104 anos de Perdões: Semana Santa ontem e hoje

24 de abril de 2017 11:15 1765

A Semana Santa 2017 terminou. Porém, o mais importante é que em nossos corações permaneça o mais singular da Páscoa – Jesus Cristo.
Querem saber se me lembro das Semanas Santas passadas?
”Oh! Se me lembro e quanto” Não me refiro às Celebrações que eram e ainda continuam lindas. Sabem por que? É que Cristo está sempre presente nelas. Respeito e Fé. Nunca faltam. Nada mudou. Na Igreja Católica, nada muda. Apenas melhora.
Me refiro como os participantes das comunidades rurais, procediam. Era um gosto ver no sábado que antecede o Domingo de Ramos, ou mesmo, na segunda e terça-feiras, a chegada deles.
De todo território perdoense do Retiro dos Pimenta, e do Manoel Antônio; do Barreiro e da Lagoa; do Custodinho e do Machados; do Vigilato e do Monte Alegre. Todos. Todos vinham, porque “Semana Santa – Encanto da Fé”, não é de ficar em casa vendo a Procissão passar.
Dias antes da Semana Santa, vinha alguém para alugar a casa.
Primeiramente chegava um “carro de bois” lotadinho. Ali dentro, coberto por colchas ou toalhas (não havia lonas) estava tudo que iam precisar, naqueles dias santos.
Colchões, roupa de cama, uma mesa para colocar as xícaras, quitandas e cafeteira, nas horas do café. Panelas, pratos e talheres nas horas das refeições.
Não podia faltar um ferro de brasas para desamarrotar as roupas, na hora de sair para a festa.
Assentavam para comer, nos colchões espalhados pelos quartos da casa alugada.
O ”carro de bois” chegava antes das pessoas. As roupas novas! Semana Santa sem roupa nova, não é Semana Santa completa. Jesus e Maria, sua Mãe, merecem esse privilégio.
A família chegou. A cavalo. 4, 5 ou mais cavalos, conforme o tamanho da família. As crianças vinham no colo dos adultos ou na garupa. Mulheres vinham no cilião (arreio para mulheres). Chegavam. Apeavam (desciam do cavalo).
Havia portadores para levar os cavalos de volta.
É hora de descarregar o ”carro de bois”.
Primeiro os balaios. Enormes, novos, forrados com toalhas. Neste maior vinham os biscoitos de polvilho. Crocantes.
Nesse aqui broas de fubá e pamonhas. João deitado deliciosos; naquele, as roscas bem trançadas; rosquinhas, apressados e quebra-quebras em latas, porque são mais sensíveis.
Agora os vestidos em uma grande ”canastra” (caixa de madeira).
Novos. Costurados com todo capricho. Brancos, rosa, vermelho, amarelos. Não podia faltar um preto ou azul marinho para 6ª feira da paixão.
Vestidos pendurados em uma corda presa por 2 pregos em 2 paredes.
As confissões eram feitas no dia da chegada, para aproveitar bem a Eucaristia.
”Chegou o dia da querida festa.
Chegou a hora que vamos comungar.
A inocência brilha em nossa testa.
Queremos sempre a Jesus, amar!”
As horas das Celebrações eram sagradas.
Ninguém faltava. Ouvir o santo Padre Pedro, era estar em graça com Deus.
Nas horas de folga faziam visitas.
Visitar a comadre lá da Serra do Peão, que ficou hospedada na rua do Cruzeiro.
Os moradores do Cerrado tinham suas casas, na entrada da cidade, no Rosário.
As ruas eram tranquilas, sossegadas.
Os transportes, das zonas rurais, voltam para lá. Os moradores da cidade, iam a Igreja, fazendo um pouco de sacrifício. A pé.
Cheguei a participar dessa festa, porque trazer Mari’Elvira no colo, Zé, trazer Afonso na “cabeça do arreio”, era uma festa, uma alegria. Ficávamos com a mamãe lá no Rosário, e as minhas quitandas vinham no carro de D. Mariinha, minha sogra.
Hoje, quer dizer, tempo presente, temos 2 celebrações, de Semana Santa, porque somos duas Paróquias.
Senhor Bom Jesus dos Perdões, Padre Adenir e Nossa Senhora das Graças, Padre Jorge.
Os carros tomam conta das laterais dos passeios.
As Missas, Procissões e Homilias agradam a todos pela simplicidade que são ditas.
A Semana Santa 2017 terminou. O mais importante é que em nossos corações permaneça o mais sagrado da Páscoa – Jesus Cristo.
Páscoa ”Este é o dia que o Senhor fez para nós!
Alegremo-nos e nele exultemos!”
Amém! Amém! Amém!

6


Por Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)

 

Compartilhe este artigo