Imagino que como eu, todas as pessoas foram marcadas desde a infância com a vivência do natal. Recordo quando íamos com meu pai buscar um galho verde de cipreste, às vezes o mais baixo ou o mais alto, na estrada da Várzea dos Barbosa. De lá passávamos na oficina do Tio Lourival, para em sacolas pegar dois tipos de serragem, a fina para forrar o presépio e a grossa para o caminho de chegada dos santos reis. Entre pedras brancas e britas, de tudo valia a simplicidade e criatividade. As luzes do pisca-pisca então, trouxeram modernidade e luxo para nosso presépio e árvore de natal. A missa à noite, pernil bem assado, presente no pé da cama. Tudo era mágico para comemorar o nascimento de Jesus!
Com maturidade crescia o aprendizado de que, o Messias que chega acolhido entre os pobres, vinha para nos ensinar a viver e amar. Então, era natal! Até as arvores frutíferas faziam a diferença. A alegria e o clima religioso estavam no ar. Aos poucos se notava também, que o natal não era igual para todos. Alguns com mesa rica e carrinho de controle remoto, outros na solidão e muita pobreza.
Mesmo assim, voltando ao foco maior, a chegada do Salvador, o natal não pode jamais perder o seu real sentido. Como que a uma cebola, tirando as “partes que não fazem parte” e não são essenciais, fica a festa do amor. Na mesa farta, ou na mesa que tudo falta, se lembra de Jesus. Ó Menino Jesus, que não escolhe casa nem coração para nascer!
É preciso buscar espiritualidade, celebrar a vida, voltar ao essencial, Emanuel! Deus que visita a terra, arma sua tenda entre os homens! Estar com Jesus é nossa maior alegria e satisfação. De presente, pedimos o amor e a paz! E para não nos acomodarmos, somos também enviados e chamados a amar, a perdoar e a solidarizar. Que mesmo na diversidade de celebrações, isto é, modos distintos de se viver o natal, não nos esqueçamos da grande verdade: Ele está no meio de nós!
Padre Rogério