104 anos de Perdões: Congado e Rainha do Céu

7 de novembro de 2016 9:58 2455

Outubro se despediu deixando-nos com saudade dos momentos maravilhosos que passamos.6
Para mim, é uma alegria tomar parte nos acontecimentos de nossa cidade, porque encontro pessoas amigas e queridas, que estavam no baú da saudade.
Duas foram as festas religiosas, celebradas no mesmo dia, na mesma hora, na mesma Paróquia.
São Judas Tadeu, primo de Jesus Cristo, muito amado, socorro de quem o implora graças. Na comunidade Vista Alegre. Participei de duas noites de novena.
Como diz no programa: “Dia 30 de outubro, domingo, dia da festa”. São Judas Tadeu, um dos santos mais populares, dono de muitos milagres, passeou por 6 ruas da comunidade.
Agora, são duas as Paróquias de Perdões. A Senhor Bom Jesus dos Perdões, velhinha, velhinha, com seus 161 anos de idade (lembremos Padre João Valeriano Cecílio de Castro, 1º Pároco de 1855 até 1888).
Atualmente é o Dono da Paróquia, Padre Adenir, alegre, atencioso, grande amigo.
A outra Paróquia, novinha, Paróquia Nossa Senhora das Graças, com, apenas, 2 meses e 15 dias, fica do outro lado da cidade, com o Pároco também novinho, Padre Jorge.
A outra festa religiosa do dia 30 de outubro foi de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia.
Lá na Praça José Modesto Sobrinho (Praça do Rosário). 3 horas. Hora marcada para o inicio dos festejos.
Nos dias 27, 28 e 29. Houve Tríduo Preparatório, focalizando obras da misericórdia.
Às 3 horas em ponto, estávamos lá. Toia e eu. A igreja já estava lotada com seus fiéis devotos.
Não ficamos lá. Fomos até a Barraca de Artesanato, muito bem montada com produtos confeccionados por artistas e artesãs da comunidade. Estavam lá para receber os visitantes, as senhoras que sei empenharam na realização dessa festa, para melhoramentos na Igreja. Léo, Zinha, Zezé, Tatiana e duas felizes adolescentes. Felizes por estarem trabalhando para Deus, por intermédio da Mãe do Rosário.
Todos os produtos com uma marca Divina. Em todos eles a Foto da Igreja e da Santa Padroeira. Senhora do Rosário.
Igreja duas vezes centenária. 200 anos e mais 46 anos. (246 anos).
A idade de Perdões desde as primeiras casas aqui construída. À nossa querida Perdões, teve início nesse Templo Sagrado. Foi aí que começou nossa História. (Vamos lembrar com um Amém – Romão Fagundes do Amaral, o fundador).
Pedacinho da poesia feita e recitada por Padre Miguel, hoje Dom Miguel.
“E contornando joia preciosa da Colina do Bom Jesus erguida lá em cima contemplam… A História de sua terra. O berço do lugar é esta Igreja branca de portas sem fechar, vermelhas’’…
“e rosas e mais rosas no Altar da Virgem Mãe”. E termina assim: “Mãe do Filho Divino, Jesus que nos seus braços, estende as suas mãos um desejoso abraço, Senhor!”
Igreja do Rosário; obra de Arte que na sua simplicidade encanta todos. Voltemos à festa.
Depois de olharmos toda Barraca, decidimos comprar. Sacolas, compramos duas. E mais duas caixinhas surpresa. Doces, estavam lá. Surpresa boa, deliciosos.
A barraca de alimentos também foi visitadíssima. Aquele pastel enrolado, sem carne e sem queijo estava uma delícia.
Não vou contar o barulho; tum – tum – tum; chique – chique – chique; pla – pla – pla, era o congado ou reinado que estava subindo a Praça. Muitos ternos daqui e de visitantes, coloriram a Praça com suas vestes coloridas e brilhantes. Marcaram presença. Lindo!
A Praça transbordou de afíccionados por esses batalhadores pela conservação de tradicional relíquia, vinda da África, desde 1500, quando, como escravos para o trabalho na lavoura e construção de nosso país – Brasil. Vinham trazendo nos pés e no coração, esses rítmos sagrados para eles: Moçambique, vilão, e outros para não apagar a chama de liberdade que desejavam ter e a saudade da terra distante.
Estão aproximando da Igreja, vindos da Escola Carmelita onde almoçaram e agora conduzem as imagens da Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. Foi um momento de emoção.
Me vi ali, no meio dos congadeiros. Sabem por que? Na minha pré – adolescência, com minhas amigas do bairro, vestíamos de Rainha da Mãe do Rosário.
Era assim: nas noites que antecedem o “Dia da Festa”, havia novena.
Quando o sacristão, que talvez fosse meu tio João Lopes abria a igreja, já estávamos esperando para apanhar a capa azul, de um tecido ralinho e barato, e a coroa de papelão coberta com papel dourado. Simplicidade e humildade, estavam sempre presentes. Íamos à casa de tio João, onde já estavam o Rei Congo e a Rainha “Conga”, prontos para o desfile até a Igreja. Que saudade me dá. Era, para nós, a coisa mais importante assentarmos lá mais em cima, mais pertinho da Virgem Santa.
O batido dos tambores, dos maracás e dos reco-reco, penetram na alma da gente, com vibrações estranhas, como se fosse Bênçãos do Céu, em nossas vidas.
Amém! Amém! Amém!


Por Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)

 

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