Iniciamos no final de Janeiro 2021 uma série de biografias onde a cada edição compartilhamos a história de vida das nossas associadas. Assim, dando continuidade, hoje vamos contar um pouquinho do cotidiano da Dona Zeni.
Dona Zeni nos conta orgulhosa que nasceu e sempre morou na roça. “Eu sou do tempo onde o café era adoçado com rapadura”. Cresceu seguindo os ensinamentos dos pais, os quais eram transferidos aos filhos na “lida diária” na propriedade, durante as épocas das colheitas, por meio dos momentos de orações e aos finais de tarde onde a família se reunia para ouvir os “causos contados pelos mais velhos”.
Assim, Sra. Zeni com toda sua simplicidade e calma descreve “Foi uma época de grandes dificuldades, pois com poucos recursos era preciso plantar de tudo para o sustento da família e para ter também uma fonte de renda. Mesmo com as dificuldades ela nos confidencia “tudo isso deixou lembranças que jamais quero esquecer, elas estão guardadas como um tesouro no meu coração”.
O tempo passou e aos dezessete anos se casou com Lauri que também era agricultor e trabalhava na propriedade dos pais. Eram doze irmãos que na falta dos pais decidiram dividir as terras. E nos conta “Na nossa propriedade na Represa (Sítio Areia) plantamos hortaliças e flores que antes vendíamos aos Domingos nas comunidades vizinhas”.
Durante as entregas do PAA é possível ver como o amor pelo plantio transborda os limites da propriedade, as entregas que eles participam são sempre regadas de muita fartura. E as flores? Somos sempre presenteadas (os) com o envio de fotos de belíssimas rosas e orquídeas cultivadas no Sítio. Elas são um retrato da simpatia e harmonia do casal.
Compartilhando sobre suas vivências Sra. Zeni revela: “Hoje graças a Deus as coisas estão melhores, lembro com orgulho das dificuldades que passamos no início, saiamos para vender as verduras no carrinho de mão”. E continua “Atualmente com a aposentadoria podemos plantar para proporcionar aos filhos verduras cultivadas no sistema tradicional de cultivo igual aos dos nossos pais e para não deixar a tradição acabar”.
Sobre sua relação com AMAGRI revela: “Sou grata a AMAGRI que nos ajuda a vender as nossas verduras e muito feliz de saber que são destinadas a pessoas que precisam e, principalmente, para as crianças que são o futuro do nosso Brasil”.
Dona Zeni mesmo já aposentada com os filhos crescidos e encaminhados faz questão de cultivar junto com seu esposo o próprio alimento, o qual também nutre seus filhos e os atendidos pela rede sócio assistencial. Assim, percebemos com sua história de vida que há uma conexão com o cultivo da terra, herança familiar e geracional o que motiva e estimula Dona Zeni e seu esposo a manterem-se firmes em seu propósito: cultivar um alimento de qualidade, seguro e sustentável. Essa travessia de uma geração à seguinte deixa legados, rituais e tradições culturais mantendo assim a tradição e cultura familiar.
Jucilaine Neves Sousa Wivaldo
Luciana Maria Arriel Soares