Jaci Francisco Freire, nasceu na Comunidade do Cerrado – Perdões, no dia 03 de dezembro de 1949. Filho de Agostinho José Freire e Geralda Pereira Freire; irmão do José Freire/José Sabiá (in memorian), Juracy (in memorian), Conceição/Zinha, Agostinho Tadeu, Antônio, Geraldo/Nininho e Lúcia; marido da dona Cândida Freire Carvalho, a Doca; pai da Sara, João Agostinho, Silvana e Samuel; avô de 7 netos.
Nessa edição especial de Natal, data que representa vida, família, data em que comemoramos o Nascimento de Jesus, convidamos para essa entrevista o Sr.Jaci do Supermercado Freire, um cristão que é exemplo de fé, luta, perseverança e vitória para a sua família.
Sr.Jaci que conhece o trabalho do campo, a luta na roça, mas que venceu com a união na família e a força no trabalho.
Morou no Cerrado até os 14 anos, depois veio para a cidade estudar (Colégio Otaviano Alvarenga), assim ficava aqui na cidade e na roça.
Ele gosta de músicas, tocar acordéon, viajar, passear, andar de jipe e topa qualquer passeio ou desafio em família. Ama a natureza, plantou e planta muitas árvores; está escrevendo manualmente em um pequeno caderno a sua biografia.
Para ele, a vida é uma aventura sadia.
A entrevista foi na sua confortável sala, enquanto Doca preparava um delicioso café da tarde.
Jornal VOZ: Como foi a sua infância na roça?
Jaci Freire: Foi bem difícil. A gente foi criado lá na roça. Não tinha luz elétrica, não tinha água encanada, era lamparina e a água, buscava na mina.
Meu pai era carpinteiro, fazia carro de boi, também cortava cabelo, fazia trança. Depois ele abriu um cômodo de comércio na roça.
Jornal VOZ: Então, esse negócio na área do comércio vem de família?
Jaci Freire: Sim, meu pai com o comércio e minha mãe muito trabalhadeira também. Fazia doces, quitandas para vender, além de colocar na nossa venda, levava para outras vendas também.
Jornal VOZ: Como surgiu a ideia de montar um mercado aqui na cidade de Perdões?
Jaci Freire: Meu pai comprou um fundo de comércio da Rua do Cruzeiro, aí eu com o Agostinho, meu irmão, tomávamos conta desse comércio, logo depois meu pai veio para a cidade e em 1970, ele faleceu. Aí o Agostinho foi trabalhar no escritório paroquial, depois meu irmão Nininho veio trabalhar na mercearia. Em seguida arrumou um serviço no banco. Aí comprei a parte do fundo do comércio que era da minha mãe. Na rua do Cruzeiro, construí minha casa, meu ponto comercial.
Jornal VOZ: Como você conheceu a sua esposa?
Jaci Freire: Somos primos e fomos criados um perto do outro. Meu pai é sobrinho do pai da Doca. Após comprar a mercearia da minha mãe, depois de cerca de dois anos, nos casamos – eu tinha 22 anos e ela 18 anos. Ela me ajudava no mercado.
Jornal VOZ: E o esporte na sua vida? O time do Cerrado?
Jaci Freire: Toda vida lá na roça, desde criança jogava futebol. Lá na roça, Regina, quando a gente era pequeno, foi meu pai que fez o campo. Naquela época não tinha máquina para arrumar o campo, que era uma ladeira, tinha que cavar com o enxadão, puxar a terra de cima para baixo e para aterrar tinha que puxar no couro de boi, não tinha carrinho de mão.
Meu pai toda vida gostou muito de futebol. As bolas, ele quem dava, às vezes quando a bola furava, meu pai costurava. José…minha família toda gostava de futebol.
Depois fui ser dirigente de time de futebol lá na roça. Montei vários times – ajudei o Dominó, tinha um time que se chamava Guarani, na época em 1982, fizemos um campeonato aqui e fomos vencedores. Depois comecei a ajudar esse time do Cerrado e lá tinha vários jogadores de lá mesmo. Esse time foi campeão em três lugares – Cana Verde, São Sebastião da Estrela e aqui em Perdões em 2006, depois fomos vice, temos vários troféus.
O esporte é muito importante na vida das pessoas. Quando o menino, o jovem está ali, não vai pensar em outra coisa.
Jornal VOZ: E qual a representatividade da religião, da fé na sua vida?
Jaci Freire: Minha mãe lá na roça era uma líder na religião, além de cuidar do comércio, à noite nos levava para a Igreja – novena, coroação, ela que ensaiava os meninos.
Quando criança eu fui coroinha, respondia a missa em latim. Antigamente o padre ficava de costas para o povo.
Lembro que na época tinha vários coroinhas, e alguns coroinhas fizeram alguma coisa, bagunça, aí o padre suspendeu quase todos os coroinhas, deixou só eu e outro. Ficamos só nós dois.
