Lêda Alves Cardoso, nasceu na Comunidade Alves – entre Machado e Lagoa em Perdões.
Ela é filha de Euclides Alves Pinto e Mariana Pereira Pinto; esposa de Sebastião Pereira Cardoso/Zinho (in memorian); irmã da Marli, Altair, Hélio, José (Zezé) e Joaquim (Zinho); avó da Milena, Maycon, João Pedro, Arthur, Thales, Maria Clara, Otávio, Manuela e Melinda; mãe da Keila, Kley Anderson (Sigral), Kleyson, Kleydinaldo (Naldo), Kelly e Keyth.
Fiz esse convite para esse bate papo à sua filha Keyth no início de março e agendamos para a última semana de abril.
A entrevista foi na sala da confortável casa da filha Keila. Um lugar cercado de muito verde e energia boa.
Dona Lêda tem uma postura suave e fala com emoção conforme as perguntas vão surgindo.
Jornal Voz : Lêda, onde a senhora nasceu e quando veio para a cidade?
Lêda: Eu nasci nos Alves. Alves é entre Machado e Lagoa, município de Perdões. Na faixa de uns 35 anos mudei para a cidade, mas criei meus filhos na roça.
Jornal VOZ: Quando se casou e qual idade? Onde estudou?
Lêda: Casei no dia 6 de maio de 1967, portanto 6 de maio agora faz 55 anos que eu casei.
Tinha 19 anos. Estudei no Machado.
Jornal Voz: Então a senhora tem uma identificação grande com essa Comunidade?
Lêda: Com certeza. Amo Machado, Lagoa, estudei um pouco na Lagoa também.
Jornal VOZ: A profissão de cabeleireira quando iniciou e quem a incentivou?
Lêda: Desde criança e mesmo mocinha eu já gostava. Pegava uma tesoura grande para cortar o cabelo dos meus irmãos. Depois comecei a cortar o cabelo das minhas filhas e coincidiu da gente vir para a cidade e aí partir para os cursos; o primeiro curso que fiz foi em Lavras, depois fui para Belo Horizonte, São Paulo. Abri o salão e trabalhei 35 anos no Centro da cidade, arrumando noivas. Tinha sábado, final de semana que tinham de duas a três noivas.
Hoje encontro com noivas que eu arrumei e que já têm filhos casados e relembram ”você me arrumou!” Uma boa lembrança porque antes a gente não tirava tanta foto como hoje.
Jornal VOZ: Lêda, estamos nesse bate papo para fazer essa homenagem e temos uma curiosidade: a senhora tem 6 filhos e todos com a letra K na inicial do nome, a letra Y – só a Keila que é o i. Por que?
Lêda: É uma história muito bacana. Quando eu estava namorando com o Zinho, a Sirlene, minha prima (hoje ela mora em Campo Belo) com o João namoravam e ela disse que quando casasse e tivesse a primeira filha queria por o nome de Keila. Eu fiquei encantada com o nome. Aí nós combinamos que quem casasse e tivesse primeiro uma filha, iria se chamar Keila.
Nasceu a Keila e dois anos depois fiquei grávida do Kley Anderson, o Sigral, o Zinho, meu esposo tocava na Banda ”Os Rebeldes” – juntou a turma dessa banda e foram lá para casa conhecer o bebê e ajudar a escolher o nome. Fizeram uma lista de vários nomes. A Keyth por exemplo, foi por causa de uma propaganda que estava com muito sucesso com a Keyth Marrone.
Jornal VOZ: Quando saiu da roça para morar na cidade, a senhora sentiu muita diferença?
Lêda: Não! Meu sonho era trabalhar com alguma coisa que fosse mais fácil para mim. Meu sonho era ser cabeleireira.
Jornal VOZ: E a música? Começou com o seu marido, ou já cantava antes?
Lêda: Já cantava. A minha família gosta muito de cantar. Por exemplo os ‘Guimarães’ (parte da minha mãe) o Sr.Lulu, Altair Guimarães (meu primo) – meu pai é irmão da mãe e minha mãe é sobrinha do pai dele. O tio Joaquim Bernardo, pai do Mangalarga, o pai do Deinho, do Deon; Deinho é da minha família.
Eu canto, mas é pouco. Meu esposo cantava demais. O Zinho fazia serenata. Ele me conquistou com as serenatas – músicas dos anos 70. As coisas boas da vida a gente não esquece.
Jornal VOZ: E com a música, qual o filho que começou a cantar primeiro?
