Lançamento do Livro ‘‘A Maleta Viajante’’ de Jucilaine Neves Sousa Wivaldo

25 de novembro de 2024 11:11 21

No dia 30 de outubro, às 18h30min, na casa da Cultura na cidade de Lavras foi realizado o lançamento do livro A maleta viajante da escritora Jucilaine Neves Sousa Wivaldo. A obra infantil é protagonizada por sua filha, Maria Cecília.
O livro “A maleta viajante” (Casa Editora), ilustrado por Nani Vasques foi lançado com recursos da Lei Paulo Gustavo, trazendo histórias que mostram a força e o encantamento da leitura.
Foi um momento de emoção quando Jucilaine contou um pouco sobre sua trajetória de superação de obstáculos e desafios, busca de conhecimento e persistência, sendo ouvida atentamente por amigos e apoiadores de Lavras e de Perdões que se emocionaram com ela.
Vale destacar também a presença de Nina Rufato (@circolumiar) que deu um brilho especial com a sua arte cênica.
Estiveram presentes também representantes da Amagri – Associação das Mulheres Agricultoras de Perdões – Luciana Arriel, Fabiana e Alice; Jornal VOZ – Regina Bertoni.
Jucilaine possui um extenso e excelente currículo de formação acadêmica e profissional, tendo participado também da coletânea infantil “Fauna Brasileira em Versos” e organizadora do livro “Vozes da Terra”, ambos lançados pela Editora Brecci Books.


VOZ: Olá, Jucilaine. É um prazer tê-la conosco hoje para falar sobre sua experiência e visão sobre a escrita. Para começar, gostaria de saber: como você se iniciou no universo da escrita e o que a motivou a seguir esse caminho?
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo: O prazer é meu! Bem, minha jornada na escrita começou desde muito cedo, como uma forma de expressar meus pensamentos e sentimentos. O meu acesso frequente aos livros foi aos 11 anos estimulada pelo meu irmão mais velho. Na escola rural que frequentei nas primeiras séries iniciais não tinha uma biblioteca disponível e isso só foi acontecer no 5º ano. Esse contato me fez apaixonar pelos livros e por aquele universo de palavras que pareciam ter um poder tão grande de nos conectar com o mundo e com a própria alma. A motivação para escrever foi, e ainda é, uma necessidade de compreender o mundo ao meu redor e, principalmente, de dar voz a experiências que considero importantes para outras pessoas. A escrita é um caminho de reflexão e, ao mesmo tempo, de partilha.
VOZ: E ao longo de sua trajetória, houve algum momento ou obra específica que tenha sido decisiva para o desenvolvimento do seu estilo?
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo: não especificamente, eu acredito que todo escritor passa por momentos de grande reflexão e amadurecimento. Mas tenho grande admiração por Clarice Lispector assim como Lia Luft, pelas suas formas únicas de tratar a subjetividade a intimidade e sentimentos.

VOZ: Você mencionou a importância da subjetividade e da construção de universos próprios. Como você lida com o processo criativo? Existe uma rotina ou algum ritual que a ajude a se conectar com a escrita?
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo: Meu processo criativo é bastante orgânico. Eu não sigo uma rotina rígida, mas, geralmente, a escrita acontece em momentos de intensa reflexão ou quando alguma ideia muito forte me invade. Eu preciso de silêncio para escrever, um espaço tranquilo onde eu possa me desconectar das distrações do cotidiano e mergulhar no universo que estou criando. Às vezes, uma simples frase ou imagem que surge no meu pensamento é o ponto de partida para um texto. Tento também me inspirar em conversas, no que vejo nas ruas, nas questões sociais e culturais que me cercam. Acho que a escrita deve ser sensível ao que está ao nosso redor, então, tudo acaba sendo matéria-prima para o processo criativo.


VOZ: Em relação ao seu trabalho, você tem um foco específico, seja ele social, político ou literário? Como suas vivências e sua visão de mundo influenciam o que você escreve?
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo: Meu trabalho tem um caráter essencialmente humano. E ao longo da minha trajetória e experiência ele muda. Ora me dedico mais sobre os sentimentos, ora escrevi suas minhas experiências infantis, a escrita sobre o trabalho das mulheres rurais também faz parte do meu repertório. Acredito como escritora eu vou me remoldando a partir daquilo que estou vivendo no momento. E inclusive o livro infantil “A maleta viajante”, é fruto das mudanças do meu eu, esse por sua vez surgiu a partir da experiência da maternidade.
Em alguns momentos escrevo também sobre a minha própria trajetória de vida, que inclui desafios e superações, pois é importante dar voz àquelas histórias que muitas vezes não são ouvidas. A literatura, para mim, é um lugar de resistência, de questionamento, de cura. Acredito que a escrita é uma forma de dar visibilidade ao invisível e de transformar a realidade, ainda que de maneira sutil ou indireta.

VOZ: A escrita como resistência é algo poderoso. E, dentro desse universo literário, qual você acredita ser o papel do escritor na sociedade atual, especialmente em tempos de polarização e crises sociais?
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo: O papel do escritor, na minha visão, nunca foi tão crucial quanto agora. Em tempos de polarização, crise de valores e informações desencontradas, a literatura tem o poder de ampliar as vozes que questionam e refletem sobre a realidade. O escritor não deve ser um mero espectador da sociedade, mas um agente de transformação. A escrita é uma forma de produzir conhecimento e de provocar mudanças nas percepções das pessoas. Em tempos de fake news, de discursos de ódio e de divisão, acredito que a literatura pode, e deve, ser um refúgio de sensatez e empatia. O escritor é, portanto, alguém que, através das palavras, tenta fazer com que o leitor veja o mundo sob novas perspectivas, repense valores e se conecte com as questões que realmente importam.


VOZ: Para encerrar, quais são seus projetos futuros e como você enxerga a evolução da sua escrita nos próximos anos?
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo: Tenho dois livros em vista para sair da gaveta, e um deles, é de poesias e algumas delas minha adolescência, então é processo de reencontro mesmo. Quanto à evolução da minha escrita, acredito que ela é um processo contínuo de amadurecimento. Nos próximos anos, espero que minha escrita se torne cada vez mais refinada, mais focada nas questões que considero centrais para o mundo em que vivemos, mas sem perder a liberdade de explorar novos caminhos e linguagens. Eu sempre busco me desafiar, aprender com outros escritores e com o próprio processo de escrita. No fundo, a escrita é uma jornada sem fim.


VOZ: Jucilaine, agradeço muito pelo seu tempo e pelas reflexões tão profundas. Tenho certeza de que seus leitores e todos que acompanham seu trabalho ficarão ainda mais inspirados por tudo o que você compartilhou hoje.
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo: Eu que agradeço pela oportunidade de falar sobre minha paixão pela escrita. Espero que as palavras que trocamos aqui possam incentivar outras pessoas a se conectarem com a literatura de uma forma profunda e significativa.

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