Reciprocidade

27 de julho de 2020 12:18 960

DOUTRINA ESPÍRITA

O Evangelho Segundo o Espiritismo nos conclama à reflexão sobre o tema “Amar o próximo como a si mesmo”, desdobrando em conceitos elevados a mensagem contida em Mateus, 7:12 – “Fazei aos homens o que gostaríeis que eles vos fizessem, pois é nisso que consistem a lei e os profetas.”
Em nosso modesto entendimento, pensamos que o orgulho e o egoísmo são as grandes chagas que assolam a humanidade e as fontes primárias de todos os males presentes no planeta Terra. Talvez, por isso, Jesus tenha se empenhado tanto em nos dar exemplos de humildade e caridade.
No que se refere ao orgulho, trata-se da imperfeição que, alimentada pelo indivíduo, faz com ele mergulhe na ilusão de que se encontra em posição de superioridade em relação às demais pessoas. Trata-se de desequilíbrio que pode ser potencializado, mas não gerado, pela posição de notoriedade ocupada provisoriamente pelo indivíduo, seja decorrente de uma função de comando, de um cargo público, de uma condição financeira abastada, enfim, de qualquer forma de poder, embora não seja também exclusivo de tais segmentos da sociedade.

Com relação ao egoísmo, revela uma forma de existência em que o indivíduo pensa somente em seu bem estar ou, no máximo, no de seus familiares mais próximos. Ignora, deliberadamente, que toda criação está mergulhada no mesmo fluido e, inevitavelmente, interligada, com repercussões recíprocas. Trata-se de uma negação ao princípio da isonomia, uma violação à igualdade substancial, premissa intimamente ligada à Justiça Divina.

Nesse passo, revelam-se tais entraves como fontes primárias geradoras da maior parte dos comportamentos nefastos que tanto atraso tem provocado à humanidade, como a corrupção, a desonestidade, os crimes de todas as naturezas, o sectarismo religioso, a intolerância, abuso de poder, entre tantos outros. Há que se convir que tudo isso só é gerado porque o indivíduo se considera melhor e mais importante que os outros (o orgulho), bem como por acreditar que somente ele e os seus entes mais próximos têm o direito de gozar dos privilégios ilusórios da vida material (o egoísmo).
Nesse cenário de desequilíbrios de toda ordem, de modo a nos orientar no caminho correto, vem o Mestre Jesus trazer a seguinte mensagem: “Amar o próximo como a si mesmo; fazer pelos outros o que gostaríamos que os outros fizessem por nós”, tudo como expressão sublime da caridade e da humildade.

Nesse toar, Allan Kardec, no item 4, do capítulo em comento, reforça tal orientação, dizendo que “não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, do que tomar, como medida do que devemos fazer aos outros, aquilo que desejamos para nós mesmos.” Aqui, o nobre Codificador, ciente de que a evolução não dá saltos e de que todos os que caminham pelo planeta Terra ainda carregam muitas imperfeições, nos convida a, sempre que a nossa consciência der o sinal de alerta, colocarmo-nos no lugar do outro e nos perguntarmos se gostaríamos de suportar a mesma consequência que queremos impor ao nosso irmão. Se procedermos sempre assim, dificilmente iremos causar prejuízos ou violações aos direitos de nossos semelhantes.

Com efeito, quando todos nós fizermos aos nossos irmãos de jornada somente aquilo que desejamos que nos façam, não haverá mais espaço para o orgulho e o egoísmo, os quais cederão lugar à humildade e à caridade.
Diante desse quadro, é possível antever que, nesse dia, quando predominar a reciprocidade de sentimentos elevados entre todos nós, o nosso planeta será um lugar muito melhor para se viver, sendo certo que o momento atual revela sublime oportunidade para mudanças profundas, de modo que essa visão de mundo passe a prevalecer. Trabalhemos para isso!
Que assim seja e que a Paz suave do Mestre Jesus esteja com todos nós!

por Junior César Souto

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