103 anos de Perdões

13 de março de 2016 11:40 2865

A praça, os bancos, as flores e o jardim

Hoje acordei com nostalgia. Tristeza? Não! Só um pouquinho.
Não havia motivo para me sentir assim. Até que o domingo foi muito bom. Ótimo!
Ah! Pra que tristeza? Pra que saudade? Deixa isso para o Chico Buarque.
Vou me lembrar da praça, do banco, das flores e do jardim da nossa querida e amada Perdões.
Nas tarde mornas e serenas do meu tempo de criança, acho que éramos umas 15 (crianças) para brincar, entre os canteiros floridos de nosso belo jardim.
Brincávamos de pique, mas tínhamos a consciência de que molestar alguma flor, não estava em nossas plantas. Nunca!
”Monsenhor”, ”não me deixes”, ”sempre viva” e ”saudade”, principais flores que hoje não mais existem.
Respeitamos o jardim como se respeita um templo sagrado.
Vindo de minha morada, lá no alto, onde nossa cidade foi plantada, crescida, florida, e provida de bons frutos. Igreja do Rosário. Relicário. Nosso primeiro Patrimônio.
Vindo de lá, nosso primeiro encontro era com a Farmácia Pereira. Por que nosso? Porque éramos 14 ou 15 crianças para brincar no jardim.
E, onde estão as crianças do meu tempo? A Elza, a Eunice, a Maria? A Bem e a Mulata? (Lamartime Babo, em seu Cartão Postal, para Perdões, disse assim: “Cadê a Mulata. Ah! Mulata que me mata e me maltrata”. A Dilza, saudades, muitas saudades dela) e a Célia? (a Célia, graças a Deus, bonita e saudável, circula pela cidade).
A Nair, o Lulu, o Edson, o Nelson? A Iche, o Vavate e Delba?
De algumas, eu sei. Outras não. Ta bom. Vim para falar da Praça e de seus moradores. Flores e Beija-flores. Talvez eu tropece nas lembranças, como tropecei sábado, na oração que tentei fazer diante do S.Sacramento, aqui na Matriz, quando Padre Adenir fazia, junto com fiéis, a Exposição do Santíssimo.
Estamos na esquina da Farmácia Pereira e vamos fazer tranquilamente a travessia (não é a do Milton Nascimento, não), para a esquina da Praça com Avenida Getúlio Vargas (rua do Padre).
A primeira morada é do Sr. José Antonio e D. Mariquinha, com os filhos.
Eu, criança ainda, me lembro de Conceição, filha deles. Uma das moças mais belas, que Perdões se orgulhava de ter. Nininho, amigão do Zé meu marido. Até combinaram de se casarem no mesmo dia. E aconteceu.
Quando eu, já moça, professora no Colégio Dom Bosco, a simpática residência da esquina já pertencia ao Sr. João Melo Gomide e esposa D. Sergina. João Melo, prefeito. Trabalhador e querido de todos. João Melo, nome de escola. Família grande, bonita, educada. Marly e Amaury, residem aqui e temos boa convivência.
Em uma casinha pequena e afastada, gostosa, sempre cheirando a manjericão, moravam Donana Parteira e Sebastiana.
Em casa de 3 janelas na frente, varanda acolhedora, morava D. Liucha e seus filhos. Em destaque a Zaira, hoje minha boa vizinha, aluna no Dom Bosco. E que aluna!
Depois, quem residiu, foi Júlio Geraldo, Titina sua esposa e os filhos: João Júlio e Maria Regina. Júlio Geraldo foi um dos bons prefeitos que Perdões teve.
Maria Regina ainda mora lá. É minha leitora, das crônicas, no Jornal Voz. Diz ela que são crônicas. Eu acho que são descrições de um presente, escorado em um passado feliz.
Maria Regina filha de Júlio Geraldo, o bom prefeito, está sempre, como o pai, trabalhando em prol do necessitado de Perdões. Quando a festa é popular, no meio da praça, junto das flores, em um banco qualquer, lá está a Maria Regina, alegre, sorridente, enfeitando a paisagem. Apesar de rivais, nos damos muito bem.
Outros que residiu na praça. Dirceu. Também, meu aluno no Dom Bosco. Delba sua esposa e Maria Izabel a filha.
O sobrado! Aí! O sobrado. Parece morada de Fadas, em contos da Carochinha.
Lá, ao lado da Matriz, soberbo, todo orgulhoso de ser o mais fotografado, em dias de festas religiosas e cívicas. Sr. Juca Pereira, Donana, Isa e outros filhos, todos descendentes dos primeiros habitantes de Perdões, Ana Maria e Messias, felizes moradores.
