Ministério da Saúde convoca nova geração a usar camisinha

21 de fevereiro de 2017 16:35 2719

Casos de HIV/aids em jovens de 15 a 24 anos cresceram 85% nos últimos 10 anos. Para sensibilizar esse público, a campanha deste ano terá personagem distribuindo camisinha em blocos de rua

Incentivar o uso de preservativos, principalmente entre os jovens, é o foco da campanha de prevenção para o Carnaval deste ano, lançada nesta terça-feira (21/2), pelo Ministério da Saúde. Com o slogan “No Carnaval, use camisinha e viva essa grande festa!”, as peças publicitárias trazem o panorama de 260 mil pessoas vivendo com HIV e que ainda não estão em tratamento, e também de 112 mil brasileiros que têm o vírus e não sabem disso. Além de prevenir contra as infecções sexualmente transmissíveis, como a aids, o uso contínuo da camisinha também evita a gravidez indesejada.
Os jovens são o foco da campanha, já que essa é a faixa etária que menos usa camisinha. Pesquisa de Conhecimento, Atitudes e Práticas indica queda no uso regular do preservativo entre os que têm de 15 a 24 anos, tanto com parceiros eventuais – de 58,4% em 2004 para 56,6%, em 2013 – como com parceiros fixos – queda de 38,8% em 2004 para 34,2% em 2013.
“Intensificamos no Carnaval a campanha de prevenção ao HIV/aids, mas distribuímos camisinhas o ano todo. Este ano, estamos apelando especialmente aos jovens que usem camisinha, façam a testagem e, se infectados, busquem tratamento, que é gratuito e o melhor do mundo. E que no carnaval só tenhamos boas lembranças”, alertou o ministro da saúde, Ricardo Barros, no lançamento da campanha de carnaval deste ano em Salvador.
O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, ressaltou no evento o potencial do Carnaval para falar ao jovem. “Salvador sente-se honrada em ter o lançamento nacional da campanha de Carnaval e o alerta para o uso de camisinha. Nesse momento, conseguimos tocar no coração do jovem, que está na festa, sobre a importância do uso de camisinha e da preservação da vida”, enfatizou o prefeito. Também presente no lançamento, o vice-governador do estado, João Leão, apelou para o uso do preservativo no carnaval. “O espírito do baiano é carnavalesco, festeiro, quero pedir a juventude da Bahia que participe dessa festa, mas use camisinha, isso é bom para a saúde”, finalizou.
Com relação aos ainda mais novos, os dados preocupam ainda mais. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada nas escolas de todo o país com adolescentes de 13 a 17 anos, reforça esse cenário: 35,6% dos alunos não usaram preservativos em sua primeira relação sexual. O percentual das meninas que tiveram relação sem camisinha é de 31,3%, e dos meninos, é ainda maior: 43,02%. O mesmo estudo aponta que, quanto mais jovem, menor é o uso da camisinha. Enquanto 31,8% dos jovens de 16 e 17 anos não usaram preservativos em sua primeira relação sexual, esse índice sobe para mais de 40% entre os jovens de 13 a 15 anos.
Uma das justificativas sobre o jovem não ter o hábito de usar camisinha é o fato deles não terem vivido o risco de morte da doença. “Os mais velhos viram ídolos morrendo de aids, como Cazuza. Mas, hoje o tratamento é gratuito e está disponível no SUS. O fato é que as pessoas não estão mais morrendo, embora percam qualidade de vida. Então, é preciso que a população entenda o risco que envolve a transmissão da aids e se proteja. Queremos evitar que novos casos, todos os anos, se somem aos 800 mil brasileiros que já tem o vírus”, completou Ricardo Barros.
Presente no lançamento da ação, o músico Carlinhos Browns enfatizou a importância dessa campanha inserida em eventos de grande apelo popular, como o Carnaval. “É quando o Ministério vem na rua e faz a sua comunicação, porque não adianta ser uma ação de escritório, tem que vir in loco.
Não é possível que esse índice de portadores de 40 mil novos casos por ano continue existindo. É no carnaval que falamos sobre a utilização de preservativos, que deve seguir o ano inteiro. Viva essa alegria porque nossa saúde não pode entrar em crise, e use camisinha Brasil!”
O hábito de não usar camisinha tem impactado diretamente o aumento de casos de HIV e aids entre os jovens. No Brasil, a epidemia avança na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual a taxa de detecção subiu de 15,6 casos por 100 mil habitantes, em 2006, para 21,8 casos em 2015. Entre os mais jovens, de 15 a 19 anos, o índice mais que dobrou, passando de 2,8 em 2006 para 5,8 em 2015.
Outra característica preocupante é que, dentre todas as faixas etárias, a adesão ao tratamento nesse grupo é a mais baixa. Apenas 29,2% dos 44 mil jovens identificados no Sistema Único de Saúde (SUS) com a doença estão em tratamento. Os dados mostram que a cobertura cresce à medida que aumenta a idade das pessoas vivendo com HIV e aids. Na faixa de 25 a 34 anos, esse percentual é de 77,5%, mantendo-se superior a 80% em todas as outras faixas etárias até chegar a 84,3% entre os indivíduos acima de 50 anos.
De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV e Aids divulgado no final do ano passado, 827 mil pessoas vivem com o HIV. A epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,1 casos a cada 100 mil habitantes. Isso representa 40,9 mil casos novos, em média, no período de 2010 a 2015.


Agência Saúde

 

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