Viviane Mosé, filósofa brasileira, contribui com uma visão bastante interessante e filosófica do cenário internacional e doméstico da crise política que vivemos e, essa discussão se faz importante e que poucas pessoas têm a audácia de debatê-lo e levá-lo adiante. Então, temos um país e além disso temos um mundo que vive confrontos seríssimos e gravíssimos, e que nenhum desses problemas passam por nossa cabeça.
Há alguns anos, uma pesquisa feita por uma fonte dígna e séria, mostrou que a maior preocupação em relação ao futuro é a instabilidade econômica mundial, em segundo lugar é o terrorismo e o terceiro o meio ambiente. No entanto, na América Latina, existe uma preocupação com o meio ambiente, mas não com a instabilidade econômica mundial. Evidentemente que isso não é notícia! A América Latina, portanto o Brasil, não tem uma notícia ou reportagem sobre o perígo da instabilidade econômica mundial e o que significa a Europa, EUA, China e o que representa o Brasil nesse cenário internacional. Consequentemente, a crise brasileira é observada isoladamente, logo, ela não tem contexto. Observamos então uma contradição por parte da imprensa, já que o papel dela é dar contexto a nossa crise, mas não o temos. O que temos são os vilões e os herois, inclusive, não temos. Perceba que nesse debate não temos heroi, apenas um vilão. Logo, o que existe é um quadro onde você identifica meia dúzia de vilões e passamos a vida toda jogando pedras, com uma viseira e como se aquilo fosse o único foco.
Assim, vemos que todas as manchetes ou matérias, são sobre a “crise” ou “apenas da crise”, a palavra “crise” está o tempo inteiro presente. Há um sério problema cognitivo, grave, partidário e sectário. E com isso, nem tangenciamos o grande debate e o nosso maior problema. Tínhamos uma presidenta eleita e reeleita, essa questão era fato. Havia uma presidenta no governo que fazia o país caminhar, mas que foi barrada com a ajuda de uma impressa golpista. Esse caminhar do Brasil precisava de um diálogo mínimo com o governo, independente do que achavam dele, mas era o que estava ali. A articulação mínima daquele governo foi cortada e toda palavra do governo era vista como parte do vilão. Bastávamos ver os ganhos que tivemos e os progresso, mas sem dúvidas, em nenhum lugar esses ganhos eram apontados. Ou seja, eram negados ganhos reais e concretos, onde todos sabiam que estão ali, porque você não podia falar bem do governo. Enfim, o que existia era um debate pobre, simplista e quem saiu perdendo foi o Brasil.
*Bruno Alves Cardoso Silva
Filósofo pela Universidade Federal de Ouro Preto
Analista Internacional pela Universidade Federal do Pampa