Julho e Agosto – no clima de exposições agropecuárias com muitos shows pelas cidades da região. Aliás, a Expô Perdões 2019 de 8 a 11 de agosto também teremos a brilhante presença dela na abertura, em cima de um cavalo.
Ela que traz no coração o amor aos animais e à natureza.
Ela que já participou e se destacou em tantos torneios, especializou na doma de cavalos .
Ela com seu jeito tímido e ao mesmo tempo determinado quando o assunto é equitação.
De quem estamos ‘falando’?
Juliana Rossi, amazona, domadora, formada no curso de Técnico em Enfermagem.
Juliana de Oliveira Rossi, 33 anos, nasceu em Lavras, vive em Perdões desde 2004; viveu na roça e depois foi para a cidade em 2007.
Ela é filha de Maria Aparecida Oliveira e Arlindo Rossi; irmã da Patrícia.
A entrevista à nossa reportagem foi no dia 16 de julho, ao ar livre, embaixo de uma árvore, no sítio ” Nosso Cantinho” na Comunidade Limeira, na cidade vizinha de Ribeirão Vermelho-MG, onde mora atualmente e lá encontramos, cavalos, bois e cachorros, gatos, aves, etc.
Jornal VOZ: Como iniciou essa paixão pelos cavalos, enfim pelos animais?
Juliana Rossi: Então, minha mãe sempre gostou de cavalos. Já é um dom. Desde os 5 anos de idade que eu mexo, a gente sempre morou em roça, tive vários contatos com os bichos.
Meus pais sempre foram empregados em roça e tinha contato com os cavalos dos outros.
Jornal VOZ: E hoje você tem contato e trabalho com uma raça de cavalos?
Juliana Rossi: Após ter meu próprio pedacinho de terra, meu próprio cavalo com a ajuda do meu ex-companheiro, hoje tenho cavalos da raça Mangalarga.
Fiz um curso de doma juntamente com a Lyne (Dutra), começamos a ir para haras e passei a gostar do Mangalarga. Até então, eu não tinha contato com essa raça de cavalos.
Jornal VOZ: Onde você fez esse curso?
Juliana Rossi: Fiz na cidade de Perdões pelo Sindicato Rural.
Após esse curso a Lyne passou a vir para cá (Sítio Nosso Cantinho), eu já tinha uns cavalos aqui e ela observou/descobriu que eu tinha postura para começar a participar de campeonato.
Ela começou a me dar umas aulas e depois disso tive a oportunidade de fazer uns cursos e aperfeiçoei mais na área.
Depois de estar mais preparada, pude montar em Copa de Marcha, comecei a ganhar títulos. Aí não parei mais.
Jornal VOZ: Você lembra o primeiro e alguns que você ganhou o título?
Juliana Rossi: Primeiro foi em Bom Sucesso, eu até estava com meu pé trincado no dia e fui campeã. Foi uma emoção muito grande porque eu queria participar, mas não esperava ser campeã. Isso tem cerca de 4 anos.
Jornal VOZ: Essa harmonia com os animais é um dom de Deus, ou é uma coisa que você pode aprende durante a vida?
Juliana Rossi: É um dom de Deus.
Jornal VOZ: Além dos cavalos você tem outros animais aqui?
Juliana Rossi: Sim. Galinha, porco, bezerro, cachorro, gato.
Temos que amar os animais. Jamais judiar. Os bichos são dóceis . A gente tem que saber entendê-los – eles sentem dor, tudo o que a gente sente…
Jornal VOZ: Durante a sua participação nos campeonatos observamos que uma das suas características é a ‘cor rosa’. Por que?
Juliana Rossi: Eu sempre gostei dessa cor.
Aqui tudo é relacionado a essa cor. A carretinha e minhas roupas. Cada um acha uma coisa, mas é só o meu gosto que coloco naquilo que gosto.
Jornal VOZ: Além da roça você exerce ou tem outra formação?
