Quando criança presenciei alguns homens trabalhando na Rua Sete de Setembro, ouvindo conversa, um senhor dizia que naquele local ia ser construído um cinema. Este senhor era o Lélio Maia.
Curioso, imaginei o que seria cinema. O tempo foi passando, terminaram o tal cinema, colocaram cartazes na frente do prédio dizendo que era filme, mas curioso, fiquei pensando que seria aquilo.
Eu estudava na Escola Otaviano Alvarenga e na Semana da Criança, as professoras levavam os alunos para assistirem filme: foi então que fiquei conhecendo o que tanto desejava.
O primeiro filme era a vida de Cristo, os artistas pulavam quando andavam, e era preto e branco, aquilo pra mim, era coisa do outro mundo.
As coisas mudaram e eu fui assistindo mais filmes que até hoje não esqueço: D´Jango, Sartana, Zabata, Ringo e também o seriado da Nióca quando ia passar.
Faroeste eu me lembro do saudoso Sr.Rondon de Lima (Venino), tinha um alto falante no alto da Palestina e ele anunciava: ‘‘Alô, alô, atencione, não percam hoje no Cinema Teatro Maia um grandioso faroeste com Antony Estef e Fernando Sancho, a tela do cinema hoje vai pegar fogo de tanto tiroteio.’’
Ele também não perdia um filme, chego a chorar de saudade de lembrar quando acionava a sirene; no terceiro sinal eu já estava sentadinho no meu acostumado lugar com os bolsos cheios de balas chita.
Que maravilha! Não esqueço também das músicas que colocavam antes e depois do filme.
Quando ia apresentar o filme do Mazzaropi a fila era tão grande que chegava até a esquina do Sr.João Resende, onde hoje, é a Loja Espaço Livre. E quando era filme do Tarzan eu quase enlouquecia, tinha que assistir de qualquer maneira.
Estes filmes não saem da minha mente: Os Dez Mandamentos, Ben Hur, Sete Homens e um Destino, Dólar Furado, D´Jango, Arrastando o Caixão e muitos outros.
Hoje sou uma pessoa muito feliz por ter conhecido o cinema.
Com ele aprendi muito, e fico triste por muitos não conhecerem.
Quantos jovens casais iniciaram ali grandes paixões!
Cine Teatro Maia, você me fez sorrir, me fez tremer, me fez chorar e gritar com seus inesquecíveis filmes; ainda bem que você está de pé e sua carcaça continua firme, você mora em meu coração, igualzinho quando te conheci.
Obrigado Sr.Lélio Maia, onde estiver, por eu ter conhecido essa maravilha que é o CINEMA!
Por João Pinto – pintor e poeta