Marcela Freire Borges: Empreender é viver além das possibilidades

5 de abril de 2022 9:18 777

Marcela Freire Borges, perdoense, nasceu no dia 26 de dezembro de 1982.
Filha do Geraldo José Freire (Nininho) e Marilene Pereira Freire; neta do Agostinho e da Dica e do Tião Alfaiate e da Delba; irmã do Marco Túlio e do Marco Flávio; esposa do Marcell, mãe da Milena e da Mariana.
Marcela, empreendedora, empresária, dentista, CEO de cinco clínicas, criadora e mentora do Circuito de Empreendedoras e do Empreenda Odonto. O seu dinamismo é contagiante.
A entrevista foi na sala do seu escritório na Modullus Núcleo de Saúde.

Jornal VOZ: Dra.Marcela, empreendedora, dentista, vamos falar sobre a sua infância e quais escolas estudou?
Marcela: Então Regina, eu estudei na Escola Padre Pedro Machado e depois na João Melo Gomide até a 8ªsérie. Amava as escolas, sempre gostei muito das atividades, aqui em Perdões que é muito ligado à dança. Depois fui para o Dulce Oliveira, estudei 1º, 2º e 3º ano científico, na época a gente falava assim. Passei na faculdade e fui para Lavras. Fiz Odontologia no Unilavras.

Jornal VOZ: Na sua infância, você sempre morou em Perdões?
Marcela: Quando eu era bem pequena, o meu pai trabalhava no Banco Real, então ele foi transferido para Nepomuceno e ficou no Banco até mais ou menos quando eu tinha 6 anos. Depois ele veio continuar a empresa que ele tinha começado com dois irmãos, que é a JAG Móveis – então viemos para Perdões e meu pai começou a se dedicar 100% na loja de móveis que o pessoal da região conhece.

Jornal VOZ: Como era o convívio com seu pai na JAG Móveis.
Marcela: A minha mãe é professora, trabalhava meio horário e cuidava da casa e de nós. Quem conhece a minha mãe, sabe que ela é muito caprichosa, muito talentosa e meu pai trabalhava na JAG e como estava no início da empresa, ele ia bem cedinho, lembro que entre 6 e 7 horas ele já estava na empresa e chegava tarde ( 10 horas da noite). Então eu achava lindo meu pai na empresa (JAG) e eu sempre ia para lá ficar com ele.
A gente até recorda que ele tinha uma mesa de madeira grande com uma cadeira bem bonita e eu pegava uma cadeira para ficar ao lado, encostar nele e eu achava aquilo lindo. Como antes ele trabalhava no Banco, tinha muita habilidade com essas calculadoras – máquinas registradoras que saem um papelzinho, ele batia e não olhava. Eu lhe perguntava “quando eu crescer você vai deixar eu fazer isso?” Eu me espelhava muito nele e pensava que quando crescesse, eu queria ser como ele. Fico até emocionada porque ele é uma pessoa muito boa, ele é um empresário muito justo, caridoso, enfim, uma pessoa admirável.
E toda casa ajudando para progredir, porque quem é empreendedor sabe que não é fácil, a luta diária, passamos por várias dificuldades; minha mãe tirava nota fiscal à noite em casa. Hoje meus irmãos estão na empresa – é uma história muito bonita.

Jornal VOZ: A sua família é do comércio, empresa, empreendedorismo. Mas qual foi a sua referência para ser dentista?
Marcela: Tenho alguns primos mais velhos que são dentistas, sempre achei muito bacana, só que naquela época difícil que a gente passava e para decidir eu estava entre Fisioterapia ou Odontologia e como sempre gostei da área de saúde, de gente, conversar, gosto desse contato. Aí fui para a Odontologia. Na verdade não me espelhei em ninguém, mas é algo que me encantava e foi acontecendo.
Como eu estava comentando com você, a Odontologia veio como uma avalanche na minha vida. Eu sou muito intensa. Veio com tudo. Trouxe meu esposo junto às clínicas.
Hoje eu sou completamente apaixonada pela Odontologia, acordo, durmo, como o tempo inteiro pensando em Odontologia.
E na progressão da Odontologia, nas mudanças que a gente está passando agora, porque a pandemia veio para antecipar as coisas em vários setores da economia, do mundo, da tecnologia.
Quem me segue no Instagram está ouvindo eu falar muito no novo aparelho que é o Invisilign, odontologia digital.
Odontologia com certeza foi uma das melhores escolhas da minha vida.
Sou muito feliz. Tivemos estagiárias agora nas férias e elas viram como sou apaixonada pela Odontologia.

