Nem percebi que o mundo em 2020 seria definitivamente modificado!
Embarquei no meu carro em São Paulo, apavorado, 393Km de solidão e desolação, tudo parado, vazio, triste e sombrio. Horas pela Fernão Dias totalmente vazia, muito medo. Só caminhões, levando suporte de vida para quem estava mais assustado que os motoristas dos caminhões.
Aquele choque ao ouvir as notícias e meio que atônito, sem muito argumento e muito menos entendimento. Nos curvamos e aceitamos o que nos é dado como verdade! Na ausência de cultura e sabedoria específica para o fato, nos reservamos a observar e seguir as ordens, de quem realmente entende do assunto.
E a sequência desses fatos intermináveis, nos mostram que ninguém bate martelo sobre nada. Por fim, fazemos o que somos muito bons em fazer; sobrevivemos! Sim sobrevivemos, somos realmente bons nisso. Foco onde vivo e os contatos que mantenho no eixo Perdões X São Paulo. Sim, sobrevivemos. Aos poucos vamos nos acalmando, porque o caos faz isso com a gente. É tanta novidade e tanto medo, que vamos ficando mais corajosos. Sobrevivemos.
Observamos os que estão próximos em nosso dia a dia. Como é de praxe, esquecemos de muita gente que nos rodeia. Gente que mora longe, gente que a gente só vê e não fala, mas agora mais do que nunca, queremos saber se estão bem. Não queremos pensar em perdas e nem em tragédias diárias. Nossos problemas cotidianos foram substituídos por um só: Sobreviver e novamente digo; somos bons nisso.
Essa mania de achar que amanhã é um novo dia e sim, há por nós um singelo carinho, onde poucos sentem a magia da vida com clareza. As crianças sabem que há algo anormal, inconscientemente elas sabem lá no fundo de seus pequenos corações, que estamos fazendo o melhor por eles. Sobrevivendo e os mantendo seguros. A onda caótica nem sequer deu uma trégua, mas nós sabemos que terá um final. Para tanto seguimos confiantes e dentro de possibilidades, nos organizamos, pedimos proteção e seguimos. Sobrevivendo.
O que nos faz tão especiais diante desse momento então? Humanidade. Onde os mais fortes cuidam dos mais fracos. O medo que nos assombrou no início desse caos é menor, porque sabemos que; desamparados não ficaremos, mas teremos que sobreviver. Seguir regras, prestar atenção nos mais instruídos e mais qualificados na arte de sobreviver. Deixar de lado teorias, porque de nada adiantam agora. Se existe uma forma boa de superar tudo isso com sabedoria e confiança, creio eu é que devemos nos utilizar do sentimento que nos mantém vivos. O amor. Ninguém está aqui por coincidência, vamos sobreviver!
*Marcelo Barroco, 53 anos, paulistano, músico profissional, administrador de empresas no setor de Logística. Filho de Altino Barroco e Maria Madalena Silva Barroco.
Reside em São Paulo e Perdões/MG, cidade pela qual tem muito carinho e respeito.