Até hoje a gente não perde as missas, leva a sério, tem muita fé e com isso minha família acompanha também, a gente conseguiu levar todos desde ‘pequenininhos’ para a igreja. Isso veio de herança do meu pai, que era religioso, junto com minha mãe.
Sempre gostei de fazer o presépio e assim faço aqui em casa e lá na roça.
Jornal VOZ: Na homenagem pelos seus 70 anos, sua irmã Lúcia cita sobre ”a espera da mesa de quitandas postadas para Dr.Custódio, padres e pessoas que por ali passavam”. Fale sobre isso.
Jaci Freire: O Dr.Custódio é meu cunhado e primo. Ele ia estudar e ia muito lá em casa e quando o padre ia celebrar missa no Cerrado, minha mãe dava o almoço. Então a gente ‘brincava’ que as coisas boas eram feitas assim, quando iam lá.
Jornal VOZ: Quando fala de seus pais, dos seus irmãos, percebo que o senhor se emociona. Fale um pouco mais sobre eles.
Jaci Freire: Meu pai era uma pessoa que nunca bateu em um filho, minha mãe já era mais brava. Meu pai morreu com 57 anos. Minha mãe era muito trabalhadeira, era ela que aguentava todo serviço de comércio. Era uma comerciante muito esforçada; ela se dedicava mais que meu pai.
E está no sangue da família o comércio. Agostinho vendia joia, trazia frango, ovos para vender na cidade.
Quando criança a gente tinha vontade de ter uma bicicleta, um relógio, mas não tinha como, era bem difícil, fomos ter essas coisas quando já éramos bem maiores.
Apanhei café, capinei arroz; ensinei meus irmãos a dirigirem um veículo – o José, o Antônio, filhos e lá na roça tem várias pessoas que eu ensinei.
Jornal VOZ: Antes do Supermercado Freire aqui na Régis, o senhor esteve na Rua do Cruzeiro?
Jaci Freire: Eu tinha uma mercearia e construí um cômodo maior na Rua do Cruzeiro. O nome era Pegue Pague Freire – era pequeno, mas arrumadinho.
Aí meu irmão mais velho, o José, construiu na Avenida Régis Bittencourt dois cômodos com quatro portas e me chamou para ficar em um deles. Por volta de 1985 abri um mercado ali e colocamos o nome de Supermercado Freire.
Com muito trabalho, muita luta, foi dando certo e aí comprei o lote na esquina (onde é o supermercado atualmente). Desmanchei uma casa velha e depois comprei um outro lote para baixo.
Desde pequenos eu trazia meus filhos para o comércio, para eles aprenderem o serviço. Chegavam da escola, a mãe mandava eles para lá – Sara, João Silvana, Samuel.
Então se a gente quiser que os filhos sejam alguma coisa na vida, tem que mostrar o serviço para eles, porque o filho, na realidade, é orientado pelo pai.
Assim como meu pai, nunca bati em um filho, foi com carinho, com muito amor, com exemplo que consegui, ao lado da esposa, encaminhar todos para o lado bom da vida.
Após 50 anos de comércio, agora quem está no supermercado é o genro, o Gustavo.
Jornal VOZ: No início da entrevista, o senhor citou sobre o seu amor e respeito à natureza. Já plantou muitas árvores.
Jaci Freire: Sim, plantei muitas árvores, inclusive lá na roça tem uma capelinha de São Francisco de Assis, que foi um exemplo de defensor da natureza.
Não quero ficar parado e mesmo com 70 anos gosto de arrumar, mexer na lavoura. Plantei café. Estou atuando ainda, graças a Deus.
Como já disse, gosto de tocar acordeón, cantar com meus filhos, passear, pescar.
O Samuel faz trilha de jipe e costumo acompanhar eles.
A melhor coisa que existe é estar com a minha família.
Jornal VOZ: E o esporte na sua vida? O time do Cerrado?
Jaci Freire: Toda vida lá na roça, desde criança jogava futebol. Lá na roça, Regina, quando a gente era pequeno, foi meu pai que fez o campo. Naquela época não tinha máquina para arrumar o campo, que era uma ladeira, tinha que cavar com o enxadão, puxar a terra de cima para baixo e para aterrar tinha que puxar no couro de boi, não tinha carrinho de mão.
Meu pai toda vida gostou muito de futebol. As bolas, ele quem dava, às vezes quando a bola furava, meu pai costurava. José…minha família toda gostava de futebol.
Depois fui ser dirigente de time de futebol lá na roça. Montei vários times – ajudei o Dominó, tinha um time que se chamava Guarani, na época em 1982, fizemos um campeonato aqui e fomos vencedores. Depois comecei a ajudar esse time do Cerrado e lá tinha vários jogadores de lá mesmo. Esse time foi campeão em três lugares – Cana Verde, São Sebastião da Estrela e aqui em Perdões em 2006, depois fomos vice, temos vários troféus.
