José Pedro dos Santos, nasceu na Comunidade Cachoeira- Perdões/MG no dia 29 de junho de 1946.
Ele é filho de José Francisco dos Santos e Marta Freire Jesus Francisco; irmão do Lázaro Aparecido (in memorian), Jaci (in memorian) , Rubens, Hamilton e Celma; avô do João Gabriel e Talles ; pai do Glayson e Thyciara. Foi casado com Aparecida Maria dos Santos (in memorian).
A entrevista gravada foi no local do estoque da Papelaria Continental, atualmente na Av.Régis Bittencourt – a papelaria do Zé Pedro como é conhecida por muitos clientes fiéis.
José Pedro, um comerciante que durante décadas permanece firme com sua papelaria, que agora está sob o comando de sua filha, Thyciara, viu o comércio nascer e crescer na Rua 7 de Setembro, onde iniciou sua papelaria.
Nesta primeira edição de 2023, o nosso carinho, respeito e homenagem a este cidadão de 76 anos que trabalha incansavelmente.
Ele foi homenageado no dia 29 de novembro de 2021 pela Câmara Municipal de Perdões, por indicação do vereador Flori e ficou muito emocionado pelo reconhecimento.
Jornal VOZ: Quantos anos nesse ramo de papelaria?
José Pedro: Em março de 2022, fez 50 anos. Já vai para 51 anos.
Jornal VOZ: Como o senhor iniciou e quem o incentivou?
José Pedro: No princípio eu mexia com roça. Aí estive em São Paulo por dois meses, e no carnaval eu vim aqui e o Jaci, meu irmão, tinha alugado um cômodo do meu tio na Rua Sete de Setembro (onde é o atual Batuta Milkshake).
Ai ele me falou “você tem um dinheirinho, começa com papelaria”; eu disse que o dinheiro era pouco e não dava, mas ele argumentou para eu começar só com material de escritório. Assim iniciei e no primeiro ano era ‘‘elas por elas”, eu estava quase desanimando, mas tinha uns bois na roça – bois até de carro – falei para meu pai que ia vender esses bois para comprar material de escola. Vendi e comprei tudo em material de escola. Antes usava caderno pequeno, não eram como esses cadernos que se usam hoje.
Graças a Deus começou as aulas e a gente vendeu tanto, inclusive fregueses que já faleceram compraram da gente.
Depois disso, casei, passamos alguns apuros – minha mulher ajudou muito, era uma pessoa que reconhecia as coisas.
Casei no mesmo ano que iniciei a papelaria – 1972.
Naquela época os juros de banco eram ‘baratos’, assim eu fazia muito empréstimo para comprar as coisas e pagava tudo direitinho.
Ficamos quatro anos lá na Sete de Setembro (onde é o milkshake) e o Jaci tinha o escritório nos fundos da papelaria.
Na Sete de Setembro mesmo surgiu meio lote para comprar. Nisso, minha mãe tinha um terreninho um pouco pra frente da Real Ville – a mãe vendeu esses terreninho e emprestou o dinheiro para nós.
Jornal VOZ: Então foi uma empresa que teve a união da família para construir?
José Pedro: Isso mesmo. E como fazer para construir? Fomos ao Banco Real, que era muito bom na época. Falei com o gerente Haroldo e ele emprestou 20 mil cruzeiros para nós. Aí construímos a parte de baixo. Era bem pequeno – foi melhorando e eu guardava estoque em casa.
Juntei dinheiro e combinei com meu irmão para construir a parte de cima e ele pagar o resto da dívida do Banco Real. Ele pagou a metade e assim construí a parte de cima por minha conta. Nesse ponto fiquei mais de 20 anos (Rua Sete de Setembro, nº128).
Depois surgiu aquele cômodo onde é a Pop. No princípio foi um movimento muito bom: eu tinha umas três máquinas de xerox, a gente fazia plotagem.
