futebol é animadíssimo. 3 grandes Clubes, disputam a primazia do futebol em Perdões. Independente, Silveira ( por motivo muito especial eu torcia pelo Silveira) e Vila Nova jogadores bons, não faltava: Totonho do Zé Teófilo, Willians Lasmar, Eurico (Teinha), Roberto Alvarenga, Brás, Murilo Leandro, Zé Ciríaco, Tonico Alvarenga, Nelson Pereira, Messias, Tó, Renato, Vavate, Trajano, Rui, Haroldo Alvarenga, Júlio Alvarenga, Nilson.
E o cinema, então? Ótimos filmes eram mostrados, domingo, depois da missa, artistas famosos como Ede Lasmar, com seu sarongue, sua voz encantadora e flores nos cabelos, Ida Lupino, Claudete Cobert, Clark Gable, Gary Cooper, Charles Boyer; quinta-feira, depois do terço na Matriz, era o filme em série. Ninguém podia perder.
O Zorro, que delícia, com sua máscara preta.
Era costume a “fita” rebentar e a luz apagar. Isso era motivo de alegria, porque havia mais tempo para um namorozinho.
Na parte religiosa só tivemos um padre, nos anos trinta. O Padre Pedro que chegou aqui em 1923 e partiu para a eternidade em 1954, deixando Perdões, desolada.
Trabalhador como Padre não faltava aos seus deveres. Missa, confissões, homilias bem ao alcance dos menos preparados.
Nesse ponto Padre Jorge é “tal e qual” Padre Pedro. Reformava capelas rurais e dava atenção aos paroquianos.
Cuidava de instrução religiosa da adolescência e juventude. Fundou 2 escolas: São José e Dom Bosco.
Com a ajuda de toda comunidade, construiu o maravilhoso prédio Paroquial.
Se me lembrar de mais alguma novidade da década que estamos falando, colocarei no próximo VOZ.
Que Deus, na Pessoa do Senhor Bom Jesus dos Perdões, nos ajude a passar esse carnaval, em Paz. Lembrar ainda.
O dia de São Brás, foi muito bem comemorado por nós, católicos 2 missas foram celebradas, com bênçãos das gargantas, para nos livrar dos males, vindas dela.
Se Deus quiser, tudo sairá bem…
Porque… A Fé está no Ar.
Amém! Amém! Amém!