A Campanha da Fraternidade: espaço para paisagens de amor, diálogo e esperança

2 de março de 2021 10:06 424

Que todos sejam um, como tu, Pai,
estás em mim e eu em ti.
Que eles estejam em nós,
fim de que o mundo creia que tu me enviaste.
(João 17, 21)


O cristianismo guarda a autoconsciência de sua universalidade. Esta sua vocação segue o mandato de Jesus de Nazaré – “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti” (João, 17, 21). O significado do “ecumenismo” parte, portanto, da mensagem cristã. A vocação ecumênica é um caminho para a esperança de vida e vida mais humana. É um espaço de pouso, habilidades e escalas para desenhar outras paisagens na horizontalidade do diálogo.
Vivemos um momento para atravessar todo tipo de fronteira. A fé cristã é um convite para o caminho da unidade. A mensagem de Jesus não se limita a uma religião determinada e a Igreja Católica é “Universal”, por isso, não se limita a ser romana. Tem de tornar-se latino-americana, africana, indígena, cigana. Tem de desprender-se de um só rosto para se tornar chinesa, indiana, universal. Outras cores, raças, crenças e religiões ativam o significado da fé e do amor. Não pode ser clerical, tem que ser “Povo de Deus” para formar um conjunto valioso – uma “comunidade”.
Esta é a proposta da “V Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021” – Fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Fraternidade não tem depois. Fraternidade coloca a vida na história, com isso carece de ser inserida em atitudes, gestos, ideias, projetos, bem como na complexidade das relações. Como escreveu o poeta João Cabral de Melo Neto: “Acordar não é de dentro. Acordar é ter saída”. É partir para além do último horizonte.
O CEHILA-Brasil (Centro de Estudos de História da Igreja na América Latina) apoia o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), os diversos organismos ecumênicos, entre eles o CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Campanha de Fraternidade de 2021 pelos seus desdobramentos e esforços de solidariedade humana e cristã.
O desafio de recriar a própria espiritualidade e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária é uma forma de viver o cristianismo concretamente. E hoje, as religiões têm que se unir para lutar, não apenas contra os ídolos, senão contra as pinturas e imagens destorcidas de Deus. Em vez de se tornarem reféns de ortodoxias, devem abrir iniciativas de participação, libertação e inclusão com a marca da leveza evangélica, para dialogar com as diversidades do mundo contemporâneo. Com este mapa, seja qual for o percurso, será possível “descrucificar” o Outro e romper com o imobilismo ortodoxo. A realidade histórica é maior e sua causa hoje, mais do que em outros períodos, são as questões universais, o espaço do cotidiano, a dinâmica do encontro, as experiências. A verdade que a gente encontra não termina.


Diretoria do CEHILA
Presidente: Mauro Passos
Vice-presidente: Newton Darwin de Andrade Cabral
Secretário: Wagner Lopes Sanchez

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