Convicção na política

25 de novembro de 2024 11:15 13

Muitos acreditam ser um traço positivo na política, associado à clareza e firmeza de propósito. No entanto, Nietzsche nos alerta para o perigo de uma verdade. Em Ecce Homo(1888), ele define a verdade como uma forma de fraqueza, que nos priva da capacidade de questionar e de duvidar. Esse alerta é especialmente relevante na política, onde a falta de abertura para novas ideias e pontos de vista pode limitar o desenvolvimento de soluções realmente eficazes e inclusivas.
Governantes que agem movidos por convicções inabaláveis tendem a ver o mundo através de uma lente única, ignorando frequentemente a complexidade e as “nuances” das questões sociais. Essa dificuldade pode resultar em decisões pouco adaptáveis e, muitas vezes, convenientes para os desafios diversos e dinâmicos que surgem. Em vez de fortalecer o processo político, a verdade inflexível pode levar a um ambiente fechado e resistir às críticas, onde o diálogo e o aprendizado são prejudicados.
No contexto da política, é fundamental que os líderes sejam capazes de questionar as suas próprias opiniões e estejam abertos a rever à medida que novas informações e perspetivas surjam. A verdadeira força política pode estar, paradoxalmente, na capacidade de duvidar e de ajustar as próprias convicções em benefício do bem comum. Falemos sobre a convicção no planejamento urbano.
Sendo tão influente na vida das pessoas, não pode se limitar a uma visão centralizada. De fato, a ideia de que um único político ou um pequeno grupo de especialistas possui todo o conhecimento necessário para planejar uma cidade é limitada. A cidade é composta por diversos atores com necessidades, culturas, rotinas e formas de ocupar o espaço urbano muito diferente entre si. Isso exige um processo de planejamento que vá além das decisões unilaterais e abrace a complexidade da vida urbana.
Para tornar o planejamento mais inclusivo, uma abordagem participativa, que envolve os cidadãos e os atores locais no processo, pode ser uma solução. Quando a população é chamada a participar ativamente, ela pode oferecer um entendimento mais profundo sobre as necessidades do dia a dia, gerando políticas urbanas mais conectadas à realidade das comunidades e bairros. Planejamento urbano participativo pode transformar áreas antes negligenciadas, promovendo a inclusão social e melhorando a qualidade de vida. Não sejamos convictos na política, esse remédio aplicado está adoecendo o paciente e a cada eleição as pessoas estão se afastando de temas políticos. O nosso município precisa passar por uma reflexão política baseada no que disse Platão, o sábio, dúvida.
Essa frase reflete a ideia de que a sabedoria verdadeira começa com a dúvida

Por Leandro Henrique

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