A reportagem VOZ entrou em contato com o secretário de Saúde e com o provedor da Santa Casa sobre a questão
No dia 20 de abril algumas mulheres grávidas que moram em Perdões estiveram na redação do Jornal VOZ indignadas e apreensivas com a falta de obstetra no hospital de Perdões – Santa Casa.
Muitas não têm condição financeira de arcar com as despesas de um(a) médico(a) obstetra.
Na rede social a amiga de uma das grávidas comentou:
” Só acho um absurdo o hospital não ter um obstetra, nunca tinha visto isso, se for parto normal é mais fácil, difícil é se for uma cesariana de emergência, ai tem que pedir a Deus para dar tempo de chegar em Oliveira .
Estou vendo a nova administração da prefeitura em pouco tempo mostrar serviço, só acho que essa é uma prioridade também. Várias grávidas não têm condições de pagar.”
A Santa Casa tem uma equipe de enfermagem apta para acompanhar os trabalhos de parto.
Uma mãe afirmou à nossa reportagem: “não tenho R$3 mil para pagar a cirurgia e ter a certeza de que eu e meu filho seremos bem assistidos.”
Uma das grávidas, que teve seus dois filhos na Santa Casa de Perdões, está previsto para entrar em trabalho de parto no próximo dia 15 de maio e está apreensiva em ter seu filho longe de sua cidade e da sua família.
A reportagem do Jornal VOZ, no dia 24 de abril, segunda-feira, na parte da manhã, entrou em contato com o secretário municipal da Saúde, Jeferson Almeida/Jefinho e com o provedor da Santa Casa de Perdões, Aderlei José Freire e as mesmas perguntas foram encaminhadas a ambos.
O secretário de Saúde, Jeferson Almeida nos respondeu que: ”Tivemos uma reunião com a equipe da Santa Casa hoje (24) às 20 horas. Estamos repassando mais R$40 mil para o PA da Santa Casa e discutirmos essa situação. Ficamos de entrar em acordo sobre os valores para a Santa Casa realizar os partos aqui mesmo, em Perdões.
Na reunião de hoje o Teco se mostrou disposto a resolver essa situação.
Acho que se a Santa Casa ceder um pouco na questão de valores e a Prefeitura ajustar o repasse, vamos conseguir voltar a obstetrícia pra cá.’’
Já o provedor da Santa Casa de Perdões, Aderlei José Freire, informou que:
Jornal VOZ: Estamos recebendo muitas reclamações de gestantes e mães indignadas com a falta de obstetra no único Hospital de Perdões.
Queremos levar esclarecimentos para a população. Qual é a real situação? Por que a Santa Casa parou de prestar este serviço?
Aderlei: É muito bom poder responder de maneira clara à população sobre este assunto.
Posso afirmar que a Santa Casa tem toda estrutura preparada para prestar este serviço à população. Temos salas, blocos cirúrgicos, equipamentos, equipe técnica de enfermagem qualificada, enfim, tudo que é necessário.
Porém não temos dinheiro para contratar médicos especialistas para prestar o serviço 24 horas por dia, nos 30 dias do mês.
Hoje a situação financeira da Santa Casa é bastante apertada, não temos dívidas ainda, mas estamos no limite de gastos. Se não fossem as contribuições do Carnê Doação já teríamos fechado outros serviços, como as cirurgias eletivas por exemplo.
E isso é muito triste, porque poderíamos fazer muito mais!
Poderíamos evitar o sofrimento dos doentes e de seus familiares em longas viagens de ambulância para serem atendidas em outras cidades, às vezes muito distante daqui, com atendimentos que a Santa Casa tem estrutura para fazer.
Hoje temos estrutura para outros atendimentos, mas não temos dinheiro para manter o serviço funcionando, com a contratação de médicos especialistas.
Claro que tem alguns atendimentos que não temos como fazer em nossa cidade, por falta de estrutura para atendimento de alta complexidade, mas a grande maioria do que levamos para outras cidades poderiam ser resolvidos aqui. Como exemplo claro disso o serviço de obstetrícia.
Não quero dizer que é culpa deste ou daquele político ou pessoa. E também dizer que não foi por falta de vontade do provedor anterior, sr. Rafael Abreu, que lutou para que o serviço fosse mantido, mas infelizmente não temos dinheiro para isso. Acho que não é o momento de buscar culpados e sim olhar para frente e resolver a situação.
Jornal VOZ: O que a Santa Casa pretende fazer em relação a isso?
Aderlei: Nesta semana, nós da diretoria da Santa Casa e parte do corpo clínico do hospital, fomos nos reunir com o Prefeito Teco e o Secretário de Saúde Municipal, o Sr. Jefinho, em busca de recurso financeiro para que possamos contornar esta situação.
Fizemos proposta para eles, para que repassem para a Santa Casa o valor necessário para retornarmos com este serviço.
Solicitamos recursos para equilibrar as contas da Santa Casa, porque senão teremos é que cortar outros serviços, além de não retornar com a obstetrícia.
Fomos também à Câmara Municipal para expor a situação, para que os vereadores nos ajudassem a buscar soluções, mas infelizmente, por não agendar com antecedência não conseguimos ser atendidos. Mas já fomos convidados a participarmos da próxima reunião e sei que receberemos total apoio de todos os vereadores, que sempre se prontificaram em nos apoiar.
Jornal VOZ: O caso é de urgência. Estão buscando alguma solução?
Aderlei: Sabemos sim da urgência e gravidade da situação, porém, nós da Santa Casa sozinhos não temos dinheiro para manter este serviço funcionando.
A responsabilidade pela Saúde é do Município. A Santa Casa presta este serviço para a população e o município nos reembolsa através de repasse por subvenção.
Hoje já existe um repasse para a manutenção do PA (Pronto Atendimento), porém o valor repassado é insuficiente para manter outros serviços.
Não estou de maneira alguma dizendo que é por falta de vontade ou de capacidade do nosso prefeito e secretário de Saúde. Sei da dificuldade em equilibrar as contas do município.
Cidades pequenas têm muitas dificuldades em manter toda a estrutura necessária em funcionamento devido a baixa receita que o município tem.
Mas tenho certeza que haverá um esforço conjunto entre a Prefeitura, a Câmara Municipal e a Santa Casa para o bom funcionamento do sistema de Saúde de nosso município.
Podem contar com a Santa Casa para isso!