A data é uma oportunidade para conhecer mais sobre o tema e desconstruir mitos
O Instituto Rodrigo Mendes (IRM) propõe a seguinte reflexão para o Dia Internacional da Síndrome de Down, 21 de março: como podemos, como sociedade, promover a superação coletiva de barreiras para a inclusão de indivíduos com Síndrome de Down, seja na escola, espaços e trabalho e qualquer ambiente de convivência? Ver a deficiência como algo relacional é o começo, mudar o olhar e respeitar as diferenças é uma das maiores oportunidades para um caminho rumo à igualdade e inclusão.
“A data, que é um lembrete de dia de luta, é uma oportunidade para fazer um balanço do quanto a sociedade brasileira avançou na eliminação das barreiras que tem impedido a participação das pessoas com Síndrome de Down e do que ainda é preciso fazer para que possam exercer plenamente a sua cidadania”, diz Liliane Garcez, gerente de programas do Instituto Rodrigo Mendes (IRM).
Hoje, com avanços legislativos principalmente na área da educação, existe força para que todos possam ter seus direitos garantidos. A inclusão vai ganhando espaço na medida que as pessoas entendem que não há uma receita única voltada para essa Síndrome. A pergunta importante não é “O que faço para que um aluno com Síndrome de Down aprenda?”, e sim “O que posso fazer para que toda turma aprenda, incluindo meu aluno com Síndrome de Down?”
Para ajudar a desconstruir outros mitos a respeito do assunto, o IRM destaca algumas informações:
A Síndrome de Down não é uma doença, é uma síndrome genética relativa a trissomia do cromossomo 21. Por isso, quem tem Síndrome de Down não é ou está doente nem precisa de tratamento ou cura.
Usar a terminologia correta é essencial. Ninguém é portador de Síndrome de Down. O correto é dizer que a pessoa tem Síndrome de Down.
Síndrome de Down não é igual a deficiência intelectual, algumas pessoas tem e outras não tem o comprometimento cognitivo.
Certas características físicas (fenótipo) marcam pessoas com Síndrome de Down, como os olhos amendoados. E isso faz com que o preconceito surja muito rapidamente. É importante lembrar da diversidade que existe no grupo, assim como em outros: cada pessoa tem suas características e isso confere a elas unicidade.
Pessoas com Down não são, por natureza, sempre “felizes” ou “amáveis”. Traços de caráter e de humor variam de indivíduo para indivíduo, como ocorre com todo ser humano.
É direito garantido pela Lei Brasileira de Inclusão (baseada em tratados internacionais sobre direitos humanos) que crianças, jovens e adultos com deficiência, seja Síndrome de Down ou qualquer outra, frequentem a escola regular, sem segregação em classes especiais. Afinal, qualquer pessoa é capaz de aprender, cumprir objetivos e traçar metas, com dificuldades e facilidades. O importante é que tenham direitos garantidos tal como um olhar para sua individualidade bem como oportunidades.
Síndrome de Down em números (dados do Movimento Down, parceiro do IRM)
No Brasil, vivem cerca de 270 mil pessoas com a síndrome, segundo dados do Ministério da Saúde, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No último Censo, em 2010, 23,9% dos entrevistados disseram possuir alguma deficiência, sendo que 2.617.025 declararam ter deficiência intelectual. A contagem, contudo, foi feita por amostragem, ou seja, em apenas algumas casas aplicou-se o formulário completo, em que o cidadão declara se possui alguma deficiência. Nos Estados Unidos, por exemplo, a organização nacional National Down Syndrome Society (NDSS) informa que a taxa de nascimentos de 1 para cada 691 bebês, o que equivale a uma população de cerca de 400 mil pessoas.
O Brasil tem aumentado significativamente o número de alunos com deficiência matriculados no ensino regular: “Se considerarmos somente as escolas públicas, o percentual de inclusão sobe para 93% em classes comuns”.
Uma Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que escolas e cursos privados não podem negar matrícula nem cobrar taxas extras de alunos com síndrome de Down. Eles também têm direito a adaptação em provas e concursos como vestibulares e no ENEM. Mais de 50 pessoas com síndrome de Down já passaram pela universidade no Brasil.
Além de ser um direito, pesquisas comprovam que a educação inclusiva é melhor para os estudantes com deficiência assim como toda a comunidade escolar.
Enviado por Maio Casa de Conteúdo