O esporte é muito importante na vida das pessoas. Quando o menino, o jovem está ali, não vai pensar em outra coisa.
Jornal VOZ: E qual a representatividade da religião, da fé na sua vida?
Jaci Freire: Minha mãe lá na roça era uma líder na religião, além de cuidar do comércio, à noite nos levava para a Igreja – novena, coroação, ela que ensaiava os meninos.
Quando criança eu fui coroinha, respondia a missa em latim. Antigamente o padre ficava de costas para o povo.
Lembro que na época tinha vários coroinhas, e alguns coroinhas fizeram alguma coisa, bagunça, aí o padre suspendeu quase todos os coroinhas, deixou só eu e outro. Ficamos só nós dois.
Até hoje a gente não perde as missas, leva a sério, tem muita fé e com isso minha família acompanha também, a gente conseguiu levar todos desde ‘pequenininhos’ para a igreja. Isso veio de herança do meu pai, que era religioso, junto com minha mãe.
Sempre gostei de fazer o presépio e assim faço aqui em casa e lá na roça.
Jornal VOZ: Na homenagem pelos seus 70 anos, sua irmã Lúcia cita sobre ”a espera da mesa de quitandas postadas para Dr.Custódio, padres e pessoas que por ali passavam”. Fale sobre isso.
Jaci Freire: O Dr.Custódio é meu cunhado e primo. Ele ia estudar e ia muito lá em casa e quando o padre ia celebrar missa no Cerrado, minha mãe dava o almoço. Então a gente ‘brincava’ que as coisas boas eram feitas assim, quando iam lá.
Jornal VOZ: Quando fala de seus pais, dos seus irmãos, percebo que o senhor se emociona. Fale um pouco mais sobre eles.
Jaci Freire: Meu pai era uma pessoa que nunca bateu em um filho, minha mãe já era mais brava. Meu pai morreu com 57 anos. Minha mãe era muito trabalhadeira, era ela que aguentava todo serviço de comércio. Era uma comerciante muito esforçada; ela se dedicava mais que meu pai.
E está no sangue da família o comércio. Agostinho vendia joia, trazia frango, ovos para vender na cidade.
Quando criança a gente tinha vontade de ter uma bicicleta, um relógio, mas não tinha como, era bem difícil, fomos ter essas coisas quando já éramos bem maiores.
Apanhei café, capinei arroz; ensinei meus irmãos a dirigirem um veículo – o José, o Antônio, filhos e lá na roça tem várias pessoas que eu ensinei.
Jornal VOZ: Antes do Supermercado Freire aqui na Régis, o senhor esteve na Rua do Cruzeiro?
Jaci Freire: Eu tinha uma mercearia e construí um cômodo maior na Rua do Cruzeiro. O nome era Pegue Pague Freire – era pequeno, mas arrumadinho.
Aí meu irmão mais velho, o José, construiu na Avenida Régis Bittencourt dois cômodos com quatro portas e me chamou para ficar em um deles. Por volta de 1985 abri um mercado ali e colocamos o nome de Supermercado Freire.
Com muito trabalho, muita luta, foi dando certo e aí comprei o lote na esquina (onde é o supermercado atualmente). Desmanchei uma casa velha e depois comprei um outro lote para baixo.
Desde pequenos eu trazia meus filhos para o comércio, para eles aprenderem o serviço. Chegavam da escola, a mãe mandava eles para lá – Sara, João Silvana, Samuel.
Então se a gente quiser que os filhos sejam alguma coisa na vida, tem que mostrar o serviço para eles, porque o filho, na realidade, é orientado pelo pai.
Assim como meu pai, nunca bati em um filho, foi com carinho, com muito amor, com exemplo que consegui, ao lado da esposa, encaminhar todos para o lado bom da vida.
Após 50 anos de comércio, agora quem está no supermercado é o genro, o Gustavo.
Jornal VOZ: No início da entrevista, o senhor citou sobre o seu amor e respeito à natureza. Já plantou muitas árvores.
Jaci Freire: Sim, plantei muitas árvores, inclusive lá na roça tem uma capelinha de São Francisco de Assis, que foi um exemplo de defensor da natureza.
Não quero ficar parado e mesmo com 70 anos gosto de arrumar, mexer na lavoura. Plantei café. Estou atuando ainda, graças a Deus.
Como já disse, gosto de tocar acordeón, cantar com meus filhos, passear, pescar.
O Samuel faz trilha de jipe e costumo acompanhar eles.
A melhor coisa que existe é estar com a minha família.
Jornal VOZ: Uma mensagem
Jaci Freire: A gente nunca deve esquecer a importância da família, ser exemplo para os filhos.
Agradeço a todas as pessoas, todos os fregueses que confiaram em nosso trabalho e nos ajudaram a chegar até aqui.
Um Feliz e abençoado Natal para todos!