No Dia da Consciência Negra, o Brasil volta sua atenção para as manifestações culturais que evidenciam a contribuição histórica, simbólica e identitária dos povos afro-brasileiros. Em Cana Verde, Minas Gerais, uma dessas expressões é a Folia de Reis, manifestação que integra o conjunto dos bens culturais imateriais mineiros e que se mantém viva graças ao empenho das comunidades e de pesquisadores comprometidos com sua preservação.
Entre esses nomes, destaca-se Danyelle Marques Freire da Silva, jornalista, educadora, pesquisadora e agente cultural que vem desempenhando um papel essencial na valorização e difusão da Folia de Reis. Seu trabalho ultrapassa os limites da comunidade local, levando essa manifestação para o meio acadêmico, onde adquire novas possibilidades de análise, reflexão e reconhecimento, alcançando públicos mais amplos.
Sua dissertação de mestrado representa um marco nessa trajetória. A pesquisa teve como objetivo refletir sobre a diversidade e a relevância simbólica das manifestações culturais do Congado e da Folia de Reis em Cana Verde, fundamentada na perspectiva do heterodiscurso, proposta por Bakhtin (1981). A partir dessa base teórica, Danyelle investigou como múltiplas vozes e narrativas se entrelaçam nas práticas culturais, revelando sentidos que dialogam diretamente com identidade, memória e resistência.
O estudo analisou como essas manifestações acontecem, suas características comuns, seus aspectos singulares e a forma como se conectam a elementos históricos e culturais presentes na comunidade. Nesse contexto, ganham destaque as figuras dos Reis Magos, na Folia de Reis, e dos Reis do Congo, no Congado — personagens cujas representações reconstroem crenças cristãs, fatos históricos e afirmam a pluralidade do povo brasileiro.
Ao inserir essas manifestações populares no circuito acadêmico, Danyelle Marques Freire da Silva amplia o horizonte de estudos sobre o patrimônio cultural imaterial de Cana Verde. Seu trabalho contribui para que a Folia de Reis e o Congado sejam compreendidos em profundidade, preservados e reconhecidos como fontes legítimas de conhecimento cultural, histórico e identitário.
No Dia da Consciência Negra, a atuação de Danyelle reafirma a importância da pesquisa, da educação e da divulgação das tradições afro-brasileiras — expressões que seguem vivas e pulsantes, sustentando a força da memória coletiva e da identidade de Minas Gerais e do Brasil.
por: Danyelle Marques