Jornal VOZ: Marcela, hoje temos a Modullus bem equipada nessa estrutura confortável, mas como foi o início aqui?
Marcela: Quando eu formei, vim para Perdões, nunca atendi em outra cidade, antes de vir para cá.
A minha sala era bem pequena. Era no mesmo lugar que é hoje, mas aqui nesse escritório onde nós estamos, era a recepção, tinha três cadeiras, o banheiro e a cadeira odontológica. Formei, abri a portinha e fui estudar, fui buscar me diferenciar.
Fiz especialização em Odontopediatria na UFMG – era difícil para danar, porque era toda semana. Eu ia de ônibus e queria muito fazer algo sem meus pais me ajudarem. Então foi bem difícil na época. Às vezes estava chegando o fim de semana e eu rezava para que entrasse um paciente e desse à vista desse entrada porque eu queria ter essa recompensa, porque o meu pai já tinha me ajudado na faculdade – Unilavras, tinha ajudado a montar o consultório.
Então fui e fiz a primeira especialização que é algo que gosto muito também – as crianças.
E aí, consegui mais pacientes…
Consegui fazer em seguida uma especialização que é a Ortodontia, que hoje é o que mais trabalho.
Sempre fui buscando mais evolução, o que era melhor para os pacientes e comecei a ver que eu não conseguia atender todo mundo em todas as especialidades.
Eu mudei, eu morava na casa ao lado do consultório e mudei para o lado e comecei com uma clínica pequena – eram 3 salas (com duas cadeiras odontológicas) e aluguei outra sala. Ai comecei a trazer outros profissionais.
Por exemplo, o meu paciente precisava fazer um tratamento de canal. Eu trazia esse profissional para cá.
Para maior conforto, comecei a ver que as pessoas gostavam disso por não precisar ir a vários profissionais para completar um tratamento. Vi que deu certo alugar a sala. Alugava para outra dentista. Depois aluguei para uma médica.
A primeira pessoa que começou a fazer parte da nossa equipe multidisciplinar foi a Dra.Diana – pediatra. Ela está com a gente há muito tempo. Nisso tudo começou a ter mais demanda, os pacientes ficaram satisfeitos com o trabalho que a gente entregava e fomos aumentando.
Aí eu fiz uma terceira reforma, já fizemos a quarta reforma e estamos na quinta reforma.
Eu brinco que eu sou muito inquieta.
O que é ser empreendedor?
Empreendedor é aquele que pensa fora da caixinha. Aquele que sempre quer inovação.
Hoje me considero uma empreendedora da Odontologia, da saúde, por isso.
Paro e lembro do primeiro consultório que era bem ‘simplesinho’ – eu não tinha secretária, lavava o instrumental, fazia tudo porque não tinha dinheiro no começo e hoje a gente tem essa clínica tão bonita que é tudo pensado com muito carinho para os nossos clientes.
Como uma equipe maravilhosa. As Meninas que estão comigo – falo meninas porque só tenho funcionárias mulheres. Então as minhas colaboradoras são sensacionais. Tudo que nós conseguimos hoje são elas: fazem marketing digital, confirmação de agenda, esterilização de material, um milhão de funções, além de tudo, cuidam de mim.
E os profissionais que vieram fortalecer o nome da Modullus – hoje temos nutricionista, psicólogo, médicos, ultrassom. Agora nós temos um escritório de advocacia, estamos ampliando para outro ramo.
Estamos com um espaço muito agradável e o nosso lema que a gente até fala na rádio: “Modullus – seu completo bem estar num só lugar”.
O nosso intuito é que vocês entrem, sejam bem atendidos aqui, tenham total conforto, confiança e saiam daqui com o sorriso dos sonhos e com a saúde geral em bom estado, felizes.

