Partidos se juntam na tentativa de ampliar suas chances na corrida pelo voto
O período pré-eleitoral é tempo de alianças para os partidos políticos. Eles tiveram até sexta-feira para se unir uns aos outros nas chamadas coligações partidárias, na tentativa de ampliar suas chances na corrida pelo voto.
Apesar de o pacto dar a impressão de alinhamento ideológico, nem sempre os partidos coligados falam a mesma língua. Muitas vezes, as siglas se unem só por interesse, segundo cientistas políticos ouvidos por A Tribuna.
Os especialistas são unânimes em dizer que o esquema de alianças vai muito além de concordância em propostas para o bem-estar do povo.
Um dos interesses é somar tempo de propaganda na televisão e no rádio. Como os minutos são definidos conforme o número de deputados na Câmara Federal, a coligação que tiver mais partidos e legendas de peso leva vantagem.
“Ter coligações com base nas conveniências virou uma regra e passou a ser institucionalizada. O fundamento é ter o maior benefício possível”, aponta o especialista em administração pública Alvaro Martim Guedes, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Separados, mas unidos
Esses interesses podem criar situações estranhas, como adversários políticos trabalharem pelo mesmo grupo.
Um caso emblemático ocorreu em 2012, quando Paulo Maluf (PP) fechou apoio ao PT nas eleições municipais de São Paulo. Ele era adversário histórico dos petistas.
É que coligações fortes têm peso político maior, tanto para angariar votos quanto para a disputa no Legislativo, ainda que não façam sentido.
“Na eleição para prefeito, quando se juntam partidos, tem uma repercussão na eleição para vereador. Os votos dados a uma coligação são computados para todos os partidos, aumentando as chances de aquela coligação ter uma bancada de vereadores maior”, cita o cientista político Vitor de Angelo, da Universidade de Vila Velha.
Ele afirma que isso repercute depois das eleições, porque, com mais vereadores, o Executivo garante governabilidade . “A coligação se transforma em coalizão de governo”. Nesse jogo, entra a disputa por cargos em secretarias e departamentos.
O cientista político Rafael Araújo, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, lembra que é importante o eleitor ficar atento a contradições. “Embora haja uma fragilidade na coerência do que está sendo realizado com o que dizia o partido na fundação, é importante ter um sistema de cobrança. O eleitor tem que estar atento, porque, no Brasil, costuma-se valorizar as pessoas e não, os partidos”.
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Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp