Pedro Rosa Silva, perdoense, nasceu no dia 14 de novembro de 1942 , filho de Argemiro Rosa da Silva e Maria da Conceição Silva, irmão da Maria das Dores, Luzia, José Maria e José Afonso (gêmeos) e Marcos (in memorian), casado com Dona Cesarina Cândida de Faria Silva há 52 anos, pai do Agnaldo, do Agildo e da Agda.
Aos 19 anos serviu o exército – 11º Regimento de Infantaria, ficando 10 meses e oito dias, na cidade de São João Del Rei, tempo suficiente para aprender e levar muita coisa ao longo de sua vida.
Detalhista com os números, constatamos sua organização com os papéis, datas e valores.
Foi funcionário público, trabalhando na Prefeitura, conforme nos relata – 30 anos e nove meses consecutivos – mas com as vantagens do funcionalismo público, 35 anos e dezesseis dias.
Entrou na Prefeitura em 13 de janeiro de 1959 e saiu em 15 de abril de 1991.
Teve loja durante muito tempo, licenciou durante 2 anos conforme a lei permitia para resolver assuntos particulares, para trabalhar em São Paulo numa indústria têxtil – ou seja – as industrias ficavam na cidade de Americana, em parceria fazia inspeção para a Rhodia.
Pedro atuou em várias instituições e entidades de Perdões como presidente, secretário ou conselheiro, entre elas, Santa Casa, Lira perdoense, Clube Francisco Alves.
É conselheiro e atua no AA de perdões há 26 anos.
Pedro morou no Bairro Caridade durante 33 anos e durante a entrevista relembra que Dona Alba foi sua professora no 4º ano primário do Grupo Otaviano Alvarenga.
A entrevista foi na sala da sua casa ao lado da sua esposa.
Jornal VOZ: O senhor passou por muitas instituições e entidades de Perdões. Vamos relembrar?
Pedro: Sim. Na Santa Casa atuei por uns 4 mandatos consecutivos, como secretário da diretoria, na época o provedor era o Jair Oliveira – o Tachinha, trabalhei com o Antonio dos Santos, com o José Sebastião, trabalhei com o Antonio Cardoso, com o Zé Bastinho – também participei da Campanha do Agasalho por 25 anos.
Jornal VOZ: Comparando com aquela época a Santa Casa melhorou muito?
Pedro: Muito, muito. Na minha época construí aquele velório improvisado – funcionou como tal por determinados anos, isso foi na década de 70, ou melhor 1970.
Consegui a verba de outro país, Holanda, através de um padre que tinha aqui e me ajudou muito – Padre Agostinho, tinha uma Congregação Mariana. Ele esteve estabilizado aqui em Perdões por um determinado tempo. Um padre jovem e em certa ocasião (ele tinha uma família muito rica lá na Holanda) fui lá e disse-lhe que tinha um interesse em fazer isso na Santa Casa, assim como fiz as divisórias de terreno. Isso foi em 1968, na época em que o Dr.Tito Simões era prefeito. Fiz o convênio da Santa Casa com o INPS porque na época não tinha; lancei o salário mínimo na Santa Casa, que até então não pagavam.
Fiz as divisórias dos terrenos da Vila Vicentina com a Santa Casa – porque naquela época era tudo em comum; teve também os consultórios onde o Dr.Custódio trabalhava, onde era o antigo lactário, também eu fiz aquelas construções.
Trabalhando na Santa Casafazendo o desmembramento, aproveitei e fiz também da Vila Vicentina – ganhei o trabalho que me auxiliou – 2 advogados de Lavras.
O mais importante que a ajuda para isso veio de toda parte – o juiz da época que era espírita, o padre que trouxe verba da Holanda para que eu pudesse fazer esse trabalho na Santa Casa, ou seja, o velório, que até um tempo atrás era a sala de raio x. Um prédio muito bem construído na administração do Sr.José Oliveira de Assis. Lembro até dos pedreiros que trabalharam lá, foram os melhores que o José de Assis contratou para trabalhar lá.
A primeira Secretaria da Santa Casa fui eu quem montei, a máquina de escrever, consegui com o Banco da Lavoura de Brasília, através de um ofício que enviei para lá e veio essa doação da máquina.
Jornal VOZ: E sobre a Escola de Samba?
Pedro: a escola de samba tinha paralisado – a Unidos da Palestina – durante uns dois ou três anos. Não lembro o nome, mas uma pessoa me fez o convite para encarar e reerguer a escola de samba. Aceitei o convite e com muita dificuldade a escola reergueu – consegui fantasias emprestadas e algumas até doadas em São Paulo, Barra Mansa, Ribeirão Vermelho.
