Grupo de Apoio aos enlutados: Rede API Um sonho para Perdões!

27 de outubro de 2020 13:46 452

O luto não é depressão e pode ser elaborado, não no isolamento, e sim com a construção responsável de redes de apoio. Gláucia R. Tavares

A rede API – Apoio a Perdas Irreparáveis – nasceu da necessidade do compartilhar experiências entre pessoas que haviam perdido filhos. Com o passar do tempo, estas perdas foram ampliadas a outros entes queridos.
Api – Apoio a perdas irreparáveis. Sonoramente traz, em inglês, a idéia de para cima, para o alto e semanticamente a proposta do apicultor, de buscar o mel, a partir da amarga tarefa de reconhecer nossas perdas.
A composição da rede, constituída de nós e de conexões, passou a ser de pessoas que tiveram perdas em suas vidas e que desejam compartilhar suas vivências e ampliar suas percepções, aprendizados e buscas de novos caminhos em suas vidas.

A abelha (Apis Mellifera) passou a ser o símbolo do grupo: há a produção do mel e também a presença do ferrão. As abelhas são as operárias da colméia, retiram o pólem das flores, sem retirar o viço. Encontram-se abelhas representadas em alguns túmulos como sinal de sobrevivência além-morte, na medida em que a abelha torna-se símbolo de ressurreição.
A representação da rede aproxima-se ao trabalho de cooperação desenvolvido em uma colméia: partilha-se a dor e busca-se transformá-la em impulso de restauração de vida. Os encontros não se restringiram a uma sombria usina de lamentações e queixas, e se aproximam a um ateliê, em que é possível também ter alegria.

A ferida emocional é real e às vezes pesada para ser levada sozinha. A construção desta rede de apoio, onde as pessoas “falam a mesma língua”, afinados pela dor, funciona como fonte de inspiração para o desenvolvimento da capacidade de continuar dizendo sim à vida, mesmo diante do golpe da perda. Ao se plantar sementes de lamentação, os frutos também serão assim, mas se se semear disposição para o enfrentamento da dor e o reconhecimento de oportunidades, a colheita será de alegria pelo cumprimento desta tarefa.
A questão não é se paralisar na adversidade, mas poder ir além, transformá-la em inspiração no nosso ofício de viver, que é este constante ressemear…(Fonte: http://redeapi.org.br/historia/

Atitudes Práticas dos Apoiadores
Não basta querer apoiar, é preciso ter sensibilidade organizada para apoiar.

  1. Conhecer a dinâmica do processo de luto
  2. Evitar “frases feitas”
  3. Permitir o desabafo
  4. Tornar-se presente
  5. Acolher a pessoa da maneira como ela se mostra
  6. Incentivar escolhas lúcidas
  7. Respeitar as diversas maneiras de processar o luto
  8. Apoiar na própria dor e ir além, como contínuo aprendiz
  9. Favorecer para a descoberta de novas fontes de sentido para a vida
  10. Mobilizar a rede social de apoio
  11. Apoiar a fé
  12. Ser paciente
    Adaptação do livro “Renascer no luto”, Bautista,M., Sitta, N., Sitta, D, São Paulo, Paulinas, 2002, p.92-3.

por Pe.Rogério Victor Azevedo

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