Não posso deixar de falar de nosso vizinho, amigo, que não quis passar para o 2018.
Não avisou ninguém. Mudou-se para um país muito distante, muito melhor que este em que vivemos. Foi se juntar aos seus companheiros de lá. É o Antonio ou Toninho da D.Zaira; o Parede ou Paredinha para os amigos; ou Anjo que Deus enviou para Tatiana, sua esposa.
Não fique triste Tati, porque ele estará sempre velando por você. Ele e Deus, estão te olhando dia e noite. Ele não deixará de sempre sorrir, aquele sorriso largo de felicidade, quando junto de você.
Guardo com muita ternura 2 episódios da vida de Paredinha, e vou relatá-los.
Desde criança, Paredinha é meu amigo e vizinho. Brincava muito com os irmãos e com os vizinhos.
Na rua onde morava e onde mora sua mãe (Rua Augusto Alvarenga) havia muitas crianças. Muitas delas com nomes de santos. Dois deles eram o Toninho e o Bosco.
Junho, mês das fogueiras chegava. Como era costume Parede e Bosco, iam ajuntar cana de milho e cipós secos, para fabricarem suas fogueirinhas que era a alegria geral, e homenagem aos santos de seus nomes.
Dias 13 (junho) a fogueira era de Santo Antônio, bem em frente à residência de Parede. Era uma festa. Alegria, risos, vivas, busca-pé, pipocas, para saudarem Santo Antônio, o xará do Paredinha.
Passados mais alguns dias, acho que 12 dias a cena se repetia em frente à casa do Bosco, para honrar São João Batista. São João Batista é o protetor de quem quer ser batizado.
Certa vez foram pedir licença pra casamento, ele respondeu zangado: ‘‘só dou cartão com direito a batizado.’’
A alegria, os risos, os vivas, os busca-pés e pipocas, eram ouvidos.
Como os materiais das fogueirinhas eram fracos, ela permanecia acesa por apenas uma hora.
Como era gostoso sentir a alegria das crianças!
Nada para comparar a ingenuidade e inocência das crianças.
Por isso que Jesus disse, e o que disse vale até hoje: “Deixai vir a mim, as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus”.
Os meninos cresceram e o gesto de ajudar também cresceu.
Me lembro de uma passagem original em que Paredinha tomou parte ativa. Era um quarteto alegre, brincalhão e trabalhador também.
Chegou 1970. Ano de Copa do Mundo – Junho – mês de celebrar Corpus Christi.
Foram os 4 amigos enfeitar a rua em frente ao Cacique Clube para a passagem da Procissão.
Cruzes, cálices, hóstias, eram feitos com todo requinte e prazer.
Fizeram também a Bandeira do Brasil e a Taça Jules Rimet para dar sorte para a Seleção Brasileira.
Padre Tadeu que era nosso vigário passou visitando o tapete e encontrou a taça desenhada no chão, disse aos rapazes: “Desta vez não vamos ganhar a copa, a seleção está muito fraca”.
Paredinha que era o mais desembaraçado, disse: “O senhor vai ver, padre, Deus vai ajudar e seremos os vencedores.’’
Pois não é que Deus ajudou, mesmo? Fomos. Lutamos e saímos vencedores.
A Seleção brilhou. México, Tri, o 1º Tri da Copa do Mundo, Brasil 4 x 1 Itália.
Foi uma festa sem rival.
O tapete ficou lindo e famoso, Padre Tadeu gostou de ter errado. Paredinha profeta da disputa – Amém.
Pois é, Antônio, Toninho, Parede, Paredinha, faça aí no céu, fogueirinhas iluminadas por estrelinhas, para diversão das crianças que aí estão.
Deus vai te agradecer muito por essa ajuda.
Amém! Amém! Amém!
Por Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)