Inclusive há alguns anos a Escola de Samba – fez uma homenagem para mim.
Jornal VOZ: Numa das suas respostas, o senhor mencionou sobre o juiz de Direito que era espírita. Constatamos que o senhor respeita todas as religiões.
Alguma vez o senhor sentiu preconceito por ser espírita, durante suas atividades?
Pedro: Não, nunca! Sempre fui bem aceito, sou amigo de todos os padres que por aqui passam.
Lembro que em certa ocasião fui convidado para ser padrinho de uma criança e procurei o Padre Tadeu e falei para ele sobre isso e ele me aceitou para ser padrinho e e até usou esse termo “o batismo é perfeito e abençoado porque você usou da verdade”.
Sou padrinho de uma menina que morava no Bairro Nossa Senhora das Graças e hoje ela mora em Lavras.
Jornal VOZ: Além de trabalhar na Prefeitura, o senhor tinha outra atividade nos fins de semana?
Pedro: Comecei a trabalhar com táxi no dia 20 de fevereiro de 1989. E aposentei do táxi também; trabalhei muito, viajei muito, atravessei muitos estados. Depois passei para a Van, tivemos micro-ônibus. Puxei muitos estudantes para Lavras. Puxei jovens e depois os filhos desses jovens.
Jornal VOZ: Como o senhor encara o tratamento ao idoso? Falta muita coisa?
Pedro: Falta muita coisa – respeito e consideração. Principalmente as cidades que não têm locais próprios para o idoso. E quando é feita uma praça com academia, tem os vândalos que destroem tudo. Como exemplo veja essa Academia aqui em frente – Bairro Lourdes. Vem elementos de outros bairros para destruir. Falta educação.
Jornal VOZ: Quando o senhor iniciou na doutrina espírita?
Pedro: Iniciei na doutrina espírita em 1970, mas antes fui congregado mariano da igreja católica. Tenho as fotografias da época do Padre Nelson – auxiliei muito na igreja católica.
No espiritismo fui convidado pelo Dr. José Filgueiras Sobrinho, pelo Ênio Wilder. Eles convidaram 22 pessoas para o estudo da doutrina. Dr.José Filgueiras sempre me falava “pelo menos nessa jornada uma semente brotou”.
Jornal VOZ: Outras participações na sociedade.
Pedro: Participei do colegiado dos grupos, na Escola Carmelita, no tempo da Dona Ilze.
Fiz parte do corpo de jurados no Fórum durante uns 6 anos, depois pedi a uma juíza que me dispensasse, porque eu já estava cansado de participar do júri e era uma coisa que não simpatizava, porque não sou ninguém para julgar os outros.
Trabalhei muito no serviço eleitoral, participei da Bandinha por 15 anos como presidente. Atualmente sou o presidente de honra.
Foi uma luta muito grande. Viajei muito com a Bandinha. Fui vizinho durante muito tempo do Sr.José de Assis.
Jornal VOZ: Enquanto conversamos, percebo que o senhor é muito organizado com seus papéis e anotações. Sempre foi assim?
Pedro: Sim, moro nessa casa há 20 anos, levei 18 anos para construir tudo como está hoje – tenho tudo anotado, todas as despesas, todos os materiais.
Ser organizado é trabalhoso, mas é muito gratificante. Tanto é que cada um dos meus filhos, tem sua pasta com seus documentos separados, tudo organizado.
Trabalhei no serviço militar no exército, no comando, ou seja, fui auxiliar com datilógrafo do comandante geral na época, Major Ventura e ele era muito organizado.
O meu chefe na prefeitura também, Mozart Oliveira, trabalhou 40 anos na Prefeitura e era super organizado.
Uma vez houve uma pesquisa sobre as pessoas mais organizadas da cidade de Perdões e fiquei entre as cinco, entre elas estavam: o Sr.Antonio dos Santos, o Sr. Horácio Barbosa e mais duas pessoas que não lembro o nome.
Jornal VOZ: E a loja e outras atividades?
Pedro: Após trabalhar em São Paulo e aprender bastante, montei a loja e também relembro que encaminhei muitos jovens daqui e de cidades vizinhas como Nepomuceno e Santo Antonio do Amparo para trabalharem nos Bancos em São Paulo, uma vez que eu tinha acesso livre nas diretorias dos Bancos.
Jornal VOZ: O senhor se sente uma pessoa realizada?
Pedro: Sim! Sinto-me muito realizado e muito agradecido a Deus.
Tudo que eu quis possuir na vida, até o presente momento, Deus me emprestou.
Tive algumas decepções para que eu pudesse saber a hora da felicidade, Deus me mostrou isso.
Tudo que tenho é emprestado, porque nada nos pertence!