Andreísa Teodoro – ‘‘Corro para ser feliz!’’

8 de novembro de 2021 9:56 549

Andreiza Aparecida Teodoro Souza, perdoense, nasceu no dia 06 de abril de 1973; filha de Joel dos Santos Teodoro e Isabel Francelina Teodoro; mãe da Larissa e do Guilherme; avó do Lucca; irmã da Salete e da Janaína.
Uma mulher de fibra que superou desafios e enfrentou obstáculos. Professora por vocação e talento. Atleta por convicção de que pode e merece ser feliz na longa caminhada da vida.
Com formação em Pedagogia e Normal Superior. Trabalha em Perdões e em Lavras na Educação Especial.
A entrevista foi gravada na segunda-feira, 1º de novembro, na sala da sua casa no Bairro Caridade, onde mora desde que nasceu – há 48 anos. Na atual casa, reside há 25 anos. Lá fora uma forte chuva e no aconchego da sua casa ela expressou a sua emocionante verdade.

Jornal VOZ: Sobre a sua infância – o esporte já era presente?
Andreiza: Esporte não. Eu gostava muito de livros. Eu era até diferente – meu pai falava que me achava madura pela idade.
Os meninos brincando e eu em cima de uma árvore lendo. Alfabetizei com minha irmã que é um ano mais velha do que eu. Não fiz pré, porque não quis ficar nesse período e entrei junto com ela.
Jornal VOZ: O que a fez optar pela “Educação Especial”?
Andreiza: Acredito que a Educação Especial que me escolheu. Foi acontecendo.
Eu ia nos editais e a vaga que tinha era em Educação Especial. Assim, fui fazendo cursos e isso já tem 10 anos.
Jornal VOZ: Você tem se destacado muito nas corridas, subindo ao pódio, troféus, medalhas. Como surgiu esse esporte na sua vida?
Andreiza: Então… eu nunca gostei muito de esporte, tanto que a Larissa (filha) já corria com o pai dela e um dia ela me chamou para acompanhá-la. Aí eu disse que não iria, porque até então eu não gostava de correr, uns quilômetros para mim, era muita coisa. Então fui para experimentar, para lhe fazer companhia e fui ficando…
Jornal VOZ: E você se lembra quando foi isso?
Andreiza: Foi há três anos. Foi na fase mais madura. Eu penso que a organização de Deus para chegar até a gente – os caminhos que ele tem, sem estrada. Ele usa de alguma maneira para chegar até nós.
Aí o que aconteceu? Eu me separei do marido e ficando deprimida. E a gente pensa que não tem depressão…
Embora hoje eu entenda que era uma depressão funcional porque eu continuava trabalhando, nunca perdi um dia de serviço, mas a tristeza continuava dentro de mim.
Revolta não! Nunca fui revoltada. Tinha entendimento por causa da religião espírita. Entendo que a religião me preparou para esse momento.
Quando aconteceu essa separação muito doída, mas eu sabia que o ciclo estava fechando – precisava viver aquilo.
Jornal VOZ: Quando estava casada, então não participava dessas corridas?
Andreiza: Não, jamais!
Depois procurei um caminho. Eu acho assim – sou aquela ovelha perdida que Jesus deixa 99 e volta para buscar a que faltava. Foi o caminho que Ele encontrou para chegar até mim.
Jornal VOZ: Você se lembra da primeira medalha ou troféu que ganhou?
Andreiza: Lembro. A primeira vez que eu subi no pódio, eu tinha três meses de corrida. Eu subi na UFLA – cheguei em terceiro lugar. Foi emocionante. Eu não entendia nada de corrida. Fui participar – a Mirna me convidou, quando ouvi meu nome, no início não acreditei, não dei importância, mas depois foi muito emocionante.
Como Deus cuida da gente! Senti-me valorizada – ver que tinha algum valor.
E assim através do esporte, da corrida comecei a me descobrir.
A corrida foi uma transformação tão grande na minha vida, porque eu sou tímida desde criança, mesmo sendo boa com o lápis, falar tenho uma certa dificuldade.
E a corrida me levou a conhecer pessoas, entrar em Grupos e quando anunciam uma corrida, eu ligo, pergunto, me dá carona. Jamais faria isso há uns 5 anos atrás.
Jornal VOZ: Há quanto tempo você está correndo?
Andreiza: Há três anos e em abril de 2022 completo 4 anos.
A corrida me levou a pisar no solo da São Silvestre. Não foi planejado, nunca sonhei…
Jornal VOZ: Você tem patrocínios para essas corridas?
Andreiza: A gente corre mesmo por gostar. Corre para ser feliz.
Jornal VOZ: Mesmo quando não está correndo, você tem uma preparação?
Andreiza: Sim. Disciplina. Frequentei academias, mas agora estou fazendo Crossfit com a Sandryelle. Treino 3 vezes na semana e 4 de corrida.
Tenho muito disciplina também com a alimentação.
Jornal VOZ: E nesse período de pandemia, você parou?
Andreíza: Eu não parei. Ia para a zona rural treinar.
Jornal VOZ: Conheceu muita gente?
Andreiza: Sim, conheci – muitas amizades de Perdões e por aí afora.
Jornal VOZ: E sobre a São Silvestre, o que significou estar lá?
Andreiza: Fui com o convite de uma colega, eu chorei na corrida o tempo todo. Um sonho que não havia sonhado, mas pisar lá naquele solo é como um lugar sagrado.

