103 anos de Perdões

28 de fevereiro de 2016 11:31 1792

No meu dicionário afetivo

Ele não é o caçula, mas é o menorzinho e na ordem cronológica ele é o segundo, entre os 12.
Quem será? O que será? No meu dicionário Afetivo ele é considerado bem-vindo. Por que? Bem. Vou dizer quem ele é, para não dar trabalho à minha e a sua memória. É o fevereiro. Um mês pequeno, que muda as datas sem a menor cerimônia. Exemplo: Zé Fernando, (pai) me disse que ele tem só 28 ou 29 anos de idade, porque só ‘aniversaria’ de 4 em 4 anos. Esse ano você faz festa e fica mais velho, não é Zé? Desde já parabéns, com votos de saúde, amor e paz.
Aqui em casa são dois aniversários. Um abre (1º) o outro fecha (28).
Ana Nery e Bionda, são as aniversariantes. Desejo às duas, muita saúde, amor, paz, tranquilidade, Fé em Deus, Fé na vida, Fé no que virá.
Fevereiro é, também, o mês de volta às aulas. É aquele corre-corre de papelaria em papelaria, por alunos e pais, não em busca, do melhor preço, sim, ao mais agradável, aquele que enche os olhos de prazer e satisfaz os desejos de beleza e originalidade. São os cadernos.
Sim, aos mais vistosos, mais alegres, mais interessantes, mais repletos de novidades. Delcalques para todo trabalho. Figuras exóticas que enfeitam cadernos desde o prezinho até o científico (será que ainda é considerado assim??)
Geralmente fevereiro é metade carnaval, metade quaresma. Aí vamos servir a 2 senhores. Preparar para receber o rei da Folia. Ele está bastante esquecido, sumido, mesmo. Estará doente? Ou foi substituído por autoridade maior . Rei momo, de vermelho, barrigudo, visitando salões e cordões; blocos pelas ruas em euforia, distribuindo alegria.
Na 2ª metade do mês, vem a Quaresma. Tempo de prepararmos para a Páscoa da Ressurreição do Senhor.
Via Sacra, relembrando toda via-crúcis de nosso querido Jesus. Seu sofrimento, desde a prisão, até a Morte de Cruz. Jejuns, abstinências, confissões, caridade, amor, piedade, misericórdia para com nossos irmãos necessitados, é o que mais pede a Igreja de Jesus Cristo, pela voz serena, carinhosa, iluminada de nosso Amado Papa Francisco.
No meu tempo de jovem, entre meus 15 a 19 anos, acrescentávamos mais uma coisinha. Quem não gostaria de se enfeitar com um vestido novo? Ou dois?
E como ficávamos bonitas
Com nossos vestidos de chita
Estampa de flores vermelhas, azuis, amarelas,
Ou com flores miúdas singelas.
A chita era um tecido que comprávamos ao preço de 1 até 2 réis.
Os vestidos novos eram usados com pouco de vaidade por algumas e muita vaidade por outras, no Domingo de Ramos, missa das 10 horas.
O outro vestido de flores singelas, miúdas, amarelas, era para a 5ª feira, dia mais significativo, na História da Igreja. Depois de toda cerimônia religiosa, ainda havia um tempinho, para dar umas voltinhas no jardim. No belo jardim admirado por todos que chegavam de outras paragens, para “assistir” a Semana Santa, aqui com parentes e amigos, que só se viam nesse abençoado tempo de Luz, Amor e Fé. Árvores com lindas e variadas espécies de orquídeas.
Ciprestes moldados em animais, faziam a alegria das crianças.
Eu disse: havia um tempinho….. porque às 21 horas (9 da noite). Tínhamos que chegar em casa.
Motivo sério de ir ao famoso Jardim da Praça da Matriz, por ser o ponto de encontro, com o namorado ou namoradinho. Outro motivo: Quem ainda não tinha o seu amado, ia lá na esperança de conquistar o “príncipe encantado de seus sonhos”.
Naquele tempo era uso oferecer à pessoa amada um Acróstico.
Tenho 2. Pela primeira vez, vou colocá-los à apreciação de meus leitores, que, com certeza, já receberam, escreveram, e remeteram alguns acrósticos.

A ela

Anjo de meus amores
Lembranças tenho de ti
Boneca cheia de cores
Adoro-te lá e aqui.

Riso, tristeza, saudade!
Esperança, carinho, amor
Saem de tua bondade
Este cenário de cor
Note por caridade
Desalento, ódio, vigor
Esperança, carinho, amor!…
Perdões 1936

O outro

Acróstico Wilson de Oliveira

Amor! Sonhos sobre sonhos que darão um sonho
Lindo como as coisas que não tem defeito!
Boca contra boca, é um beijar risonho…
Adeus que contra adeus, vem rebentar o peito.

Rosa entre rosas!… beijo ao pé de beijo
E isto é amor entre os amores
Zumbir de borboletas a respirar das flores
Este aroma santo que de bom eu vejo
Não tem por cento o senso de um gracejo
Deponho, pois em ti, os meus ardores.
E a minha dor, que surge dentre as dores.
Três Corações – 1938

Amei. Me julguei “rainha” quando os recebi. Lá se vão 78 anos.
Eu estava com 17 anos. Esperava para receber meu diploma de Normalista. Eram muitas emoções.
Pensei em uma “novidade moderna”, que apesar de meus quase 95 anos, pratico. E o Facebook, linha do tempo, não sei mais o que.
Será que receberia alguns “curtir?”
Pergunto, porque, se me interesso, eu curto.
Do contrário, podem dizer: Gostei, muito bom, ótimo! Eu não curto.Fevereiro está findando. Tomara que março tenha a mesma felicidade do menorzinho. Nossa Senhora da Piedade, deixará a quase paróquia e virá para Senhor Bom Jesus dos Perdões.
Abraços, porque a fé está no ar!
Amém! Amém! Amém!
Em tempo – quantas palavras afetivas temos aqui? Se contei direitinho, temos 54 palavras afetivas.


Por Alba Rezende Bastos (D.Iaiá)

 

Compartilhe este artigo