Juliana Rossi: Formei em Técnico em Enfermagem, fiz um curso de socorrista, só que eu não quis atuar na área porque o meu negócio é com os bichos. Fiz também curso de Auxiliar de veterinária para ajudar os animais
Jornal VOZ: Você tem o apoio da família nos campeonatos?
Juliana Rossi: Tenho. Por mais perigoso que acham, porque costumo pegar uns cavalos para amansar.
Jornal VOZ: Você acha que ainda tem preconceito para a mulher participar de campeonatos e rodeios?
Juliana Rossi: Deveria ser igual para todos, mas infelizmente tem muito preconceito. O pessoal acha que a gente não é capaz – ou seja, que as mulheres não são capazes de fazer o que os homens fazem. Pelo contrário, muitas vezes a mulher faz o serviço bem melhor do que os homens, porque a gente tem um dom, tem uma paciência. Às vezes o homem judia. Mulher é mais sensibilidade.
Jornal VOZ: Nessa área qual sonho você conseguiu realizar?
Juliana Rossi: Eu tinha um sonho em participar da Nacional e aí tive a oportunidade de ir no ano passado e peguei o primeiro prêmio. Foi uma emoção muito grande porque eu não estava esperando esse título. Ainda comentei com amigos que achava que não estava tão preparada, mas queria participar e tirar uma foto naquela pista (Gamaleira em Belo Horizonte/MG).
Uma festa muito grande – participei com 14 meninas lá.
Jornal VOZ: No início da entrevista você citou que a Lyne Dutra a ajudou e incentivou bastante. Interessante que ela fala o mesmo sobre você. É importante a confiança e a amizade nesse ”mundo animal”?
Juliana Rossi: Sim. Nos ajudamos mutuamente
Eu a ajudei numa parte e ela me ajudou em outra.
Devo muito a ela essa conquista que eu tive, esse campeonato…Ela e ao Douglas, porque se não fosse ele, eu não teria os meus cavalos, a roça aqui. Ele é a base também.
Jornal Voz: Você dá aulas na área?
Juliana Rossi: Sim, estou orientando algumas mulheres. Eu não gosto das coisas só pra mim. Gosto de compartilhar.
Jornal VOZ: Pelas redes sociais, observamos mulheres que pedem orientações para você, além da cidade de Perdões, você pode citar para nós as outras cidades?
Juliana Rossi: Belo Horizonte, Bahia, sempre estou passando informações, pois quanto mais mulheres nessa área – Raça Mangalarga é melhor. Incentivo, porque muitas pessoas ficam receosas de ir.
Jornal VOZ: Outros Títulos e participações
Juliana Rossi: São Lourenço, há dois anos, Copa de Marcha. Lá ganhei o colar de ouro, entre 15 participantes. Nesse dia estava chovendo e quando falou meu nome, fiquei sem saber o que fazer de tão emocionada.
Também estive em Madre de Deus e outras cidades da região.
Jornal VOZ: Você vai participar da abertura da Expô Perdões 2019 – a 38ª?
Juliana Rossi: Sim, eu, a Elen de Lavras (até fizemos a abertura do Rodeio em Lavras esse ano), e a Ester, que é de São Sebastião da Estrela.
E vai ter também a 1ª Cavalhada Feminina de São Sebastião da Estrela, no domingo, dia 28, na qual também participo.
É um evento que muitos estão esperando, uns torcendo, outros achando que não conseguiremos, mas vamos surpreender. Se Deus quiser, vai dar tudo certo, estamos aguardando um grande público.
Os ensaios estão sendo muito interessantes. Ensaiamos todos os domingos. Somos 16 mulheres e os 2 guias.
Jornal VOZ: Para finalizar
Juliana Rossi: Fé em Deus, Nossa Senhora e em São Jorge.
Não troco a natureza, a vida na roça pela cidade. Aqui é meu mundo, quero sempre estar no meu cantinho.
Em cima de um cavalo me sinto segura, me passa uma energia muito boa que muitos seres humanos não têm.
Sempre vou carregar essa fé no meu coração.