Dona Maria, com ternura, pega a flor oferecida pela neta. E embalada pelo suave movimento de sua cadeira de balanço, localizada no privilegiado local da varanda, da sua casa de vovó, de onde se via todo o maravilhoso e bem cuidado jardim, viaja em suas memórias.
Lembra de quando fizera dezesseis anos, do dia em que se casara com Joel, seu primeiro e único amor, lembra das palavras de sua mãe, que enquanto, na simplicidade da época a ajudava se vestir o lindo, porém muito simples, vestido branco de noiva.
Dizia com lágrimas a preocupada e orgulhosa mãe em tom muito sério:
_ Não se esqueça Maria, a partir de hoje, você será uma mulher, terá uma casa e um marido para cuidar, você vai ter que ser forte, ser paciente e acima de tudo, terá que ser todo amor, pois em muitos momentos você abdicará de muitas coisas que gosta, para edificar e proteger a sua família. A mãe abraça a filha enquanto dá a última ordem: Vai lá filha, casese, tenha filhos e seja muito feliz! Na lembrança agora vem os primeiros anos de casada, dos momentos felizes junto do seu amado, também dos momentos difíceis, morando em uma simples casinha lá no meio do mato, sem luz e nem água, lembra das muitas latas de água buscada na cabeça enquanto o primeiro filho crescia no ventre, lembra de como teve que ser corajosa ao apoiar seu marido na difícil decisão de se mudar para uma cidade grande, em busca de uma vida melhor para a família. Não foi fácil para a jovem esposa na cidade grande, a casa do meio do mato deu lugar a um barraco de fundo em um bairro de subúrbio, agora a sua nova casa tinha água e luz, porém só ela sabe dos constrangimentos que passou para fugir dos assédios de todo tipo homem, de forma sábia para não despertar a ira do ciúme do seu marido. Como foi difícil se refazer, se desdobrar, se multiplicar a cada nascimento de cada um dos seus cinco filhos, das noites mal dormidas no exercício da sagrada maternidade. Lembra de quando decidiu trabalhar fora para complementar a renda, a fim de contribuir com os estudos dos filhos, de como teve que ser forte para ser uma boa funcionaria sem deixar de ser mãe e esposa no seu lar. Uma jornada árdua que só as mulheres mais fortes conseguem êxito. Lembra de como ajudou o marido, os filhos, as noras, os genros em cada momento difícil que se apresentava. E agora depois de tantos anos, na casa que com muita luta e esmero ajudou a construir, sentada em seu lugar predileto, precisa responder uma pergunta que a sua neta Sofia lhe fez ao entregar uma flor com o pequeno cartão escrito: “Feliz Dia Internacional das Mulheres!” _ O que você disse querida? Perguntou dona Maria à neta após cheirar a rosa ofertada pela pequena.
_ Vovó, o que faz da mulher um ser tão especial? Ela olhou a neta com afeição, suspirou e disse: _ A mulher é o único ser que Deus além de dar a capacidade de ser receptáculo da vida, ainda lhe concedeu a responsabilidade de ser fonte de amor!
“As mulheres aprendem a sentir com mais facilidade do que os homens aprendem a pensar” (Walter Scott)
