BR-354 terá mais sete radares em 60 dias

9 de julho de 2019 13:48 1091

Lideranças do Centro-Oeste de Minas participam de audiência e cobram do Dnit outras melhorias na rodovia.

A rodovia federal BR-354, que corta a região Centro-Oeste de Minas, terá mais sete radares em até 60 dias.
O anúncio foi feito pelo deputado federal Mauro Lopes (MDB-MG), que participou ontem, dia 08 de julho, de audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Os radares serão instalados entre Perdões e Formiga, trecho que foi objeto da audiência, sendo um equipamento em Cana Verde e um em Perdões, dois em Candeias e três em Campo Belo. Mauro Lopes salientou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou atrás da decisão de não permitir novos radares e autorizou a medida, após reunião com o Ministério Público Federal.
 “O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) está com os contratos feitos”, reforçou o parlamentar. Com grande experiência na área, Mauro Lopes acrescentou que a BR-354 tem traçado antigo e defeitos técnicos, como curvas que projetam os veículos para fora, sem que haja uma área de segurança (suplementação).
“Ela precisa também, além dos radares, de balança para conter o tráfego de caminhões com excesso de peso. Esses caminhões causam exsudação na pista, uma ondulação que pode ocasionar o descontrole da direção”, apontou.
Conservação – O superintendente regional do Dnit em Minas, Danilo de Sá Viana Rezende, também anunciou que foi homologado nesta segunda (8) o edital de conservação rotineira desse trecho da BR-354, no valor de R$ 9,6 milhões e com contratação prevista para daqui a 15 dias. O trabalho inclui a capina e eventual tapa buraco.
Os prefeitos da região, porém, querem mais e demandam, por exemplo, a reforma da pista com piso mais aderente e ajustes para escoamento de água; implantação de terceira faixa e acostamento, além da sinalização de pontos críticos.
Número de acidentes cresceu 81% em cinco anos
O prefeito de Campo Belo, Alisson de Assis Carvalho, afirmou que os problemas são crônicos no trecho da BR-354 entre Perdões e Formiga, agravados pelo aumento do número de caminhões que fogem dos pedágios na Rodovia Fernão Dias. Ele apresentou dados de acidentes, levantados pela prefeitura e pela Polícia Rodoviária do Estado.
Entre janeiro de 2018 e 10 de junho de 2019, foram registrados 172 acidentes no trecho, com 26 vítimas fatais, além de ouras gravemente feridas das quais não se tem notícia sobre a recuperação ou óbito. Os números de atendimentos dos Bombeiros em 2019 já supera os 24 atendimentos feitos em todo o ano de 2018. E nos últimos cinco anos, o número de acidentes aumentou 81%.
O levantamento aponta como principais causas dos acidentes a velocidade incompatível com o local, além de aquaplanagem e derrapagem. O deputado Duarte Bechir (PSD), que solicitou a audiência, reiterou que a BR-354 ganhou piso novo há alguns anos, o que acabou realmente gerando um tráfego mais rápido. “Há muito trechos de acúmulo de água”, acrescentou.
O deputado contou que perdeu uma sobrinha há alguns meses, próximo a Campo Belo, justamente porque um caminhão carregado de pedras aquaplanou e despejou a carga sobre o carro onde ela estava. Vários participantes lembraram de outras mortes ocorridas no mesmo trecho ou em outros pontos da rodovia.
O superintendente do Dnit detalhou que o trecho de 94,8 quilômetros entre Perdões e Formiga tem média de 4.500 veículos/dia, considerada grande. É alto também, segundo ele, o índice de composições pesadas, como os chamados bitrens. “Ela liga importantes vias como as BR-262, a MG-050 e a BR-381”, justificou.


Prefeitos pedem ações emergenciais
Prefeitos, vereadores e lideranças comerciais pontuaram ações que consideram urgentes na BR-354. O prefeito de Candeias, Rodrigo Moraes Lamounier, por exemplo, citou o tráfego diário de ônibus escolares na rodovia e as péssimas condições de visibilidade no trevo do município, localizado em uma curva.
O mesmo foi apontado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Belo, Fabrício Rodrigues Teixeira, que questionou o Dnit sobre as regras para iluminação do trevo da cidade, por onde circulam as vans escolares. Ele ainda lembrou que as condições ruins da rodovia prejudicam os investimentos na região e encarecem, por exemplo, o escoamento da produção local.
Já o prefeito de Cana Verde, Eduardo Cardoso Garcia, reiterou que o excesso de peso é o principal problema da via. E a vereadora de Campo Belo, Rosângela Casaca, apontou problemas na alça da BR-354 que leva à BR-369. Todos eles celebraram o anúncio dos radares.
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) também defendeu a instalação de radares em locais de maior risco. Ele citou um trecho de reta na MG-050, em Divinópolis, onde morreram mais de 25 pessoas em seis anos. O problema, segundo o parlamentar, foi solucionado com a instalação de radar.
Para outros trechos, porém, Antonio Carlos Arantes defende outras medidas, como a troca do piso liso por outro mais aderente, sem necessidade de novo traçado. “Na curva do Dom de Minas, próximo a Formiga, era chover e derrapar. Mudaram o piso e colocaram placas. Acabaram os acidentes”, reforçou.
Ele também lembrou que a BR-354 foi incluída na lista das rodovias que serão concedidas à iniciativa privada pelo governo de Minas, após repasse da União. Danilo Rezende, do Dnit, afirmou que algumas medidas, como frisos no asfalto, talvez possam ser incluídas no contrato de conservação. Ele também se dispôs a direcionar uma balança móvel para a fiscalização da via.
De qualquer forma, segundo o superintendente, a falta de recursos impedem projetos de maior impacto. O Dnit em Minas, segundo ele, tem orçamento de R$ 343 milhões para 2019, enquanto os custos apenas para roçar, capinar e tapar buraco dos 6.400 quilômetros de rodovias federais no Estado é de R$ 331 milhões. “Não há capacidade de investimento”, conclui.
Requerimentos – Ao final da reunião, Duarte Bechir apresentou requerimentos, um dos quais para visitar os pontos críticos da BR-354, com o Dnit. Outro pede ao Dnit um estudo técnico da rodovia com adoção das providências imediatas possíveis; e o terceiro pede informações ao Estado sobre a alça da BR-364, já que o trecho foi cedido pela União.


por Assessoria de Imprensa da ALMG – Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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