Lembrar fatos de décadas passadas e não lembrar o que comeu no almoço. Sintomas de uma doença incurável e progressiva que maltrata o paciente e toda a família.
Alzheimer, causa de demência e distúrbios cerebrais. No início o paciente começa a ter problemas com a fala, coisas que acabaram de acontecer somem de sua memória. Hora e dia da semana são esquecidos, sem condições de tomar decisões simples e corriqueiras, desmotivação, depressão, ansiedade, agressividade repentina e descabida, desinteresse por coisas comuns que antes eram agradáveis. É como se o livro já esteja escrito e nada possa ser adicionado. A mente recusa-se a mais anotações, e novas emoções não são bem-vindas. Nada pode sair do ‘script’, qualquer mudança no dia a dia pode ser traumático e gerar reações adversas e inesperadas. 15 milhões de pessoas têm Alzheimer no mundo. Com o aumento da longevidade humana estima-se que este número tende a aumentar muito. Em estado avançado da doença o paciente apresenta dificuldade em comer e se comunicar, não reconhece pessoas próximas, não entende o que acontece a seu redor, incontinência urinária e fecal e confinamento em seu canto são alguns sintomas.
Condições ambientais e estilo de vida, além de fatores genéticos são determinantes na combinação de fatores que podem levar uma pessoa a ter Alzheimer. Células cerebrais vão morrendo aos poucos e literalmente há uma diminuição do cérebro. Não existe nenhuma receita que venha a evitar o Alzheimer, porém podemos diminuir os riscos com um estilo de vida mais saudável. Obesidade, tabagismo, pressão alta, colesterol e diabetes são agravantes e aumentam o risco da de ter a doença. O INSS reconhece a doença e prevê um auxílio para ajudar com a despesa de ter um cuidador do paciente. Um acréscimo de 25% ao valor da aposentadoria é pago ao assegurado que necessita de assistência permanente de um cuidador.
Cuidador de idoso, uma profissão em alta no mercado, mas que exige muito mais que o desejo de trabalhar e gerar renda. O cuidador de idoso se entrega ao seu cliente. Faz o trabalho que os familiares não podem ou não querem fazer. Dia e noite estão lá, uma responsabilidade enorme. Cuidar de alguém frágil física e mentalmente. Com a única certeza que cedo ou tarde ficará sem trabalho. Logo seu cliente partirá. A seguir o testemunho da Sandra, Cuidadora de Idosos. Só o amor pode justificar a decisão de abraçar esta profissão.
Meu nome é Sandra Nara Lehmkuhl Duenas, 56 anos, mãe de 3 filhos, dois naturais e um adotivo e com dois netos lindos. Residente em Curitiba-PR, irmã de Sandro Nery Lehmkuhl, residente em Perdões-MG, tenho como profissão cuidadora de idoso e é exatamente sobre essa profissão que gostaria de falar.
Há 4 anos atrás tudo corria normalmente até que nossa família recebeu uma notícia que iria mudar totalmente nossas vidas. Minha filha de 27 anos, casada há 2 anos, grávida de 2 meses estava com Linfoma não Hodgkin, células T, lutamos durante 7 meses consecutivos, até que Deus resolveu levá-la para seu lado, a partir desse momento resolvi cuidar de doenças terminais e cuidar de idosos com Alzheimer, acabei me especializando no último, por ser uma doença tão ingrata, que maltrata tanto o paciente, a família e também quem cuida.
Uma terrível doença que começa te fazendo esquecer as coisas pequenas e te arrasta por anos em um pesadelo, até ao ponto de não saber mais quem você é, onde você vai, não reconhecerás mais teus entes queridos. Eu vi pessoas se transformarem no fantasma de si mesmas e nos seus olhos já não se reconhece a pessoa amada, mas apenas o espectro da doença. Pequenos lampejos de consciência encarcerados na hibernação das emoções, que não encontram espaço nos cantos de um sorriso ou no desejo de um abraço.
Já fui amada, maltratada e até agredida, profissão cansativa e desgastante física e emocionalmente, porém nada me faz desapaixonar ou desistir dessa profissão, que o ingrediente principal é o amor e a dedicação.
Hoje mais do que nunca, quero a cura para o Alzheimer e as demências de qualquer espécie. Quero mais apoio para as famílias e mais direito aos cuidadores!
por Sandro Nery Lehmkuhl e Sandra Nara Lehmkuhl Duenas
