ENTREVISTA
Lyne Dutra da Silva, 22 anos, paulistana, filha de Chirley Aparecida Rodrigues Silva e Antonio Lisboa; irmã da Pâmela, Dana, Daiana, Pitter e Shirley. Estudante de Medicina Veterinária, integrante da Orquestra de Viola e Violão do Cafundó, domadora e apresentadora de Marchador de pista, voluntária da APAP.
O convite para essa entrevista foi justamente o seu carinho e respeito com os animais e em especial com os cavalos.
A entrevista foi na sala de sua casa com seus acessórios que marcam sua personalidade: chapéu, botas, cinto e viola.
Jornal VOZ: Quando iniciou essa paixão, ou melhor, atenção e carinho pelos animais?
Lyne: Por volta dos meus 14 a 15 anos quando comecei a ter contato com eles, porque eu vim de uma cidade grande e em São Paulo eu não tinha esse contato com os animais.
Gosto e respeito todos os animais, mas o meu foco é o cavalo.
Jornal VOZ: O que você encontra de mais sutil no cavalo?
Lyne: A partir do momento que você mostra para ele que é do bem, ganha a confiança dele, o mesmo será fiel para o resto da sua vida.
Não vai te derrubar, não vai fazer nada de mal com você.
Porque cria um vínculo com o cavalo.
Jornal VOZ: Você participa de rodeios e festas ligadas a isso?
Lyne: Eu monto em copa de marcha. Sou apresentadora de Mangalarga Marchador. Eu tinha parado, mas agora voltei.
Tinha parado para estudar por causa da faculdade ser muito pesada.
Mas minha amiga comprou uma égua recentemente, e eu estou montando.
Jornal VOZ: Você fez algum curso para domadora?
Lyne: Sim, fiz um curso, inclusive tinha só eu e mais uma mulher, o resto era tudo homem. E essa minha amiga que fez o curso comigo, é que doma cavalo comigo até hoje. Fizemos esse curso no ano passado.
Jornal VOZ: Há preconceitos em relação a mulheres para domarem cavalo?
Lyne: Sim. A gente sofre preconceito de alguns homens, que não aceitam a nossa atuação, mas a gente prossegue.
Jornal VOZ: Como você percebe a reação das pessoas por você ser uma moça bonita, delicada e atuar num mundo considerado como “bruto”?
Lyne: Muita gente se surpreende por eu gostar de cavalos, por ser uma área mais masculina e eu ser muito delicada.
Jornal VOZ: Como é esse cuidado com o cavalo?
Lyne: O primeiro contato que a gente tem com o cavalo é na doma, é a parte mais delicada de tudo, porque é aí que o cavalo vai decidir se você é amiga ou inimiga.
Então até o jeito que você chega nele vai dizer lá na frente o que o cavalo será com você.
Jornal VOZ: No curso de Medicina Veterinária você tem se identificado bastante?
Lyne: Tenho! Estou no segundo período ou seja, fiz um anos e são 5 anos de curso.
Jornal VOZ: Nesses 8 anos você perdeu algum animal:
Lyne: Perdi uma égua com cólica, foi a primeira égua que tive, e quase morri junto com essa égua.
Jornal VOZ: E nessa época você já pensava em cursar Medicina Veterinária?
Lyne: Sim. Desde que tive o primeiro contato com os animais, me apaixonei e quis fazer esse curso.
Jornal VOZ: A sua família a apoia nessa escolha?
Lyne: Então… eles não mexem com cavalo, nunca tiveram contato, não gostam, mas apoiam, entendem que eu gosto.
Acredito que isso não vem de família, vem do coração da gente.
Jornal VOZ: No seu facebook você coloca algumas frases de reflexão. A nossa reportagem selecionou duas delas.
Em uma você coloca assim: “Gosto de atitudes porque, palavras e falsas promessas, o vento leva”.
Quando você coloca isso é para transmitir de um modo geral ou é para algumas pessoas?
Lyne: Para algumas pessoas.
Acho que a gente tem que demonstrar maturidade – sou eu mesma, independente de qualquer pessoa.
Jornal VOZ: Como supera as barreiras?
Lyne: A gente cai e a gente tem que levantar.
Assim como a gente monta a gente aprende a cair e levantar também.
Jornal VOZ: Como a música entrou na sua vida?
Lyne: Eu sempre quis tocar viola e tentei aprender quando eu tinha entra 14 a 15 anos e não consegui.
O “homem” olhou para mim, e disse que eu não tinha futuro com a música.
Até que resolvi fazer aula com o Léo e ele me ensinou como um pai. Ele me ensinou super bem e hoje eu toco.
Jornal VOZ: E a sua outra frase no facebook “O mais importante é nunca desistir e tentar”.
Lyne: Como eu falei, não tive uma criação no meio dos cavalos, não tive antes esse contato direto. Então errei muito e muita gente julga quando a gente erra. Mas não vê quando você acerta.
A luta da gente é sempre com a gente mesmo, você não tem que provar nada para ninguém.
Se você cai, você tem que aprender a levantar por você e não pela pessoa que te derrubou.
Jornal VOZ: Quais seu sonhos dentro da sua área- como veterinária, domadora e apresentadora?
Lyne: Pretendo abrir uma clínica e pretendo mexer com reprodução equina. Não quero parar de ter contato direto com os animais. Quero mexer com a doma.
Jornal VOZ: Como você vê as pessoas que agridem os animais?
Lyne: Acho que uma pessoa que não respeita os animais, não respeita ela mesma.
Jornal VOZ: Você considera que a APAP está indo pelo caminho certo?
Lyne: Por ser uma cidade pequena, a gente está no caminho certo.
Jornal VOZ: Qual a sua opinião sobre esses projetos em que estão querendo acabar com rodeios e vaquejadas?
Lyne: Eu sou a favor dos rodeios, primeiro que, quem é defensor dos animais, somos nós que cuidamos, que tratamos e estamos no contato com eles.
A gente sabe que os animais têm acompanhamento veterinário, acompanhamento de zootecnistas, alimentação balanceada, e se eles não estiverem no rodeio, estarão na mesa da gente.
Sou a favor do rodeio, porque ali, eles trabalham 8 segundos e têm tudo.
Jornal VOZ: Suas considerações
Lyne: Quero deixar aqui que, quem me ajudou mesmo nessa história foi a Juliana, porque eu tenho todo o apoio dela, inclusive ela me busca e me leva para a roça todos os dias. Fica aqui a minha gratidão!