Gisela Pereira – Talento à toda prova!

8 de março de 2021 11:13 708

Gisela Silva Pereira, nasceu no dia 18 de setembro de 1978, filha de Gabriel Andrade Pereira Filho e Lucimar Silva Pereira; irmã da Gabriela, Daniela e Marcela; casada com Eugênio Antônio Furtado de Faria, mãe do Pedro e da Laura.
Gisa professora, como é chamada carinhosamente, foi eleita vereadora para a Câmara Municipal de Perdões na gestão 2021/2024 com expressivos 705 votos.
A entrevista gravada ocorreu em seu consultório (Gisa também é acupunturista) com momentos de emoção quando ela relembra toda a sua trajetória até aqui e os sonhos que quer realizar.
Foi um bate-papo onde as perguntas foram surgindo e a vereadora Gisa respondeu a todas com determinação e firmeza, mostrando seus pontos de vista e o discernimento.

Jornal VOZ: Você vem de uma família de mulheres batalhadoras, trabalhadoras e que têm uma coisa em comum muito interessante – mãe e filhas trabalham juntas. Mesmo você trabalhando em outra área, estão juntas.
O que representa para você a família?

Gisa: Minha família é tudo. E quando falo minha família, eu coloco a minha atual – marido e filhos e como todos dela.
Meus pais são de Perdões. Eles se casaram aqui – minha mãe com 16 anos de idade e foram embora para outra cidade.
A minha irmã mais velha nasceu em Belo Horizonte, as outras três (inclusive eu) nasceram em Uberlândia. Não consigo falar da minha família apenas – mãe, irmãs e a minha casa. Tudo isso é reflexo do que foi plantado anteriormente.
Então, eu tenho muito orgulho de dizer isso – sou professora e tive exemplos de professoras na minha família. Sou bisneta da Elvira Lopes (apesar de não tê-la conhecido), mas fui criada com a minha avó Ana, que morou conosco muito tempo.
Então as histórias sempre foram muito presentes, pois são histórias que eu cresci, ouvindo.
Do lado paterno sou neta de Elvira Lopes, de Dona Chiquita que sempre mexeu com arte e aí neta de Ana Rezende (nome atual da ‘crechinha’) e o vô Bié que era farmacêutico. Esses são os pais do meu pai.
Do lado da minha mãe – a minha vó Lena cabeleireira, meu vô Didico, também trabalhava no salão e era músico.
Então percebo que a professora e a arte sempre estiveram presentes na minha família. E posso dizer com muito orgulho – uma família de riqueza de valores.
Uma família que sempre soube, tanto do lado paterno quanto materno que a gente tem que levantar todos os dias e trabalhar de forma honesta, ganhar seu pão e cuidar da sua família.
Quando eu ainda não era nascida, o meu vô Bié faleceu e a minha avó Ana foi para Uberlândia morar com meus pais. Quando nasci, a minha avó Ana e minha tia Virgínia, moravam conosco. Saí de Uberlândia por volta dos meus 5 anos; minha avó ficou com minha tia nessa cidade e nós fomos para Montes Claros.
Moramos em Montes Claros até os meus 12 anos. Foi no momento que meus pais se separam e minha mãe volta para Perdões. E aí é o que sempre falo da característica que minha família tem, além dos valores, é a capacidade de recomeçar.
Ela abre o seu salão de cabeleireira e recomeça a sua vida.
Minhas duas irmãs mais velhas seguem esse lado – dom que não tive. Não tenho dom manual para a arte, apesar de apreciar muito. Tenho o dom de ser professora. Sempre gostei muito de estudar e aos 16 anos volto para Uberlândia para fazer Cursinho.
Faço uma faculdade de Fisioterapia. Torno-me fisioterapeuta – formo sem condições de ter um consultório, vinculado a isso faço um curso de Acupuntura, até chegar à Escola Dulce Oliveira.


Jornal VOZ: Na E.C. Dulce Oliveira qual a disciplina que você dá aula?
Gisa: Dou aula de Biologia e Ciências.
Gosto de relembrar essa história porque esta Gisa que hoje fala com uma certa facilidade, não falava. Durante muito tempo me calei. Inclusive estudei na escola Dulce Oliveira com a Mariângela sendo diretora.
Um dia, recém formada, uma professora comenta no Salão que iam precisar de uma professora de Biologia. E na faculdade percebi essa minha facilidade em ensinar. Levei o currículo, entreguei nas mãos da Mariângela, deixei sem nenhuma pretensão que pudesse dar certo. E por aquelas coisas do destino ela comenta com uma pessoa que eu havia levado o currículo e que quando estudei lá, tinha facilidade no aprendizado, mas que eu era muito difícil emocionalmente, que eu não falava. E essa pessoa falou – ”olha Mariângela, convém escutá-la porque ela aprendeu a falar”.
Entrei na Dulce Oliveira em 2005, apaixonei pela sala de aula e pelos meus alunos. Tudo que fiz e que faço, eles sabem que é da maior sinceridade. Dia-a-dia tento procurar o que é melhor para eles e me doar, não só nos conteúdos, na disciplina, mas também como ser humano. Acredito que é obrigação de um educador.