Jornal VOZ: Você parece que adivinhou a minha próxima pergunta. Enquanto eu a aguardava na recepção para fazer a entrevista, a gente percebe que as Meninas tratam todos com o mesmo carinho e atenção. Você investiu em cursos para as suas colaboradoras para que chegassem nesse patamar?
Marcela: Fico muito feliz com esse feedback porque é algo que a gente conversa muito aqui. Primeiro que todo mundo tem que ser tratado da mesma maneira.
Então Regina, quando você fez a pergunta, a gente para e pensa nesse momento de muita reflexão nesse bate papo.
A primeira pessoa que teve que fazer cursos, mudar, fui eu.
O que eu falo na equipe é que “a equipe imita o líder”.
Comentei com você no início que sou dentista, sou profissional liberal – fui treinada na faculdade para atender o paciente, para tampar uma cárie, tirar uma dor, arrancar um dente. Eu não fui treinada para fazer gestão e nem a parte de relacionamento com o paciente, fazer venda, porque profissional liberal tem que vender um tratamento.
Passei a dedicar mais a inteligência emocional, desenvolvimento humano e sempre que eu venho, faço reuniões, treinamentos. Há 15 dias fizemos um treinamento com uma pessoa de fora. Não só as Meninas, os dentistas também.
Odontologia é minha paixão, mas o desenvolvimento das pessoas que estão comigo é um dos meus propósitos.

Jornal VOZ: Marcela também é palestrante.
Marcela: Sou é corajosa e gosto de contribuir.
Deus me mandou tanta coisa boa, tantas experiências, tantas vivências que eu guardar só para mim, seria egoísmo.
Eu sempre falo Regina que a vida é uma colcha de retalhos – você leva um pedacinho e eu fico com um pedacinho seu na minha colcha. Distribuo os pedacinhos que puder. Não sou dona da verdade, erro muito. Sempre falo com a equipe que eu errei muito para estar aqui, só que eu rapidamente tomo um novo caminho, e aqui nosso lema é “foco na solução”, fico lisonjeada em você falar que sou palestrante, quem sabe um dia serei, mas o meu intuito é contribuir com quem eu puder.

Jornal VOZ: Após trabalhar a sua parte pessoal e profissional, qual o diferencial da sua clínica?
Marcela: Esse ano faz 18 anos que estou em Perdões na Odontologia, nós temos profissionais capacitados. São todos especialistas, a equipe é treinada para que o paciente seja bem recebido, acolhido.
Na parte multidisciplinar é que a Odontologia começa na boca, mas tem que ir para o corpo inteiro. Evolução constante, por isso temos os treinamentos, os cursos, leitura. Aqui a gente tem o grupo de leitura. Fico feliz quando algum colega fala que a energia aqui é muito boa.

Jornal VOZ: Mensagem final
Marcela: Aqui trabalhamos muito qual é o propósito de cada um. Por isso que sempre falo que é muito mais que Odontologia – essa na minha vida é o pontinho do iceberg.
Fiquei muito feliz de você me convidar para essa entrevista. Você é uma mulher que admiro muito. Nesse mês da mulher – é uma mulher que mudou muita coisa em Perdões. Uma mulher forte que inspira várias outras.
O que tem que motivar a mulherada que está em casa é a vontade de evoluir, Regina, a vontade de conquistar algo. E abandonar o medo. Medo todo mundo tem – dá a mão para ele e continua a caminhada.
Um dos motivos que nós criamos o Circuito de Empreendedoras – um projeto que está aqui no meu coração porque são mulheres empreendedoras que se uniram para se ajudar. Foram 5 Encontros no ano passado, foi um momento de muito crescimento. Tinha mulheres de vários ramos. Estamos organizando a segunda edição do Circuito.
Para as mulheres que estão em casa desacreditadas, que estão focando só na dificuldade, nos problemas, acreditem em vocês – foquem nos seus pontos positivos, nas suas potencialidades. Não desistam porque toda mulher tem o seu talento.

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