Lêda: A Keila. Ela pequenina já pegou o violão e começou. E não gostava que o pai ensinasse não. Ela aprendeu sozinha. Cantava e nas escolas, ela era chamada em tudo, depois veio a Keyth, pequena, cantava na igreja, nos encontros de casais – cantava Pingo de Gente (se ela estivesse aqui, até ela ia rir). A Fátima do Tadeu quando a via na rua, logo pedia “canta um pedacinho de Pingo de Gente para mim?”
Hoje a Kelly canta na Banda.
Naldo apresentava na escola. Vestia de caipira. Ele aprendeu a tocar violão bem pequeno. O Sigral puxou mais o Zinho, que tocava violão, mas ele era fã mesmo de contrabaixo. As pessoas até hoje falam que ele era o melhor baixista e tinha uma linda voz.
O Sigral toca, tem a banda dele – “Maverick 80” que toca em vários lugares e faz muito sucesso.
Jornal VOZ: A senhora continua trabalhando como cabeleireira ou já parou?
Lêda: Trabalho pouco…atendo em casa, mas agora trabalho mais em final de semana na Pousada e no Restaurante.
Eu gosto de ajudar meus filhos.
Acho ótimo porque fico conhecendo tanta gente.
Jornal VOZ: Quando inaugurou a Pousada e como surgiu a ideia de tê-la?
Lêda: Inaugurou no dia 12 de junho do ano passado. Esse ano faz um ano.
Nós pescamos muito – eu com meus filhos. Saímos de barco com o Sigral, o Eder com a Keyth, a Jaque e eu para pescar. E passando na Represa do Funil, a gente viu aquela casa enorme, mais parecia tudo abandonado. Tivemos a curiosidade de olhar de longe e vimos tudo fechado e é um lugar lindo, uma casa linda, tudo ‘perfeito’, mas abandonado. Daí a Keyth entrou em contato com o dono que é de Belo Horizonte, inclusive, um pessoal excelente. E assim negociaram e estão lá na Pousada.
Jornal VOZ: E hoje acompanhamos pela rede social e constatamos que faz parte do turismo.
Lêda: Sim. Lá a gente recebe pessoas de Belo Horizonte, São Paulo, Divinópolis, Rio de Janeiro, Patos de Minas, Santo Antônio do Amparo, Bom Sucesso, Lavras, Varginha, Carmo da Mata, enfim, hóspedes de muitos lugares.
No domingo, preparo o café da manhã na Pousada e depois vou para o restaurante do Kleyson.
Gosto muito disso. Não tenho tempo para stress. A gente é cheia do Espírito Santo, de Deus, de alegria.
Ontem (dia 28/04) minha neta Milena me falou: “Vó, às vezes a senhora está passando trabalho, mas a gente não vê a senhora triste. Passa pra gente!”. Eu estou passando…
A gente tem que viver o hoje, viver alegre porque Deus deixou tudo aí para aproveitarmos tantas maravilhas.
E às vezes a gente só pensa que tem gente ruim. Tem muita gente boa. A vida é uma benção de Deus.
Jornal VOZ: Deixe uma mensagem
Lêda: Eu gostaria de falar como esposa, como o marido porque eu fiquei 51 anos casada (nota da editora: Dona Lêda se emociona e nós também).
Meu marido morreu dia 13 de abril…nós namoramos 4 anos, então, nós ficamos 55 anos juntos. Fui a mulher mais feliz do mundo no casamento. Meu marido era fiel a Deus, fiel a mim e fiel aos filhos. Tive uma vida maravilhosa, então isso que quero destacar porque muitos casamentos hoje duram tão pouco…
Desde que prometemos no Altar do Senhor – ser fiel um com o outro, até que a morte nos separe… Ele se foi e assim a metade foi e a metade ficou aqui, mas mesmo assim, eu louvo e agradeço a Deus – fui muito feliz e sou feliz porque a herança que ele deixou pra mim é a maior herança do mundo( porque quando fala em herança, o povo pensa em dinheiro), mas ele deixou seis tesouros para mim, que são os meus filhos. Maravilhosos, benção de Deus – onde sentamos juntos na mesa, igual Jesus fazia.
Jesus sentava e convidava os discípulos para sentar à mesa com Ele.
Eu até digo para os casais: senta à mesa, convida os seus filhos. Mesa é um lugar de comunhão, lugar de honra, lugar de diálogo, lugar de amor, de compartilhar amor – o pão e o amor.
Fui feliz por ter sido esposa. Sou mãe! Sou feliz!