MOVIMENTO SEGUINTE NO TABULEIRO DE PEDRA

14 de outubro de 2024 11:22 912

Andando por ruas inéditas, é sempre bom encontrar uma praça! Esses espaços públicos que integram a sociedade e podem ser considerados a alma da cidade dizem muito sobre como nos conectamos. Recém chegado a Perdões, ainda um forasteiro, passeando pela Praça Leopoldo Dias – carinhosamente chamada de Praça dos Aposentados – me deparei com uma mesa de xadrez a qual me proporcionou uma genuína alegria. Era como se aquele simples tabuleiro, feito de pedra, fosse um convite silencioso para continuar uma jornada iniciada há anos.


Vejam bem: o xadrez sempre foi mais do que um mero jogo para mim; é uma paixão, uma fixação, um deleite que vai além da estratégia e da lógica. Constituí um campo onde emoções, personalidade e escolhas se revelam de maneiras sutis. Jogar xadrez é evoluir constantemente, é aprender com cada vitória e, talvez ainda mais, com cada derrota. Então, naquela mesa de praça, sob o olhar curioso dos transeuntes, me vi cercado por pessoas que, o mais das vezes, dizem saber jogar. E logo percebi que para muitos, “saber jogar” significa apenas conhecer o movimento básico das peças.
Para os que realmente entendem o jogo, o xadrez é uma janela para um universo de possibilidades, onde cada movimento reflete decisões complexas e reveladoras, tanto sobre o jogo quanto sobre quem o joga. O estilo de combate de uma pessoa reflete quem ela é. Alguns jogadores são ousados, preferindo ataques rápidos e posições arriscadas, desafiando o adversário a responder na mesma moeda. Tais jogadores vivem de impulso, confiantes em suas habilidades, prontos para arriscar tudo em uma jogada brilhante. Outros, no entanto, são cautelosos, escapolem das complicações táticas, calculando cada movimento com cuidado, preferindo construir lentamente uma defesa impenetrável antes de lançar qualquer ofensiva. Esses são os estrategistas silenciosos que valorizam a paciência e o planejamento a longo prazo.
Existe, ainda, um tipo de jogador que evolui a cada partida, aprendendo tanto com as vitórias quanto com as baixas. Esse sujeito, que pode começar de maneira insegura, com o tempo vai ganhando confiança, brio, aperfeiçoa suas táticas, entendendo melhor as nuances do jogo e, ao mesmo tempo, de si mesmo. É esse processo de evolução que torna o xadrez tão fascinante. Ao menos, para mim.
Na praça, enquanto os vira-latas passam ao redor, os mais velhos conversam e as pessoas circulam, há uma beleza em sentar-se diante daquele tabuleiro, em se perder nos movimentos das peças, em deixar que o jogo revele quem você realmente é. Seja um atacante impetuoso ou um defensor meticuloso, o xadrez, feito a vida, nos desafia a encontrar o equilíbrio entre a coragem de arriscar e a sabedoria de esperar pelo momento certo.
E é ali, naquela praça tranquila de Perdões, que percebo o quanto o xadrez continua a me ensinar. Não se trata apenas de vencer ou perder, mas de compreender que cada movimento executado, tanto no tabuleiro quanto na vida, revela algo mais profundo sobre quem somos e como escolhemos enfrentar os desafios ao longo do caminho.

por Maxmiller Hübner

Compartilhe este artigo