Nesse mês – Outubro Rosa -entrevistamos Maria Helena, presidente da Associação de Amparo às Pessoas em Tratamento Oncológico e seus familiares, que ao lado da diretoria tem apoiado pessoas que recebem o diagnóstico.
A entrevista dessa edição é com a atuante Maria Helena de Carvalho Alves, que nasceu em Perdões no dia 1º de maio de 1965. Ela é filha de Randolfo Carvalho e Olga da Silva Carvalho; irmã da Maria Carvalho, Zezinho, Toninho, Melinha, Saulo e Paulo; casada com João Alves Batista desde 26 de junho de 1999; mãe do Randolfo José Carvalho Alves.
Nesse mês – Outubro Rosa – vale destacar que Maria Helena é a presidente da recente Associação de Amparo às Pessoas em Tratamento Oncológico e seus familiares.
Maria Helena estudou o primário na Escola Municipal Padre Pedro Machado, o ensino médio na E.E.João Melo Gomide e depois fez o Magistério na Escola Dulce Oliveira.
Ela foi convidada pelo Sandro, atual secretário da Assistência Social de Perdões para fazer parte do Conselho Municipal do Idoso.
”Temos reuniões, traçamos metas e eu gosto muito dessa área social devido ao exemplo que eu via lá em casa”, afirma Maria Helena.
Ao perguntarmos sobre a dedicação ao seu filho, ela nos respondeu emocionada: ”o Randolfo é uma benção de Deus, desde quando ele nasceu é um filho muito abençoado. Só tenho que agradecer a Deus porque quando eu estava o esperando, o médico falou que ele poderia vir com qualquer problema físico ou mental. E ele veio um menino super inteligente, é um menino esforçado, um presente que Deus nos deu. Fico até emocionada, pois ele tem muito do meu pai. Em homenagem ao meu pai, e ao pai do João, ele se chama Randolfo José.
Jornal VOZ: Podemos notar que você é uma pessoa cristã católica praticante com muita fé. De onde vem essa base?
Maria Helena: Venho de uma família católica e evangélica, porque minha mãe é católica e meu pai era da presbiteriana. Aprendi com meu pai o ecumenismo, o respeito às outras religiões.
Atuei como catequista e a cada dia fui aprofundando mais esse desejo de servir na igreja católica e assim fui para uma congregação religiosa, aí me ingressei na Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, mais conhecida como Congregação da Irmã Benigna e agora também o fundador está no processo de beatificação, Monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro.
Jornal VOZ: Quanto tempo você ficou nessa Congregação?
Maria Helena: Fiquei 9 anos e 6 anos com os votos simples, quando estava para fazer os votos perpétuos, pedi um tempo na Congregação, vim para casa e vi que não era esse o chamado que Deus estava me propondo para águas mais profundas e nesse espaço de tempo conheci o João que é ministro da Eucaristia e foi onde senti mais o chamado para o matrimônio.
Jornal VOZ: O que é servir ao próximo para você?
Maria Helena: Eu passei por um momento muito difícil quando estava na Congregação, sofri um acidente de carro. Esse momento foi um renascimento para mim. Comecei a ver as coisas de outra maneira – quando você está a beira de perder a vida, você vê como Deus é misericordioso. Então essa misericórdia que Deus teve para comigo, quero ter para as pessoas e mostrar a elas que temos um Deus que está acima de nós e nos conduz sempre.
Jornal VOZ: Como surgiu a sua atuação aqui na Capela Dom Bosco?
Maria Helena: É um fato muito interessante – o Sr.Nilson queria alguém para cuidar aqui da Capela e nessa época a gente morava na roça, lá no Monte Alegre. Assim ele foi nos procurar porque sabia que nós iríamos vender o sítio e vir para a cidade. Ele fez uma proposta de venda para nós.
Vendemos o sítio e compramos aqui, a parte de cima da Capela. Começamos as atividades e os atendimentos também, porque na Congregação eu tive um momento muito forte de formação, ou seja, formação psicológica, formação religiosa, formação humana, onde graças a Deus a gente tem condições de ajudar melhor as pessoas nessa caminhada.
Mas como Deus tem os seus desígnios, foi onde surgiu esse chamado – vendo o sofrimento das pessoas, percebi que Deus estava me chamando para abraçar uma causa que é essa Casa de apoio que estamos iniciando.
Jornal VOZ: Você já tem local fixo para essa Casa de apoio?
Maria Helena: Sim, vamos começar em duas salas, um banheiro e uma cozinha do Clube Francisco Alves, ao lado do Sindicato Rural.
A Prefeitura cedeu para nós e tenho que agradecer muito ao Sandro, secretário de Assistência Social, que tem sempre nos apoiado.
Vai ser pintado amanhã(18). Primeiramente vamos acolher as pessoas, fazer um cadastro, depois dentro do Estatuto ter os recursos.
Jornal VOZ: Estamos no mês de Outubro Rosa, e você já tem outras pessoas que se disponibilizaram a ajudá-la nesse projeto?
Maria Helena: Sim, já temos uma diretoria – eu vou estar como presidente, a Belmira – vice-presidente, Agnaldo é o tesoureiro, Maria – 2ªTesoureiro, Antonia Arriel – 1ª Secretária, Elizamar – 2ª Secretária.
E aconteceu um fato interessante – nós começamos com a Dra.Nadir advogada que deu sua contribuição no início, nos orientou qual caminho a seguir, depois o Dr.Danilo advogado também, depois eles não puderam mais seguir devido aos compromissos que eles têm. A gente entende isso.
Um dia fui na Capela e pedi para Jesus: ”Se esse projeto nasceu dos seus pés, firma os nossos pés e providencia uma pessoa que possa caminhar conosco nessa parte jurídica.”
E assim que saí da Capela encontro com a irmã do Dr.José Roberto. E ela sem saber de nada me disse ”o Zé falou que é para você ligar para ele.”
Liguei e ele me falou: ”Maria Helena, quero me colocar à disposição de vocês para caminhar na parte de legalização.”
Porque muitas vezes a pessoa tem os direitos e não sabe.
A gente acompanha muitas pessoas que estão passando por esse tratamento oncológico.
Pedi permissão para a Tuca para citar o seu nome nessa entrevista. Ela passou por um tratamento oncológico, passou pela quimioterapia, radioterapia, fez a cirurgia e venceu o câncer.
O meu esposo também, o João, teve o câncer de próstata, estava tratando como hiperplasia benigna – que é o crescimento da próstata sem tumor. Depois ele não estava entendendo a ‘oscilação’ e pediu uma biopsia, e nessa biopsia constou o câncer. Estava bem no início. Perguntei ao médico se pelo SUS, a gente pagaria. Ele disse que não, mas o SUS ia optar pela radioterapia para ficar mais barato. E Deus na sua providência colocou em nossas mãos o valor de R$4.500 mil para a cirurgia.
Outra pessoa que recebeu o diagnóstico ficou sabendo que a gente fazia oração e veio até nós. Assim todos os dias em que ela ia fazer a quimioterapia em Varginha, ela nos ligava e assim entrávamos em oração e graças a Deus ela também foi curada.
E tem outras pessoas. A gente vê que quando a pessoa recebe o diagnóstico o chão sai dos pés, além da parte psicológica ficar abalada, depois tem que enfrentar as burocracias.
Jornal VOZ: E essa Associação vem para dar esse apoio?
Maria Helena: Sim, e vamos começar com as terapias de grupo com os pacientes e suas famílias. Depois vamos procurar meios de mobilizar a sociedade, a comunidade para podermos arrecadar fundos e dar mais assistência a esses nossos irmãos, que além de sofrerem no psíquico, sofrem no corpo também.
Jornal VOZ: Você tem dados em número de quantas pessoas de Perdões tiveram o diagnóstico confirmado e fazem tratamento?
Maria Helena: Sim, procurei esses dados junto à Prefeitura e destaco que aqui não tenho o número de pessoas que fazem o tratamento com médico particular, mas através do SUS.
O levantamento dos pacientes cadastrados no TFD – Tratamento Fora do Domicílio para tratamento oncológico na listagem de Perdões constam pacientes da cidade que fazem ou fizeram tratamento nos municípios de Pouso Alegre, Campinas, Barretos e a grande maioria é acompanhada pelo Hospital Bom Pastor, na cidade de Varginha.
No total 135 pacientes já foram cadastrados para o tratamento oncológico.
Parte deles, em torno de 30 pacientes estão realizando os procedimentos de radioterapia e quimioterapia atualmente. A maioria, no entanto, já realizaram esses procedimentos e retornam uma vez ao ano para acompanhamento periódico.
Jornal VOZ: Considerações finais
Maria Helena: A gente sabe que é um desafio muito grande esse projeto. Muitas pessoas falaram comigo que tinham vontade de formar uma Associação. É pela graça de Deus que a gente está enfrentando, porque quase todas as pessoas do projeto (exceto o Agnaldo, a Belmira e eu) passaram pelo tratamento ou convivem com pessoas que passaram pelo tratamento oncológico.