Depois veio aquela enchente em 2009, lembro que o Glayson desceu para socorrer a irmã de sua então esposa que morava ali no fundo da Nova Lima, quando chegou ali na linha de trem não tinha como passar, ele deu a volta pela Palestina; a mulher do Glayson me ligou, dizendo que a Papelaria estava debaixo da água…
Jornal VOZ: Após 50 anos, o senhor me disse que está vindo a 4ªgeração que fideliza a compra da Papelaria Continental.
José Pedro: É muito bom ver os filhos e netos dos primeiros fregueses, que vêm aqui e reconhecem a gente.
Ontem mesmo (13/01) esteve aqui a filha do Pedrinho dentista, que mora em Lavras, perguntou por mim. Tem as netas do Replanta que sempre vêm aqui. Lembro do Chiquinho do Laticínios Almeida que foi um cliente muito especial pra gente.
Jornal VOZ: Zé Pedro, hoje muitos leem as notícias pela internet, mas você já foi vendedor de grandes jornais.
José Pedro: No princípio eu vendia só o jornal O Estado de São Paulo, e meu filho que entregava, depois pegamos a Folha de São Paulo. Não peguei o Estado de Minas porque tinha o Zé Nonato, antigamente era exclusividade. Após o falecimento dele, a Dadinha ficou com o Jornal por uns tempos e passou para mim. Aí fui em BH e fiz o contrato. Teve muita assinatura do Estado de Minas em Perdões. Aos domingos eu vendia cerca de 40 jornais.
Depois surgiu os jornais “O Tempo” e o “Super”. Tivemos uma boa fase de vender jornais e revistas.
Jornal VOZ: Como estamos falando de lembranças, fale sobre sua esposa que foi uma grande companheira que o ajudou muito.
José Pedro: Sim, ajudou muito. Casamos, passou uns quatro anos para ter filho e ela sempre trabalhando.
Com o nascimento dos filhos, ela ficou um tempo sem trabalhar comigo na Papelaria. Lembro que o Glayson tinha uns 3 anos e ela vinha na Papelaria ajudar.
Quando a Thyciara estava com 2 anos, ela teve um problema no pescoço – reumatismo e usou colar muito tempo. Ela sofreu muito com artrite. Levei-a durante uns 10 anos em Varginha. Deixava a papelaria na responsabilidade da minha cunhada Joana, e outros funcionários bons de serviço.
Jornal VOZ: Sua filha mesmo trabalhando em outros locais, ajudava na papelaria.
José Pedro: Sim, ela trabalhou oito anos no CRAS, trabalhou na clínica de psicotécnico da Isabella, mas nas horas vagas ajudava muito na Papelaria.
Assim, ela assumiu há 4 anos. Depois ela montou aqui (Av.Régis Bittencourt) e eu fiquei lá na Sete de Setembro, ainda, uns dois anos.
Como o Glayson ficou só com a roça, aí vim para cá para ajudá-la. Mas quem resolve tudo é ela mesmo. Eu venho só para ajudar, porque não quero ficar em casa. Enquanto eu tiver força para trabalhar, estarei na ativa.
Jornal VOZ: Durante os intervalos da entrevista, o senhor falou sobre reconhecimento.
José Pedro: Sim, temos que agradecer muito as pessoas que reconhecem a gente até hoje. Ela nos ajudaram a vencer na vida.
As amizades que fizemos e até hoje têm os laços; agradeço as escolas, os alunos. Só posso agradecer a Deus que deu muita força para a gente e superamos muitas coisas na vida.
Mensagem final: Quero destacar os primeiros fregueses que estiveram com a gente e acompanharam nossa trajetória. Já estamos na terceira geração, indo para a quarta geração.
Que Deus me dê saúde e forças para continuar esse trabalho e aqui onde minha filha fez grandes melhoramentos, o nosso carinho e respeito a todos!
O trabalho dignifica o homem!