Jornal VOZ: Cite algumas cidades que você participou da corrida.
Andreiza: Em Tiradentes – fui na X-Terra, uma corrida famosa; Campo Belo a gente vai muito, Lavras, Três Pontas, Belo Horizonte e outras.
Jornal VOZ: Você está se preparando para alguma corrida atualmente?
Andreiza: Sim. Vou participar de meia maratona no Rio de Janeiro no próximo dia 14.
Jornal VOZ: Além da corrida, você pratica algum outro esporte, ou nesse meio tempo aprendeu, aprimorou em outro esporte?
Andreiza: Eu não sabia andar de bicicleta, então com incentivo de meu neto de 5 anos de idade, ele andava de bicicleta e eu tinha que ficar correndo atrás dele e ele falava “vai vovó, você consegue”. E aos pouquinhos fui aprendendo e hoje pedalo com ele no quarteirão, às vezes vamos até a Lagoa e voltamos.
Inclusive essa tatuagem no braço (duas bicicletas) é em homenagem a ele. Eu tinha um sonho de infância – me via em sonho, pedalando e graças a ele, pude enfrentar esse ‘medo’, mais um desafio.
Jornal VOZ: O que você pode dizer à mulheres sobre ir atrás do que acredita, não desistir? Ou às vezes dá um desânimo?
Andreiza: Sim. Essa semana eu corri cinco dias, porque eu participei da corrida ontem (31 de outubro, domingo) em Campo Belo.
Então hoje, com a chuvinha, eu estava desanimada, o cansaço, mas eu penso que tenho que fazer. Se eu não fizer, não me sinto em paz. Seja com chuva ou sol, qualquer problema que eu tenho, primeiro eu corro para depois resolver.
A corrida me ajuda em todos os sentidos da vida. Corro para ser feliz. Essa paz quanto mais eu corro em quilômetros, mais eu corro para dentro de mim.
Eu não superei apenas problema físico com a idade. Já não sou tão jovem, mas também foi um processo de cura interior – renovou-me.
Jornal VOZ: Cada medalha representa o que para você?
Andreiza: Como eu falei, a mais importante foi quando eu descobri que eu tinha um valor, foi a da UFLA – a primeira corrida.
Aí descobri que tudo que a gente deseja consegue conquistar. Basta ter disciplina.
Vivo em paz. Vivo bem com o meu ex marido a ponto de perdoá-lo sem ele pedir esse perdão. Ele é uma pessoa bacana e estamos sujeitos na terra de erros. Superei! Corrida é superação. Junto com a religião a gente faz um trabalho interior.
Eu achava que faria uma maratona lá pelos 50 anos e no entanto, já fiz uma e pretendo fazer mais uma.
Jornal VOZ: Mensagem final – Corro para ser feliz
Andreiza: É a gente fazer alguma coisa que a gente gosta, não precisa ser corrida, não precisa ser esporte.
A gente pode encontrar numa culinária, num livro, nas artes.
Temos que fazer alguma coisa por nós – nunca é tarde. Estudar, enfim, qualquer coisa para preencher na busca da gente mesmo.

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