João Melo de Oliveira, D. Judite, ele comerciante, benemérito, Santa Casa. Ela, religião, católica, altares enfeitados. Copos de leite, rosas e camélias. Tarde mornas e serenas, para João Melo de Oliveira descansar em um banco do jardim.
Joaquim Anastácio Barbosa, Sr. Quinca “Nastácio” fazendeiro, carro para ir a fazenda com D. Bebé, a esposa, descendente de Manoel Fernandes Airão. Casa amarela. Felícia Adriana, Eunice, Nilza, Dr. Bolivar, Celso, Danúbio, Dr. Zequinha, Dario. Hoje Iracema, esposo e filho.
Casa pequena, que mais parecia um ninho de beija-flor, era o refúgio sagrado dos professores Sá Rita Torres e Sr. Pedro Torres.
1918 – é a data do término do suntuoso palacete de Chico Norberto e D. Mécias. Prefeito: fundador do primeiro Banco (Lavoura) Benemérito. Por suas mãos, Deus nos enviou o grande estabelecimento caritativo – a Vila Vicentina. Religioso, não perdia missas aos domingos. Poeta, como beija-flor, estava sempre presente, de flor em flor, no jardim de maravilhas. Seguindo seu exemplo, de honestidade, 2 de seus filhos, também, foram prefeitos da comunidade perdoense. Agora é Madalena.
No casarão do século XIX, viveu Francisco Moreira de Andrade e família. Me lembro de D. Zenaide, casada, não teve filhos. Amou de todo coração uma criança que adotou como filho, e fez dele um grande cirurgião dentista. Dr. Henrique Baeta.
“A grande família”. Pode ser chamada assim, a família de Joaquim Custódio de Alvarenga. 13 filhos, apenas uma mulher. D. Mariquinha a heroína de cuidar, lavar, alimentar, tantos varões. Júlio, Haroldo, Osvaldo, eram os rapazes do meu tempo de juventude. Nusa
na grande casa de esquina, onde residia a grande família, hoje reside a Nusa e família.
Sr. José Bernardo, o esposo – Conceição a filha; D. Custódia a dona da Pensão. Estudantes, times de futebol, de vôlei, viajantes, turistas, todos se hospedavam lá. Quem se lembra da casa das 3 bolas?
Era uma diversão para crianças e visitantes. Dr. Olavo Ribeiro (Sr. Lavico) dentista, vereador da 1ª câmara da Vila de Perdões. Poeta. Esposa D. Licinha. Ativa. Muito moderna para a época. Gostava de estar no jardim em tardes mornas e serenas, com amigas, planejando festas para beneficiar a quem precisasse. Baile para Santa Casa, barraquinhas, para reforma de igrejas, jogos, para comprar agasalhos para idosos e crianças. Os filhos Aloizio, médico; Rubens, médico; Marina, professora. Maurício gostou de ser o motorista da família.
Sr. Juvenal e D. Belica. Ela comerciante e beija-flor na praça do Rosário, para absorver ar puro. D. Belica, lavrense caridosa. Tomou parte em todos os problemas que afetavam Perdões, no tempo da 2ª Grande Guerra. Se precisasse de enfermeira ela estava à disposição. Guerra. L.B.A., Pracinhas.
Neuza – a filha do Sr. Juquinha Moreira reside em confortável casa na praça.
D. Olinda. Apesar de ser Costa, era a Matriarca da Família Teixeira. Tereza, Sá Mélia, D. Nicézia, Valdenar, Dodola, Rita.
Destaque para Adelaide. Professora, cantora, católica, promovia belas coroações.
Sr. Filgueiras. Agrônomo, professor, prefeito. Amigo intimo de Sr. Juvenal era o outro beija-flor, quem em tarde mornas e serenas, alçava vôo, para o Rosário em busca de ar puro.
Fechando o circulo, estava Alcides Teixeira e Manoelita, na esquina, que eu “quebrava” de volta para o meu Rosário querido.
Depois morou lá Sr. José de Bastos das Paulinas, meu sogro, e D. Mariinha. Depois Dislene, hoje Ana Maria e família.
Missão cumprida. Será que esqueci de alguém? Se me esqueci, peço que me perdoem.
Sabem que perdoar agrada muito a Deus? E Deus, como Santíssimo Sacramento, na 6ª feira e sábado, durante 24 horas, passeou pela nossa cidade, indo e vindo onde estavam Padre Adenir, Matriz e Padre Jorge, igreja de Lourdes e São Francisco, que está quase terminada e que fará parte da Quase Paróquia de Nossa Senhora das Graças.
Vamos conservar em nossos corações a Graça da Fé, do Amor e da Bondade que Deus nos deu.
A Fé está no ar. Amém! Amém! Amém!


Por Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)

 

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