103 anos de Perdões

21 de fevereiro de 2016 13:25 2211

Com ou sem alalaô

Nunca me cansei tanto como neste carnaval. Sai fora dos meus limites. Do meu dia-a-dia, que é levantar, preparar-me, assentar-me em frente à televisão e permanecer ali até 10h30min, quando
termina a última oração que é a novena de Aparecida.
Neste carnaval foi assim – Toia me chama: ”Mamãe, pica esta cebola, bem fininha, pra mim, enquanto preparo o feijão tropeiro.”(o tropeiro da Toia saiu tão gostoso como aquele do Padre Jorge que ele proclamava todos os dias da novena da festa da Senhora das Graças). ”Nós vamos lá para a Bionda. O Lela tá assando o churrasco e já são 12h30.”
12h30 é uma bela hora para almoçar, não é Padre Adenir?
Preparamos tudo. Pegamos o carro e fomos. Subimos mais de vinte degraus. Ai! Meu Deus, meu coração dispara quando subo tantos degraus de escada.
Chegamos na cozinha da casa. De bom tamanho. 20m². Cheia de mini-vasinhos de suculentas. Cada qual mais lindo!
Mulherzinhas namoradeiras, dançando, carregando água, uma infinidade de miniaturas, enfeitando a cozinha: sol, lua, etc, com certeza enfeitinhos comprados em São Thomé das Letras, quando ela, Bionda, esteve lá.
Não foi aí que ficamos. Outros degraus de escada. 11 para chegar numa bruta de cozinha – 80m² – essa cozinha é o contraste da casa. Casa moderna como se usa agora. Assoalho reluzente, diz que chama porcelanizado, é mais ou menos isso.
Cozinha com fogão de lenha, forninho conjugado ao fogão, fica atrás das trempes. A churrasqueira fica ao lado do fogão. O carvão e a lenha, são guardados de baixo da mesa onde se prepara a carne, o feijão, descasca batata e outros alimentos.
O fogão é no meio da cozinha. Do outro lado é a pia (água), onde a Bionda lava tudo que alguém usou, imediatamente.
Se todo mundo gostasse de limpeza e lavar, como a Bionda, não haveria Dengue, Zica, ‘Chico’, Totó, Lili e outros nomes que inventam para doenças.
Falar a verdade – é o lugar que mais gosto na casa de Lela e Bionda.
Me faz lembrar meu tempo de criança. Nas manhãs frias eu ficava no ”pé do fogão”, comendo pipocas arrebentadas ali mesmo, naquele momento, quentinhas e crocantes, em uma panela grande, redonda, de três pés preta.
Ou então, bolinhos de fubá ou farinha de trigo, também fritos na hora, em uma frigideira espaçosa, que fritava 15 bolinhos de cada vez.
”Ah! Que saudades que tenho,
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais”
(…)
Quem me ”bajulava” mais, era a Gena, minha prima, e mãe da Eustáquia.
Fui procurar ”bajulava”, no dicionário. Não existe. Existe sim! Existe dentro de mim. Existe, aqui dentro do meu peito, encostadinho no meu coração, na minha saudade, no meu sentir.
Lá em casa as pessoas diziam assim: a Figena ”bajula” muito a Iaiá, por isso que ela é manhosa assim! Será que alguém me ”bajula”? (Espero uma resposta).
Uai! E o carnaval, pra onde foi?
Por que fiquei cansada?
É que aqui em casa, nos dias de carnaval eu fico no alpendre apreciando o vai e vem das pessoas.
Quem mora pra cima, desce.
Quem mora em baixo, sobe.
É gostoso observar isso. Alegria, sorrisos, não faltam.
Alalaô, mais que calor. Se houve carnaval, isto é, brincadeiras de carnaval, era o canto mais apropriado. Que calor…
Não saia do alpendre nem para ver as escolas de samba do Rio e São Paulo, pela TV.
Gosto mais de ver gente conhecida, me convidando para brincar.
Este ano não assisti nada disso, porque as autoridades locais acharam conveniente e eu dou meu aplauso, não haver, para resguardar as pessoas.
Eu, se fosse carnavalesca e houvesse carnaval, me absteria pensando nas famílias, nas mães principalmente, que nesses últimos 4 meses perderam seus filhos e sofrem por isso.
Abracei na igreja, na missa de 7ª dia de um deles, a uma mãe. E não consigo esquecer o sofrimento estampado nos olhos dela. Até hoje, sofro com ela e com todas as outras mães.
Quanto a falta de dinheiro para o carnaval, estou com Sérgio Maia, perdoense, morador em Brasília. Ele escreveu no facebook, assim: ”quando eu morava em Perdões, ainda jovem, fazia parte da Escola de samba do Carlão da D.Lucinda, cada um comprava a sua fantasia e ponto final.”
Me cansei mais, por subir tanta escada. Descer todo Santo ajuda.
O carnaval passou e graças a Deus, nada de mal aconteceu.
Estou escrevendo na 2ªfeira, 15.
Na 4ª feira, 17, a Senhora da Piedade, Padroeira do Estado de Minas Gerais, virá visitar nossas paróquias. Que graça Deus nos dá!
Prometi. Não posso esquecer. Fui 3 vezes à Missa no Retiro dos Pimentas, com Padre Jorge, Dilson e Ana Nery.
A igreja está sempre lotada. Já falei do professor Aurélio, do José Messias, da Tuca. Da 2ª vez conheci a Cida, que sabe tudo. Na igreja, organiza tudo a tempo e a hora. Só falta adivinhar o que o padre quer.
O Sr.Dozinho quis saber do Bosco, porque foi professor dos filhos dele.
D.Vanderlina é uma graça. É uma senhora do meu tamanho, só que mais gorda um pouquinho.
Muito bem vestida. Saia longa. Só não me lembro a cor. Camisa amarela, lembrando a Seleção Brasileira e lenço, também, amarelo cobrindo a cabeça.
Cadeira cativa para D.Vanderlina. Sabem onde? No Presbitério bem pertinho do celebrante, pode a igreja estar super lotada que ninguém se atreve ocupar o lugar de D.Vanderlina, porque logo, ela estará chegando. Um beijo carinhoso pra senhora, D.Vanderlina.
Uma chuva com gostinho de sorvete de limão, entrou pela janela do meu quarto. Acreditem. Deixei. Molhar meu quarto, foi uma benção refrescada.
Graças a Deus e à Santa Bárbara, a Santa que intercede junto a Deus, pela chuva, os nossos agradecimentos.
A chuva veio anunciar que : A Fé está no ar!
Amém! Amém! Amém!

Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)

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