Jornal VOZ: Conhecemos o seu trabalho atuante como professora e agora vereadora também estamos e vamos conhecer. Como surgiu a ideia de disputar as eleições para vereadora?
Gisa: Eu falo que a gente faz política no dia a dia sem saber. Confesso que eu não sabia que eu fazia.
A escola parou no dia 18 de março (2020) e dias depois o Eugênio chegou e me disse: ‘‘Gisa, já estão cogitando nomes para candidatura e o seu foi falado. O que você acha disso?”.
Respondi: ‘‘De jeito nenhum, não sou política, não mexo com política’’. Confesso que o meu primeiro pensamento (aliás o que a grande maioria tem) é de que a política esteja envolvida com o lado ruim da coisa. Foi o que me bateu no primeiro momento. Não liguei, fui até ríspida.
Eugênio respondeu ‘‘tudo bem, o seu nome surgiu e acredito que você tem chance, tem perfil…morre aqui o assunto.’’
E foram naqueles 15 dias, Regina, que a escola parou por completo. Nesses 15 dias me dediquei ao estudo da política e percebi que vem realmente uma onda nova na política – muitos não querem dizer ”nova política” – na verdade é apenas um nome. Existe realmente uma nova política surgindo ou uma política mais correta em que se pensa no coletivo, em que não se pensa em conchavos políticos, é uma política de união, de bons exemplos.
E foi isso que eu vi. Eu me integrei a algumas escolas políticas que são de graça. Matriculei e fui fazendo os cursos e vi que podia e queria.
Perguntei ao Eugênio se a proposta estava de pé, e assim fui candidata.
Houve a primeira convenção e quando vi aquele mundo tão diferente do qual eu convivia, confesso também, que pensei em desistir, mas como não sou de desistir, de voltar atrás.
Entrei num partido que a princípio, existia possibilidade de eleger um, mas coloquei-me à disposição e através de estudo, através de acreditar nisso tudo…é uma proposta nova, estamos ainda engatinhando, mas eu tenho a convicção e a fé de que daqui a pouco estaremos de pé. Daqui a pouco bons exemplos irão trazer outros que também queiram fazer parte.


Jornal VOZ: O que você diria a uma mulher que acha que não é mais tempo para procurar novos caminhos?
Gisa: Primeiro acho que tempo é algo lá de cima. Segundo: não sei ser diferente em lidar com o próximo, a não ser doar aquilo que tenho de melhor e receber o que cada um tem de melhor.
Todo mundo tem talento – precisamos encontrar nossos talentos e desabrochar cada um deles, porque eu acho que, tanto quanto fazer o mal é eu me omitir a algumas questões.
O que peço para a mulher, aliás para qualquer um, que tenham oportunidades, que tenham serviço. Uma das minhas propostas é que eu dê a voz, que eu consiga fazer com que aqueles que são ‘invisíveis’ ou são visíveis de forma pejorativa, visíveis no julgamento e invisíveis em seus valores, em seus talentos, em suas conquistas. E quando falo dessa parcela ‘invisível’, a mulher está ali. A mulher vem modificando a sua forma de pensar. Claro, existe algo estrutural no Brasil, no mundo.
A minha proposta é que cada um encontre o seu talento e lute por ele com todas as suas forças e que nessa luta, alguma delas precisar de mim, estou à disposição em qualquer lugar que ela me encontrar. Seja aqui no meu consultório, seja na Câmara Municipal, seja na porta da minha casa. Porque a luta de uma mulher é a luta de todas.
Que possamos sinceramente abrir as portas no próximo mandato, não apenas para uma mulher, mas que passem a ser duas, três…

Jornal VOZ: Como você está administrando isso tudo: mãe, esposa, professora, acupunturista e agora vereadora?
Gisa: Estou começando a conseguir, Regina. No dia 04 de janeiro comecei a trabalhar. Do dia 04 até mais ou menos há uma semana, foi realmente um turbilhão, tanto na correria como em pensamentos. Planejei, sentei, me organizei porque preciso fazer com que tudo ande…
O que vou dizer não é ser soberba, mas sei que tenho vários talentos. Eu consigo fazer isso tudo. O que faço pelo próximo – o desejo, o sonho e a luta não faz separação, diferença se é a Gisa mulher, a Gisa professora a Gisa vereadora. Claro que em alguns momentos do dia a dia preciso fazer uma separação. Não posso esquecer da Gisa mãe.

Jornal VOZ: A mulher já alcançou a igualdade com os homens e também elas estão unidas?
Gisa: Não Regina! Eu te falo com convicção que não estamos em igualdade com os homens. A sociedade ainda não conseguiu abraçar essa causa.
Acredito que uma grande maioria, hoje enxerga a necessidade, enxerga a importância, mas ainda não conseguimos chegar lá. Ela só vai acontecer com uma real união e respeito.
Então, nós mulheres, estamos ainda com uma fala de união, fala da sororidade, mas ela ainda não ocorre na prática. Há ainda entre as mulheres, preconceitos de que o que cada uma é ou foi, e isso desvia um pouco para a prática de uma igualdade real. Estamos caminhando. Certos preconceitos são estruturais, não só com a mulher, mas é no dia a dia que a gente trabalha. E é somente com união, fé e perseverança que a gente chega lá.

Jornal VOZ: Para concluir
Gisa: Mulheres, vamos nos unir – somos importantes. Construímos muitas coisas.
A nossa força é enorme. Precisamos estar juntas.

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