Mudar de Belo Horizonte para Perdões é como redescobrir uma maneira de viver que, na correria urbana da grande metrópole, parecia irremediavelmente perdida. Aqui, por exemplo, os vira-latas não são apenas animais, mas mascotes queridos, com nomes inventados e histórias peculiares. As padarias, inclusive, deixam nas esquinas pedaços de pão de queijo para esses nobres habitantes, que dormem ao largo da avenida principal, namoram as vitrines dos açougues, brigam e brincam.
Em Perdões, as ruas se transformam em um palco vibrante de personagens e figuras: seres que trazem cor e vitalidade ao cotidiano da cidade. Aqui, as interações se revelam tão variadas quanto os próprios munícipes.
Você encontra facilmente contadores de causos, eventos inusitados, gente disposta a animar o dia de qualquer um. Senhoras pródigas em conselhos práticos, homens loucos, crianças levadas. Boa gente! Já coleciono um rol de ilustres favoritos e espero numa próxima oportunidade valorizá-los.
Fico impressionado como os perdoenses se conhecem a fundo, diferentemente da frieza com a qual se diz “oi” a um estranho na capital. Usam um dialeto “mineirês” tão enraizado que, para os recém-chegados, parece um idioma novo a ser decifrado. Expressões feito “vorta”, “como se diz” e “canela” pontuam as conversas, e logo você nota que o português não é apenas um instrumento de comunicação, mas uma forma de ver o mundo.
Rastrear costumes locais é mergulhar em uma cultura riquíssima. É entender que o tempo corre mais devagar, que cada cantinho tem sua história, e que os encontros ao acaso no mercado, na praça ou na venda são momentos preciosos para reforçar os laços que fazem da vida no interior algo especial.
A mudança não é apenas sobre trocar o cenário; envolve adotar um novo estilo de vida. Implica reaprender a valorizar os pequenos prazeres, o convívio comunitário e a tranquilidade que, muitas vezes, ficam perdidos no vuco-vuco da cidade grande. A transição exige ajustes, mas oferece, em troca, uma qualidade de vida que muitos buscam sem saber onde encontrar. Em Perdões é onde se descobre que, às vezes, menos é mais, e que a simplicidade pode ser o caminho para uma vida mais plena e feliz.
*Maxmiller Hübner é um explorador audacioso, navegando entre os mundos da ficção e da realidade com a destreza de um pirata. Com a mente aguçada de engenheiro eletricista e a alma inquieta de um artista incompreendido, ele se dedica a desmontar e remontar o quebra-cabeça do universo. Entre corridas desafiadoras e reflexões filosóficas profundas, Max embarca em uma jornada onde cada obstáculo é uma nova peça do jogo, cada ambição se torna uma meta audaciosa, e cada dia, uma tela em branco pronta para ser transformada.